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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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MERCADO ANIMADO

País recebe recursos em fundos de ações

Brasil atrai mais dinheiro que o México

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Analistas apontam que os investidores continuarão a colocar seu dinheiro na América Latina.
Os mercados emergentes, opinam, seguirão como a melhor alternativa diante do fraco desempenho das principais economias do mundo e da baixa rentabilidade obtida nesses países.
"A história que eu conheço mostra o seguinte: quando você tem ciclos de juros e baixa rentabilidade no Norte, o dinheiro em geral vai para o Sul", diz Arturo Porzecanski, diretor de estratégia para mercados emergentes do banco ABN Amro.
Argumentação semelhante é usada pelo estrategista de títulos do banco Merrill Lynch, Felipe Illanes. "Antes de ocorrer uma inversão desse fluxo, é preciso uma razão pela qual ele pararia. Para isso, você tem que ir à razão do fluxo: um mundo que não mostra histórias de crescimento, Bolsas não muito atraentes, títulos com baixa rentabilidade, especialmente nos EUA", diz. "Certamente as condições para inverter esse cenário não estão claras para acontecer no curto prazo."
A opinião é compartilhada por Brad Durham, diretor do EmergingPortfolio, um instituto de pesquisa e análise de fundos de investimento. "A América Latina ainda tem um longo caminho para andar em termos de exposição dos fundos", opina.
Levantamento feito pelo EmergingPortfolio com 91 fundos de ações globais destinados a mercados emergentes (que totalizam um volume de US$ 34 bilhões) mostra que o Brasil atraiu mais dinheiro em abril do que o México, a primeira vez que isso acontece desde março 2001.
Pelos números da empresa, o Brasil ficou com 8,8% do total investido, contra 8,2% para o México, que, com uma economia umbilicalmente ligada à americana, tem perdido espaço. Entre todos os países emergentes, o país só perde agora para Coréia do Sul, Taiwan e África do Sul.
A análise indica ainda que a América Latina tem ganho espaço da Ásia na divisão do bolo, embora ainda esteja longe de alcançá-la (51% do dinheiro vai para países asiáticos e 19% para latinos). A Rússia, da mesma forma, vem se mostrando menos atrativa e está, hoje, com 5,6% do total dos investimentos monitorados pela EmergingPortfolio.

Recuperação
Para os analistas, o fluxo para a América Latina deverá continuar, apesar de alguns países já se aproximarem dos níveis que apresentavam há algum tempo.
"Atribui-se muita importância à história da recuperação da América Latina. Se os mercados emergentes estivessem crescendo por causa deles mesmos, eu tenderia a pensar assim", diz Illanes, do Merrill Lynch.
Embora diga não esperar "um impacto tão rápido", ele admite que os investimentos podem, com o tempo, ultrapassar os níveis adequados para a América Latina. "Se continuar por um longo período, é um risco."
Durham, do EmergingPortfolio, opina que a fase de excesso ainda não chegou. "Vai ser sentido aos poucos, mas não acho que estejamos no estágio de uma bolha. A deterioração da América Latina ocorreu durante tantos meses que estava muito barato. Uma recuperação é inevitável", afirma.
"Esse fluxo é normal, já tinha sido assim em 2001. Não ficou evidente por causa da tragédia da Argentina", diz Porzecanski, do ABN Amro. "Não é uma situação em que estejamos perfurando tetos históricos. Está se recuperando o que tinha sido perdido no passado", afirma.
"Vai continuar a ir bem, vamos continuar a ver muito capital indo para a América Latina, a rentabilidade sendo muito atrativa", diz Walter Molano, chefe de análise da BCP Securities.


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