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FREADA
Queda é a maior em 10 meses
Produção da indústria recua 3,4%, diz IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Embalada pela alta dos juros, a
retração do consumo doméstico
já repercute com força na indústria: o setor produziu 3,4% menos
em março do que em fevereiro,
excluídos os efeitos sazonais -típicos de cada período. É a maior
queda desde maio de 2002, quando registrara 5,3%, informou o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o instituto, parte da queda
se explica pelo fato de o Carnaval
ter sido em março neste ano. Em
2002, havia caído em fevereiro,
como é de costume. Por isso, mesmo a taxa dessazonalizada não
consegue excluir o efeito.
O chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Silvio Sales, afirmou que o efeito calendário só fez
intensificar o movimento de retração. Se não tivesse ocorrido,
diz, o indicador cairia do mesmo
modo, só que em nível um pouco
menor.
Todos os ramos que conduziram à retração -como automóveis, eletrodomésticos e farmacêutica- abastecem prioritariamente o mercado interno. Por esse motivo, a fabricação de bens de
consumo duráveis, tipicamente
consumidos no próprio país, caiu
20,2% em março ante fevereiro.
Trata-se da mais expressiva queda desde março de 1992 (23,98%).
A produção industrial só não
caiu ainda mais em março porque
os três pilares que vinham sustentando o nível de atividade se mantiveram firmes. São eles: exportações, petróleo e agroindústria.
Assim como nos últimos meses,
os setores cujas vendas são mais
voltadas ao mercado externo registraram os melhores desempenhos em março.
São exemplos desse movimento
as indústrias siderúrgica, mecânica, extrativa mineral (petróleo e
ferro) e química.
Demanda fraca
Vendas em queda, produção
em queda. A redução de 25,6%
apontada pelo IBGE no desempenho de eletrodomésticos em março deste ano reflete as vendas de
eletroeletrônicos no primeiro trimestre do ano. Elas foram 14,27%
menores em relação ao mesmo
período de 2002, segundo Paulo
Saab, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos Eletroeletrônicos).
A demanda do setor vem sendo
reprimida, diz ele, por fatores como desemprego, queda de renda,
juros altos e ausência de crédito.
A Philco, por exemplo, paralisou a produção por duas semanas
em março -redução de 30% no
mês- para se "adequar à realidade do mercado", como explicou o
vice-presidente da empresa,
Cláudio Vito.
"A principal retração está acontecendo nas vendas dos televisores, principalmente os aparelhos
de 14 a 20 polegadas, responsáveis
por cerca de 80% das vendas",
afirma Valéria Camarero, diretora de marketing da LG.
Colaborou Maeli Prado,
da Reportagem Local
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