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STF autoriza corte de ponto de grevistas
Ministro Gilmar Mendes vê risco de grave lesão à ordem pública na paralisação de auditores fiscais e Advocacia Geral da União
Cabe agora ao Ministério do Planejamento decisão de corte dos dias parados; greve de auditores gera prejuízos milionários
Sergio Lima/Folha Imagem
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Funcionários da Receita fazem manifestação diante do Ministério da Justiça, em Brasília; eles reivindicam salário de R$ 18 mil
JULIANA ROCHA
SILVANA FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O futuro presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal),
ministro Gilmar Mendes, autorizou o corte no ponto de grevistas da Advocacia Geral da
União e da Receita Federal. Ele
concedeu duas liminares anteontem à noite pedidas pela
AGU contra as paralisações de
advogados do próprio órgão e
auditores da Receita.
A autorização de corte salarial vale a partir de agora, segundo o ministro.
"Se com a deflagração de greve ocorre, como regra geral, a
suspensão do contrato de trabalho, não há que cogitar de
prestação de serviço e, portanto, de pagamento de salário",
afirmou Mendes nas duas liminares.
Nos dois casos, segundo ele,
havia risco de grave lesão à ordem pública, levou-se em conta
a decisão do STF que impôs ao
serviço público os limites ao direito de greve previsto para o
setor privado e ponderou-se a
possibilidade de as paralisações
provocarem "efeito multiplicador" sobre outras categorias.
As liminares suspenderam
decisões do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região, sediado
em Porto Alegre, que havia reconhecido a legitimidade das
greves e proibido o governo de
descontar os salários.
Por meio da assessoria, o Ministério do Planejamento informou que "ainda está estudando" se vai cortar o ponto
dos servidores.
A paralisação dos auditores
fiscais começou em 18 de março com a reivindicação de que
os salários sejam equiparados
aos dos delegados da Polícia
Federal, os mais altos do Poder
Executivo. Já os advogados da
União estão em greve desde 17
de janeiro. Eles reivindicam salário inicial de R$ 11 mil e especial de R$ 18 mil. Hoje, iniciam
a carreira com R$ 9.000.
Valorização
"A greve não é apenas por salário. É por dignidade, valorização da carreira, [que significa]
colocar os auditores fiscais no
mais alto salário do Executivo",
disse o presidente do Unafisco
(Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), Pedro Delarue.
O pedido do sindicato é elevar o teto salarial da categoria
de R$ 13.400 mensais para R$
19 mil.
O Unafisco fez ontem uma
manifestação na porta do Ministério da Fazenda para pedir
uma audiência com o ministro
Guido Mantega.
O sindicato não sabia, porém,
que o ministro foi para São
Paulo na véspera, de onde seguiu ontem à noite para Washington. Segundo a Polícia Militar, havia cerca de 800 auditores na manifestação.
O presidente do sindicato foi
recebido pelo secretário da Receita, Jorge Rachid. Segundo
Delarue, o secretário da Receita
respondeu que no governo Lula
houve a maior valorização da
carreira de auditores, mas prometeu encaminhar a proposta
do sindicato ao Planejamento,
responsável pelas negociações
salariais.
A greve dos auditores fiscais
afeta, principalmente, as operações de comércio exterior, os
principais portos e aeroportos
do país. Anteontem, o próprio
Unafisco divulgou uma estimativa de que o prejuízo com a
greve é de R$ 6,4 milhões até
agora, pela restrição nas operações de entrada e saída de mercadorias pelas alfândegas. As
empresas estimam perdas bem
maiores.
O sindicato mantém 30% dos
12 mil auditores fiscais trabalhando, que é o mínimo exigido
pela lei de greve do setor privado, que tem sido aplicada ao setor público.
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