São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Ultra negocia compra da Texaco por US$ 1,6 bilhão

Transação coloca "nova" Ipiranga em 2º na distribuição de combustíveis do país

Norte-americana Chevron vai manter suas fábricas de lubrificantes no país; no segmento, é superada apenas pela Petrobras

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Enquanto Petrobras e Esso não se acertam, um negócio ainda maior no setor de distribuição de combustíveis está próximo a ser concluído: a compra da Texaco pelo grupo Ultra, que já controla a rede da Ipiranga no Sul e no Sudeste do país. Se não houver um retrocesso nas negociações, o valor deve chegar a US$ 1,6 bilhão, apurou a Folha.
A norte-americana Chevron (que se fundiu com a Texaco nos EUA e controla a marca) manterá suas fábricas de lubrificantes no país.
A empresa é vice-líder nesse segmento, disputando a dianteira com a Petrobras.
Se a transação se concretizar, superará a da Petrobras, que negocia a compra dos postos da Esso por US$ 1 bilhão.
Segundo dados do setor, a Texaco detinha cerca de 9% do mercado de distribuição de combustíveis -que movimentou, ao todo, R$ 135 bilhões no ano passado. A participação da Esso era menor: 7%.
A possível transação colocará a "nova" Ipiranga, controlada pelo Ultra, na vice-liderança folgada do setor, com participação em torno de 22%, bem à frente de Shell (cerca de 15%), terceira colocada. Atualmente, a Ipiranga (Ultra) controla 12,9% do mercado.
Procurado, o grupo Ultra disse estar sempre atento a oportunidades -sem, porém, confirmar ou negar entendimentos com a Chevron/Texaco.
A Petrobras, por meio da BR Distribuidora, tinha 34,7% do mercado antes de ficar com parte da rede da Ipiranga. Com a aquisição, passou a 39%. Se comprar a Esso, vai a 46%.
Tal nível de concentração é preocupante, segundo executivos do setor que preferem não se identificar. Em alguns mercados importantes do Norte e do Nordeste, a estatal terá mais de 50% de participação.
O presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, ressaltou ontem, porém, que a companhia terá menos de 50% do mercado, mesmo após uma eventual aquisição da Esso. Indagado sobre a concentração de mercado, afirmou: "Isso é o Cade que tem de julgar" (leia texto ao lado).
O executivo disse acreditar que o órgão de defesa da concorrência analisará cada município e determinará a venda de postos nos quais a participação de mercado supere os 50%. Foi assim que agiu no caso da aquisição da Liquigás, comprada da italiana ENI em 2004.
Dutra não falou, porém, sobre a evolução das negociações com norte-americana Exxon Mobil, controladora da Esso Brasileira de Petróleo.
Atualmente, o mercado de distribuição já é bastante concentrado: as 10 empresas associadas ao Sindicom, as maiores do setor, controlam 81% do volume total de vendas de combustíveis no país. O peso dos postos sem bandeira tem caído nos últimos anos.

Casamento perfeito
Alguns detalhes importantes do negócio ainda estão em discussão entre Ultra e Chevron/ Texaco. Mas executivos do setor dizem que a rede da Texaco era tudo o que o Ultra precisava: tem base de distribuição e postos no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste e um ótimo relacionamento com os revendedores -o que seria um ponto fraco da Esso. Na partilha da Ipiranga com a Petrobras, os ativos nessas regiões ficaram com a Petrobras.
Trata-se de um casamento perfeito, avaliam. Metade das vendas da Ipiranga no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste são sem contrato.
O grupo Ultra poderá correr atrás desses clientes, pois passará a ter bases de distribuição nesses locais após a nova aquisição e manteve todo o corpo gerencial da antiga Ipiranga e contará ainda com o da Texaco.


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