|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Projeto eleva gastos da Previdência
Senado aprova textos que eliminam fator previdenciário e elevam aposentadorias
Gasto extra só com extensão do reajuste do mínimo a todos
os pensionistas é estimado em R$ 3,5 bi; medidas ainda terão de passar pela Câmara
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fim de constranger a base
aliada, a oposição ajudou ontem à noite a limpar a pauta do
Senado para votar projetos de
lei que podem aumentar os gastos do governo com aposentadoria e pensões. No entanto, as
medidas -ambas de autoria do
senador governista Paulo Paim
(PT-RS)- terão ainda de ser
apreciadas pela Câmara, onde
deverá haver mudanças.
Em reunião no fim da tarde
de ontem, DEM e PSDB decidiram acabar com a estratégia de
obstrução de votações de medidas provisórias no plenário. A
ação oposicionista pegou os líderes governistas de surpresa,
pois na pauta estavam previstas em seguida votações sobre a
regulamentação da emenda 29
(leia texto em Cotidiano) e de
outros dois projetos que aumentam gastos da Previdência.
O primeiro deles refere-se à
política de valorização do salário mínimo. De autoria do Executivo, a iniciativa prevê que o
mínimo seja reajustado entre
2008 e 2011 pela inflação do
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais o
crescimento real do PIB. Essas
regras são válidas até 2011. Depois disso, o Executivo terá de
apresentar outro projeto com
novas regras até 2023.
Dessa forma, o governo aceitava votar. No entanto, uma
emenda de Paim estendeu os
benefícios para aposentados e
pensionistas, inclusive aqueles
que ganham mais de um salário
mínimo, o que poderá elevar o
gasto anual da Previdência em
R$ 3,5 bilhões. Ontem à noite,
com o apoio da oposição, o projeto alterado acabou aprovado
por votação simbólica.
Também de autoria de Paim,
o segundo projeto aprovado
que pegou a base aliada de surpresa estabelece a extinção do
fator previdenciário, mudando
a forma de cálculo dos benefícios da Previdência. Ainda não
se sabe qual será o impacto da
medida nas contas públicas.
Mecanismo criado no governo FHC, a fórmula do fator previdenciário leva em conta o
tempo de contribuição, a idade
no momento do pedido de aposentadoria e a expectativa de
vida para estimular os segurados a adiarem a aposentadoria.
No caso de aposentadoria pelo
tempo mínimo de contribuição
(30 anos para mulheres e 35 para os homens), o fator funciona
como um redutor do valor do
benefício. Acima do tempo mínimo, poderá aumentar o valor
da aposentadoria.
Sem condições de pedir para
que a base votasse contra as
propostas, só restou ao líder do
governo, Romero Jucá (PMDB-RR), ressaltar que as medidas
deverão ser alteradas nas votações da Câmara. "Isso vai levar
ao achatamento do salário mínimo. Isso gera prejuízo para
quem ganha menos", disse, ao
comentar a extensão da política
de valorização salário mínimo
para os demais aposentados.
Jucá também criticou o projeto que acaba com o fator previdenciário. "Não vejo como
acabar com isso sem criar um
novo instrumento. Só espero
que, ao mexer no fator, mexa-se
também na idade para a aposentadoria."
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: STF autoriza corte de ponto de grevistas Índice
|