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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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FREADA

Queda é a maior em 10 meses

Produção da indústria recua 3,4%, diz IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Embalada pela alta dos juros, a retração do consumo doméstico já repercute com força na indústria: o setor produziu 3,4% menos em março do que em fevereiro, excluídos os efeitos sazonais -típicos de cada período. É a maior queda desde maio de 2002, quando registrara 5,3%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o instituto, parte da queda se explica pelo fato de o Carnaval ter sido em março neste ano. Em 2002, havia caído em fevereiro, como é de costume. Por isso, mesmo a taxa dessazonalizada não consegue excluir o efeito.
O chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Silvio Sales, afirmou que o efeito calendário só fez intensificar o movimento de retração. Se não tivesse ocorrido, diz, o indicador cairia do mesmo modo, só que em nível um pouco menor.
Todos os ramos que conduziram à retração -como automóveis, eletrodomésticos e farmacêutica- abastecem prioritariamente o mercado interno. Por esse motivo, a fabricação de bens de consumo duráveis, tipicamente consumidos no próprio país, caiu 20,2% em março ante fevereiro. Trata-se da mais expressiva queda desde março de 1992 (23,98%).
A produção industrial só não caiu ainda mais em março porque os três pilares que vinham sustentando o nível de atividade se mantiveram firmes. São eles: exportações, petróleo e agroindústria.
Assim como nos últimos meses, os setores cujas vendas são mais voltadas ao mercado externo registraram os melhores desempenhos em março.
São exemplos desse movimento as indústrias siderúrgica, mecânica, extrativa mineral (petróleo e ferro) e química.

Demanda fraca
Vendas em queda, produção em queda. A redução de 25,6% apontada pelo IBGE no desempenho de eletrodomésticos em março deste ano reflete as vendas de eletroeletrônicos no primeiro trimestre do ano. Elas foram 14,27% menores em relação ao mesmo período de 2002, segundo Paulo Saab, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos).
A demanda do setor vem sendo reprimida, diz ele, por fatores como desemprego, queda de renda, juros altos e ausência de crédito.
A Philco, por exemplo, paralisou a produção por duas semanas em março -redução de 30% no mês- para se "adequar à realidade do mercado", como explicou o vice-presidente da empresa, Cláudio Vito.
"A principal retração está acontecendo nas vendas dos televisores, principalmente os aparelhos de 14 a 20 polegadas, responsáveis por cerca de 80% das vendas", afirma Valéria Camarero, diretora de marketing da LG.


Colaborou Maeli Prado, da Reportagem Local


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