São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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INTERNET

Relatório diz que empresa não receberá mais recursos

Com prejuízo de US$ 928 milhões, Aola planeja encerrar atividades

DA REPORTAGEM LOCAL

A Aola (América Online Latin America) prepara-se para fechar as portas. À procura de um comprador há pelo menos um ano, a empresa só tem recursos para manter os serviços até setembro. Os atuais sócios não estão dispostos a injetar mais recursos na operação, que, desde 1998, acumula prejuízos de US$ 928 milhões.
No final de março, a Aola divulgou seu relatório anual de 2004, documento de 68 páginas mais anexos que relata os percalços do provedor de acesso à internet no mercado latino-americano. O documento mostra que os executivos da empresa duvidam de que ela possa se recuperar ou encontrar um comprador para todos ou para parte de seus ativos.
"Nós esperamos continuar a incorrer em perdas adicionais, e não será possível manter as operações indefinidamente. A publicidade a respeito de nossa condição financeira, incluindo a possibilidade de que encerremos as operações, pode afetar negativamente nossas receitas, número de clientes e fluxo de caixa", diz o relatório.
Fundada no final de 1998, a Aola tem entre seus sócios o maior provedor de acesso à internet dos EUA, a AOL, que, no auge do que primeiro se chamou de "nova economia" e depois de "bolha de internet" se fundiu com a Time Warner, em janeiro de 2000. Com o negócio, estimado US$ 129 bilhões, surgiu a AOL Time Warner, "a maior empresa de entretenimento e internet do mundo".
O casamento não foi tão bem e, em meio à crise do mercado de publicidade e à queda de receitas, os executivos da nova empresa resolveram fazer mudanças. A mais visível: a companhia abandonou o termo AOL, voltou a se chamar Time Warner e passou a adotar, na Bolsa, o símbolo pelo qual era negociada antes, "TWX".
Para entrar no mercado latino-americano, o conglomerado optou por criar uma nova empresa. Em sociedade com o megaempresário venezuelano Gustavo Cisneros, a AOL criou a America Online Latin America. A AOL tinha cerca de 20 milhões de usuários em 15 países, e o Grupo Cisneros, conglomerado de empresas de comunicação, entretenimento, tecnologia e produtos de consumo, estava presente em 80 países.
A Aola abriu o capital em agosto de 2000, com a ação valendo cerca de US$ 8. Chegou a valer US$ 1,2 bilhão -empresas brasileiras como a Suzano e as Lojas Americanas têm valor de mercado parecido. Na sexta-feira, as ações da Aola eram cotadas a US$ 0,17, o que corresponde a um valor de mercado de US$ 22 milhões.
As ações devem sair da Nasdaq, Bolsa que reúne ações de empresas de tecnologia, que exige valor mínimo para o papel para que uma empresa continue listada. Se até o final de maio o papel não for negociado, por pelo menos dez dias, ao preço mínimo de US$ 1, a empresa terá que sair da Bolsa.
A chance de obter novos recursos, por enquanto, parece não existir. Segundo o relatório, os atuais sócios, entre eles o Banco Itaú, não aportarão recursos. E a empresa não tentará levantá-los no mercado financeiro, opção que seria "fútil, baseando-se na experiência passada", diz o documento. Outros 699 investidores têm hoje ações que não valem nada, avaliam os executivos.
As projeções são de que a receita, que caiu quase 20% em 2004, continue diminuindo. "Devido à falta de recursos para investir em propaganda, nós acreditamos que nosso número de assinantes continuará caindo." No caso brasileiro, mercado que representa 35% das receitas, o faturamento ficou em US$ 18,4 milhões no ano passado, queda de 27% ante 2003.
Contatados pelo Folha, a AOLB (América Online Brasil), subsidiária brasileira da Aola, e o Itaú não quiseram se pronunciar.


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