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INFRA-ESTRUTURA
Clientes querem investimento em trilhos
Governo terá de priorizar malha ou novos trens na Brasil Ferrovias
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Colocar a Nova Brasil Ferrovias
nos trilhos vai exigir do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) muito
jogo de cintura. Os clientes da empresa, na maioria produtores de
grãos de Mato Grosso, querem
prioridade nos investimentos em
trilhos e extensão da malha. Os
sócios majoritários, governo e
fundos de pensão, estão preocupados também em comprar vagões e locomotivas.
"Essa ferrovia só vai ser realmente viabilizada na hora em que
chegar à cidade de Rondonópolis", disse à Folha o secretário de
Infra-Estrutura de Mato Grosso,
Luiz Antônio Pagot. "É lá que ela
se tornaria competitiva para disputar com os caminhões o transporte de açúcar, álcool, proteínas
e fibras, além dos grãos."
De acordo com o presidente da
Brasil Ferrovias, Elias Nigri, a
compra de vagões e locomotivas
não concorre com os investimentos nas estradas de ferro. "Tudo é
prioridade e será feito conforme
planejado", disse ele. Questionado sobre o modelo de contrato,
Nigri afirmou que seriam fechados por meio de licitações.
O problema é que o cobertor de
recursos é curto para cobrir tantos investimentos. Antevendo o
fato de que algum interesse será
contrariado, Pagot decidiu negociar com os gestores da Nova Brasil Ferrovias. Os produtores mato-grossenses estariam dispostos
a comprar vagões -como, aliás,
vem fazendo- desde que o governo permita que banquem também a extensão da linha.
No traçado atual, a Nova Brasil
Ferrovias vai de Santos (SP) a Alto
Araguaia (MT), próxima à fronteira com Goiás. A intenção dos
produtores -Bunge, Cargill,
Grupo Amaggi e outros- é chegar à região sudeste de Mato
Grosso. Isso facilitaria e baratearia o embarque para agricultores.
Na última sexta-feira, ao oficializar a decisão do governo de participar da operação de salvamento da antiga Brasil Ferrovias, o
presidente do BNDES, Guido
Mantega, anunciou que a empresa vai investir R$ 2,5 bilhões em
trilhos, locomotivas e vagões.
O valor é mais que o dobro do
que governo e fundos de pensão
gastarão para reestruturar a Brasil
Ferrovias -R$ 1,1 bilhão, entre
dinheiro novo e abatimento de dívidas. Ao todo, a companhia tem
dívidas estimadas em cerca de R$
1,6 bilhão.
De olho nos contratos, os fabricantes de vagões já começaram a
mexer os pauzinhos. O líder desse
mercado é a Maxion Ioschpe.
"Não temos nada acertado ainda,
mas claro que vamos brigar", afirmou o empresário Ivoncy Ioschpe à Folha, pouco depois de ter sido elogiado pelo presidente da
República, durante a cerimônia
da última sexta-feira.
Na cola de Ioschpe, estão outros
produtores: Usimec, braço da
Usiminas que cuida do negócio, e
o consórcio Metalmec. Baseado
no Espírito Santo, ele conta com
sócios capixabas, japoneses e chineses. Na página eletrônica da
empresa, a Brasil Ferrovias já até
aparece como cliente.
Quem dá uma olhada na intenção de compra da ferrovia entende o motivo da animação no mercado. De acordo com o plano de
reestruturação, informado por
um técnico da Brasil Ferrovias, ao
todo serão adquiridos 6.026 vagões até 2009. A maior parte está
concentrada em 2006, quando a
empresa pretende adquirir 1.789
vagões.
Quanto às locomotivas, o apetite também é grande. Em um prazo de cinco anos, a intenção é a de
que a frota ganhe 290 unidades de
reforço. O ano que vem também é
o mais vigoroso para a compra.
Em 2006, a intenção é comprar
126 locomotivas. O mais provável
é que sejam importadas dos Estados Unidos.
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