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Ultra negocia compra da Texaco por US$ 1,6 bilhão
Transação coloca "nova" Ipiranga em 2º na distribuição de combustíveis do país
Norte-americana Chevron vai manter suas fábricas de lubrificantes no país; no segmento, é superada apenas pela Petrobras
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Enquanto Petrobras e Esso
não se acertam, um negócio
ainda maior no setor de distribuição de combustíveis está
próximo a ser concluído: a
compra da Texaco pelo grupo
Ultra, que já controla a rede da
Ipiranga no Sul e no Sudeste do
país. Se não houver um retrocesso nas negociações, o valor
deve chegar a US$ 1,6 bilhão,
apurou a Folha.
A norte-americana Chevron
(que se fundiu com a Texaco
nos EUA e controla a marca)
manterá suas fábricas de lubrificantes no país.
A empresa é vice-líder nesse
segmento, disputando a dianteira com a Petrobras.
Se a transação se concretizar,
superará a da Petrobras, que
negocia a compra dos postos da
Esso por US$ 1 bilhão.
Segundo dados do setor, a
Texaco detinha cerca de 9% do
mercado de distribuição de
combustíveis -que movimentou, ao todo, R$ 135 bilhões no
ano passado. A participação da
Esso era menor: 7%.
A possível transação colocará a "nova" Ipiranga, controlada pelo Ultra, na vice-liderança
folgada do setor, com participação em torno de 22%, bem à
frente de Shell (cerca de 15%),
terceira colocada. Atualmente,
a Ipiranga (Ultra) controla
12,9% do mercado.
Procurado, o grupo Ultra disse estar sempre atento a oportunidades -sem, porém, confirmar ou negar entendimentos com a Chevron/Texaco.
A Petrobras, por meio da BR
Distribuidora, tinha 34,7% do
mercado antes de ficar com
parte da rede da Ipiranga. Com
a aquisição, passou a 39%. Se
comprar a Esso, vai a 46%.
Tal nível de concentração é
preocupante, segundo executivos do setor que preferem não
se identificar. Em alguns mercados importantes do Norte e
do Nordeste, a estatal terá mais
de 50% de participação.
O presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra,
ressaltou ontem, porém, que a
companhia terá menos de 50%
do mercado, mesmo após uma
eventual aquisição da Esso. Indagado sobre a concentração
de mercado, afirmou: "Isso é o
Cade que tem de julgar" (leia
texto ao lado).
O executivo disse acreditar
que o órgão de defesa da concorrência analisará cada município e determinará a venda de
postos nos quais a participação
de mercado supere os 50%. Foi
assim que agiu no caso da aquisição da Liquigás, comprada da
italiana ENI em 2004.
Dutra não falou, porém, sobre a evolução das negociações
com norte-americana Exxon
Mobil, controladora da Esso
Brasileira de Petróleo.
Atualmente, o mercado de
distribuição já é bastante concentrado: as 10 empresas associadas ao Sindicom, as maiores
do setor, controlam 81% do volume total de vendas de combustíveis no país. O peso dos
postos sem bandeira tem caído
nos últimos anos.
Casamento perfeito
Alguns detalhes importantes
do negócio ainda estão em discussão entre Ultra e Chevron/
Texaco. Mas executivos do setor dizem que a rede da Texaco
era tudo o que o Ultra precisava: tem base de distribuição e
postos no Norte, no Nordeste e
no Centro-Oeste e um ótimo
relacionamento com os revendedores -o que seria um ponto
fraco da Esso. Na partilha da
Ipiranga com a Petrobras, os
ativos nessas regiões ficaram
com a Petrobras.
Trata-se de um casamento
perfeito, avaliam. Metade das
vendas da Ipiranga no Norte,
no Nordeste e no Centro-Oeste
são sem contrato.
O grupo Ultra poderá correr
atrás desses clientes, pois passará a ter bases de distribuição
nesses locais após a nova aquisição e manteve todo o corpo
gerencial da antiga Ipiranga e
contará ainda com o da Texaco.
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