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MERCADO ANIMADO
País recebe recursos em fundos de ações
Brasil atrai mais dinheiro que o México
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Analistas apontam que os investidores continuarão a colocar seu
dinheiro na América Latina.
Os mercados emergentes, opinam, seguirão como a melhor alternativa diante do fraco desempenho das principais economias
do mundo e da baixa rentabilidade obtida nesses países.
"A história que eu conheço
mostra o seguinte: quando você
tem ciclos de juros e baixa rentabilidade no Norte, o dinheiro em
geral vai para o Sul", diz Arturo
Porzecanski, diretor de estratégia
para mercados emergentes do
banco ABN Amro.
Argumentação semelhante é
usada pelo estrategista de títulos
do banco Merrill Lynch, Felipe
Illanes. "Antes de ocorrer uma inversão desse fluxo, é preciso uma
razão pela qual ele pararia. Para
isso, você tem que ir à razão do
fluxo: um mundo que não mostra
histórias de crescimento, Bolsas
não muito atraentes, títulos com
baixa rentabilidade, especialmente nos EUA", diz. "Certamente as
condições para inverter esse cenário não estão claras para acontecer no curto prazo."
A opinião é compartilhada por
Brad Durham, diretor do EmergingPortfolio, um instituto de
pesquisa e análise de fundos de
investimento. "A América Latina
ainda tem um longo caminho para andar em termos de exposição
dos fundos", opina.
Levantamento feito pelo EmergingPortfolio com 91 fundos de
ações globais destinados a mercados emergentes (que totalizam
um volume de US$ 34 bilhões)
mostra que o Brasil atraiu mais
dinheiro em abril do que o México, a primeira vez que isso acontece desde março 2001.
Pelos números da empresa, o
Brasil ficou com 8,8% do total investido, contra 8,2% para o México, que, com uma economia umbilicalmente ligada à americana,
tem perdido espaço. Entre todos
os países emergentes, o país só
perde agora para Coréia do Sul,
Taiwan e África do Sul.
A análise indica ainda que a
América Latina tem ganho espaço
da Ásia na divisão do bolo, embora ainda esteja longe de alcançá-la
(51% do dinheiro vai para países
asiáticos e 19% para latinos). A
Rússia, da mesma forma, vem se
mostrando menos atrativa e está,
hoje, com 5,6% do total dos investimentos monitorados pela
EmergingPortfolio.
Recuperação
Para os analistas, o fluxo para a
América Latina deverá continuar,
apesar de alguns países já se aproximarem dos níveis que apresentavam há algum tempo.
"Atribui-se muita importância
à história da recuperação da
América Latina. Se os mercados
emergentes estivessem crescendo
por causa deles mesmos, eu tenderia a pensar assim", diz Illanes,
do Merrill Lynch.
Embora diga não esperar "um
impacto tão rápido", ele admite
que os investimentos podem,
com o tempo, ultrapassar os níveis adequados para a América
Latina. "Se continuar por um longo período, é um risco."
Durham, do EmergingPortfolio, opina que a fase de excesso
ainda não chegou. "Vai ser sentido aos poucos, mas não acho que
estejamos no estágio de uma bolha. A deterioração da América
Latina ocorreu durante tantos
meses que estava muito barato.
Uma recuperação é inevitável",
afirma.
"Esse fluxo é normal, já tinha sido assim em 2001. Não ficou evidente por causa da tragédia da Argentina", diz Porzecanski, do
ABN Amro. "Não é uma situação
em que estejamos perfurando tetos históricos. Está se recuperando o que tinha sido perdido no
passado", afirma.
"Vai continuar a ir bem, vamos
continuar a ver muito capital indo
para a América Latina, a rentabilidade sendo muito atrativa", diz
Walter Molano, chefe de análise
da BCP Securities.
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