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MERCADO ANIMADO
Investidores inflam papéis brasileiros em busca de juros altos, mas já consideram ter ido longe demais
Mercado já desconfia de euforia emergente
DA REDAÇÃO
Um movimento global de caça
a aplicações de elevada rentabilidade abriu as portas do mercado
internacional para o Brasil, que
paga juros muito superiores aos
dos países desenvolvidos. Mas administradores de grandes fundos
de investimentos já começam a
alertar que a euforia tenha ido
longe demais -e talvez já seja o
momento de uma pausa.
"Houve uma corrida e tanto em
um curto espaço de tempo, e não
seria surpresa se houvesse uma
pausa para recuperarmos o fôlego", disse Todd Henry, especialista de carteiras de investimentos
em mercados emergentes da T.
Rowe Price International.
Dados da consultoria EmergingPortfolio.com Fund Research
demonstram que o fluxo de capital para os papéis emergentes já
chega a US$ 1,556 bilhão somente
neste ano, mais do que o dobro do
total registrado em 2002.
Nos quatro primeiros meses do
ano, de acordo com dados da consultoria norte-americana Lipper,
os fundos de investimentos de papéis latino-americanos renderam
em média 14,6%. Foi o melhor retorno registrado, entre 35 tipos de
fundos pesquisados. Carteiras
com ações dos EUA renderam
4%, enquanto fundos com papéis
de empresas globais tiveram ganho médio inferior a 1%.
A América Latina tem se beneficiado da estagnação econômica
nas principais economias do planeta e das preocupações quanto
as efeitos da Sars (síndrome respiratória aguda grave) nas economias asiáticas. Os baixo juros pagos nos EUA, cujos títulos oferecem os menores retornos em quatro décadas, fazem investidores
com mais apetite procurar aplicações de maior rentabilidade, ainda que de risco também maior.
Mas, com os expressivos ganhos
conquistados, especialmente no
Brasil, analistas consideram que
já não existe espaço para valorizações significativas. Os C-Bonds,
principais papéis brasileiros negociados no exterior, chegaram a
ser negociados a menos da metade de seu valor de face no ano passado, e ontem bateram novo recorde histórico (US$ 0,91).
"Pode-se argumentar que em
setembro do ano passado o ágio
(risco-país) era excessivo. Mas
parece que o pêndulo se moveu
para além do que seria o valor justo, porque, no momento, estamos
lidando com preços que indicariam condições quase perfeitas",
disse Colin Lundgren, da American Express Asset Management.
"Comprar um produto de alto retorno simplesmente porque todo
o mundo está comprando com
certeza me dá certo nervosismo."
No ano passado, houve uma
aguda seca de crédito motivada
pelos escândalos e concordatas
envolvendo algumas das maiores
companhias dos EUA.
Os latino-americanos tiveram a
torneira ainda mais seca por causa da moratória argentina e do receio da vitória de Lula. Muito se
falava que o Brasil iria quebrar, o
financiamento externo evaporou,
e o dólar chegou perto de R$ 4.
O novo governo conquistou
credibilidade externa, a aversão
ao risco arrefeceu e as torneiras
voltaram a se abrir ao país. Prova
disso foi a bem-sucedida emissão
de US$ 1 bilhão em títulos da República, a primeira em um ano.
Os juros nos EUA e na Europa
devem seguir baixos por mais algum tempo, como indicaram as
autoridades monetárias nesta semana, o que continuará favorecendo o fluxo de capital especulativo para emergentes. Ainda assim, analistas consideram que os
fundamentos macroeconômicos
de alguns países já não justificam
os preços de seus papéis.
Com agências internacionais
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