São Paulo, sexta, 10 de abril de 1998

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Banqueiros vêem Citigroup como sinal de mudanças

de Tóquio

Banqueiros japoneses dizem estar vendo a fusão entre o grupo Travelers e o Citicorp (Citigroup) como um aviso para que acelerem o processo de modernização de suas instituições.
"Fiquei chocado no dia em que soube", disse Satoru Kishi, diretor da federação dos bancos japoneses e presidente do Banco Tokyo-Mitsubishi.
"Não podemos ficar parados", afirmou Kishi, por meio de sua assessoria.
Ele não mencionou, no entanto, a possibilidade de fusões entre as grandes instituições financeiras japonesas como forma de defesa do mercado local.
Os bancos japoneses sofrem uma grave crise financeira e também uma consequente falta de credibilidade.
Durante a década de 80, os dez maiores bancos do mundo eram japoneses.
A supremacia parecia ter se fortalecido ainda mais com a gigantesca fusão, em 1996, do Banco de Tóquio com o Banco Mitsubishi.
Desta operação, nasceu então a maior instituição financeira do mundo, o Banco Tokyo-Mitsubishi, dirigido por Kishi, com ativos estimados atualmente em US$ 647 bilhões.
Mas a situação mudou. E muito.
Pelos dados dos balanços de 1997, apenas duas instituições japonesas -Banco Tokyo-Mitsubishi e o Sumitomo- estavam entre as cinco maiores do mundo.
Com a virtual criação do Citigroup, o Tokyo-Mitsubishi perde a supremacia como a maior instituição em ativos.
Além disso, ele começa a enfrentar, em seu próprio mercado doméstico, uma competição acirrada.
Com as denúncias de escândalos no mercado financeiro e com a falência de instituições financeiras japonesas, o Citibank dobrou seu volume de captação de depósitos no Japão no passado e vem conseguindo reduzir, cada vez mais, a desconfiança que os japoneses têm em relação às instituições estrangeiras.
Com a criação do Citigroup, o Citibank poderia aumentar o número de produtos oferecidos aos japoneses.
Um deles, por exemplo, seria o aceso aos fundos mútuos administrados pela Salomon Smith Barney, do grupo Travelers.
Isso se daria a partir de novembro, quando começa a vigorar uma lei autorizando o investimento japonês em fundos como os da Salomon.
Investidores ouvidos pela Folha disseram que os grandes bancos japoneses tendem a perder mercado, mas é pouco provável que se fundam.
Segundo eles, as fusões programadas para o mercado japonês envolvem os bancos de investimento, e não de varejo.
Os bancos de investimento foram os mais afetados pela crise financeira asiática, pois haviam investido fortemente nos setores imobiliário e mobiliário (ações) em países que tiveram suas economias abaladas como a Malásia e a Tailândia. (MA)



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