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INTERNET
Relatório diz que empresa não receberá mais recursos
Com prejuízo de US$ 928 milhões, Aola planeja encerrar atividades
DA REPORTAGEM LOCAL
A Aola (América Online Latin
America) prepara-se para fechar
as portas. À procura de um comprador há pelo menos um ano, a
empresa só tem recursos para
manter os serviços até setembro.
Os atuais sócios não estão dispostos a injetar mais recursos na operação, que, desde 1998, acumula
prejuízos de US$ 928 milhões.
No final de março, a Aola divulgou seu relatório anual de 2004,
documento de 68 páginas mais
anexos que relata os percalços do
provedor de acesso à internet no
mercado latino-americano. O documento mostra que os executivos da empresa duvidam de que
ela possa se recuperar ou encontrar um comprador para todos ou
para parte de seus ativos.
"Nós esperamos continuar a incorrer em perdas adicionais, e não
será possível manter as operações
indefinidamente. A publicidade a
respeito de nossa condição financeira, incluindo a possibilidade de
que encerremos as operações, pode afetar negativamente nossas
receitas, número de clientes e fluxo de caixa", diz o relatório.
Fundada no final de 1998, a Aola
tem entre seus sócios o maior
provedor de acesso à internet dos
EUA, a AOL, que, no auge do que
primeiro se chamou de "nova
economia" e depois de "bolha de
internet" se fundiu com a Time
Warner, em janeiro de 2000. Com
o negócio, estimado US$ 129 bilhões, surgiu a AOL Time Warner, "a maior empresa de entretenimento e internet do mundo".
O casamento não foi tão bem e,
em meio à crise do mercado de
publicidade e à queda de receitas,
os executivos da nova empresa resolveram fazer mudanças. A mais
visível: a companhia abandonou
o termo AOL, voltou a se chamar
Time Warner e passou a adotar,
na Bolsa, o símbolo pelo qual era
negociada antes, "TWX".
Para entrar no mercado latino-americano, o conglomerado optou por criar uma nova empresa.
Em sociedade com o megaempresário venezuelano Gustavo Cisneros, a AOL criou a America Online Latin America. A AOL tinha
cerca de 20 milhões de usuários
em 15 países, e o Grupo Cisneros,
conglomerado de empresas de
comunicação, entretenimento,
tecnologia e produtos de consumo, estava presente em 80 países.
A Aola abriu o capital em agosto
de 2000, com a ação valendo cerca
de US$ 8. Chegou a valer US$ 1,2
bilhão -empresas brasileiras como a Suzano e as Lojas Americanas têm valor de mercado parecido. Na sexta-feira, as ações da Aola eram cotadas a US$ 0,17, o que
corresponde a um valor de mercado de US$ 22 milhões.
As ações devem sair da Nasdaq,
Bolsa que reúne ações de empresas de tecnologia, que exige valor
mínimo para o papel para que
uma empresa continue listada. Se
até o final de maio o papel não for
negociado, por pelo menos dez
dias, ao preço mínimo de US$ 1, a
empresa terá que sair da Bolsa.
A chance de obter novos recursos, por enquanto, parece não
existir. Segundo o relatório, os
atuais sócios, entre eles o Banco
Itaú, não aportarão recursos. E a
empresa não tentará levantá-los
no mercado financeiro, opção
que seria "fútil, baseando-se na
experiência passada", diz o documento. Outros 699 investidores
têm hoje ações que não valem nada, avaliam os executivos.
As projeções são de que a receita, que caiu quase 20% em 2004,
continue diminuindo. "Devido à
falta de recursos para investir em
propaganda, nós acreditamos que
nosso número de assinantes continuará caindo." No caso brasileiro, mercado que representa 35%
das receitas, o faturamento ficou
em US$ 18,4 milhões no ano passado, queda de 27% ante 2003.
Contatados pelo Folha, a AOLB
(América Online Brasil), subsidiária brasileira da Aola, e o Itaú
não quiseram se pronunciar.
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