São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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AVIAÇÃO

Nova administração da aérea, que tem David Zylbersztajn no comando, discute reestruturação hoje com José Alencar

Nova direção da Varig leva plano ao governo

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

A nova administração da Varig, escolhida neste fim de semana pela Fundação Ruben Berta, que controla a empresa, tem encontro hoje com o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, para apresentar o plano de reestruturação da empresa.
A proposta, segundo David Zylbersztajn, presidente do conselho de administração da Varig, envolve redução de custos, aumento de receita e a transferência do controle acionário para um novo grupo empresarial ou para um pool de investidores.
Zylbersztajn disse que a empresa não vai pedir socorro financeiro ao governo, mas apenas apoio institucional ao plano de reestruturação que será apresentado. "Não queremos uma injeção de capital para a Varig continuar como está", afirmou.
Segundo ele, a Varig precisa de um fôlego de pelo menos dois meses para preparar a reestruturação, e o governo é um dos interessados na solução. O poder público -Receita Federal, Previdência Social, Banco do Brasil, Infraero e BR Distribuidora- é o maior credor da empresa, com 63% dos créditos.
Embora mantenha 82,23% de participação no mercado brasileiro de transporte internacional, a companhia vem perdendo rapidamente sua participação nas linhas domésticas. Dados de abril, divulgados na sexta-feira pelo DAC (Departamento de Aviação Civil), mostram que, no cenário doméstico, após perder a liderança para a TAM, a Varig também foi ultrapassada pela Gol.

Novo presidente
O novo conselho de administração da companhia decidiu substituir Carlos Luiz Martins, que presidia a Varig, por Henrique Sutton de Sousa Neves, 50, ex-presidente da companhia telefônica Brasil Telecom. É o sexto presidente em apenas cinco anos. A alta rotatividade no comando tem sido um dos fatores de instabilidade da empresa, admitiu Zylbersztajn.
Outro fator tem sido a resistência do conselho curador da Fundação Ruben Berta em abrir mão do controle acionário da empresa. Desta vez, segundo Zylbersztajn, a entidade se comprometeu a não interferir nas decisões da administração e deu autonomia aos conselheiros para negociar a transferência do controle.
Segundo o executivo, o primeira passo para tirar a empresa da crise é fazer as pessoas realmente acreditarem que a Fundação Ruben Berta delegou poderes ao conselho de administração para negociar a reestruturação e que não irá interferir nas decisões.
O novo conselho passou o dia preparando-se para o encontro com o vice-presidente José Alencar, indicado pelo presidente Lula para ser o interlocutor do governo com a empresa. Participarão do encontro quatro membros do conselho de administração e o novo presidente, Henrique Neves.
Embora tenha acenado com o corte de despesas, Zylbersztajn disse que não há decisão sobre corte de pessoal. O grupo Varig possui, no total, 16 mil empregados. O passivo a descoberto da companhia é de R$ 6,4 bilhões, segundo o balanço financeiro de 2004, ou de R$ 9,4 bilhões, conforme estudo feito pelo Unibanco.
Zylbersztajn disse que o valor do passivo varia em razão de contingências de débito e de crédito. Ele lembrou que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu dar ganho de causa à empresa em uma ação de R$ 2,5 bilhões, que correspondem a R$ 4 bilhões em valores corrigidos.
Zylbersztajn foi presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo) no governo de Fernando Henrique Cardoso, de quem era genro. Outro ex-executivo de governo anterior, Eleazar de Carvalho Filho, que presidiu o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também faz parte do novo conselho de administração.
Na vice-presidência do conselho está o ex-presidente da Shell Omar Carneiro da Cunha, que também é sócio do fast food Bob's. Os demais conselheiros indicados são o embaixador Marcos Azambuja, o tenente-brigadeiro do ar Sérgio Ferolla e Sérgio Almeida Bruni. Permanecem no conselho Gesner Oliveira e Harro Fouquet, único diretamente ligado à Fundação Ruben Berta.


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