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AVIAÇÃO
Nova administração da aérea, que tem David Zylbersztajn no comando, discute reestruturação hoje com José Alencar
Nova direção da Varig leva plano ao governo
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A nova administração da Varig,
escolhida neste fim de semana pela Fundação Ruben Berta, que
controla a empresa, tem encontro
hoje com o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José
Alencar, para apresentar o plano
de reestruturação da empresa.
A proposta, segundo David
Zylbersztajn, presidente do conselho de administração da Varig,
envolve redução de custos, aumento de receita e a transferência
do controle acionário para um
novo grupo empresarial ou para
um pool de investidores.
Zylbersztajn disse que a empresa não vai pedir socorro financeiro ao governo, mas apenas apoio
institucional ao plano de reestruturação que será apresentado.
"Não queremos uma injeção de
capital para a Varig continuar como está", afirmou.
Segundo ele, a Varig precisa de
um fôlego de pelo menos dois
meses para preparar a reestruturação, e o governo é um dos interessados na solução. O poder público -Receita Federal, Previdência Social, Banco do Brasil, Infraero e BR Distribuidora- é o
maior credor da empresa, com
63% dos créditos.
Embora mantenha 82,23% de
participação no mercado brasileiro de transporte internacional, a
companhia vem perdendo rapidamente sua participação nas linhas domésticas. Dados de abril,
divulgados na sexta-feira pelo
DAC (Departamento de Aviação
Civil), mostram que, no cenário
doméstico, após perder a liderança para a TAM, a Varig também
foi ultrapassada pela Gol.
Novo presidente
O novo conselho de administração da companhia decidiu substituir Carlos Luiz Martins, que presidia a Varig, por Henrique Sutton de Sousa Neves, 50, ex-presidente da companhia telefônica
Brasil Telecom. É o sexto presidente em apenas cinco anos. A alta rotatividade no comando tem
sido um dos fatores de instabilidade da empresa, admitiu
Zylbersztajn.
Outro fator tem sido a resistência do conselho curador da Fundação Ruben Berta em abrir mão
do controle acionário da empresa.
Desta vez, segundo Zylbersztajn,
a entidade se comprometeu a não
interferir nas decisões da administração e deu autonomia aos
conselheiros para negociar a
transferência do controle.
Segundo o executivo, o primeira passo para tirar a empresa da
crise é fazer as pessoas realmente
acreditarem que a Fundação Ruben Berta delegou poderes ao
conselho de administração para
negociar a reestruturação e que
não irá interferir nas decisões.
O novo conselho passou o dia
preparando-se para o encontro
com o vice-presidente José Alencar, indicado pelo presidente Lula
para ser o interlocutor do governo
com a empresa. Participarão do
encontro quatro membros do
conselho de administração e o novo presidente, Henrique Neves.
Embora tenha acenado com o
corte de despesas, Zylbersztajn
disse que não há decisão sobre
corte de pessoal. O grupo Varig
possui, no total, 16 mil empregados. O passivo a descoberto da
companhia é de R$ 6,4 bilhões, segundo o balanço financeiro de
2004, ou de R$ 9,4 bilhões, conforme estudo feito pelo Unibanco.
Zylbersztajn disse que o valor
do passivo varia em razão de contingências de débito e de crédito.
Ele lembrou que o STJ (Superior
Tribunal de Justiça) decidiu dar
ganho de causa à empresa em
uma ação de R$ 2,5 bilhões, que
correspondem a R$ 4 bilhões em
valores corrigidos.
Zylbersztajn foi presidente da
ANP (Agência Nacional do Petróleo) no governo de Fernando
Henrique Cardoso, de quem era
genro. Outro ex-executivo de governo anterior, Eleazar de Carvalho Filho, que presidiu o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também faz parte do novo conselho
de administração.
Na vice-presidência do conselho está o ex-presidente da Shell
Omar Carneiro da Cunha, que
também é sócio do fast food
Bob's. Os demais conselheiros indicados são o embaixador Marcos
Azambuja, o tenente-brigadeiro
do ar Sérgio Ferolla e Sérgio Almeida Bruni. Permanecem no
conselho Gesner Oliveira e Harro
Fouquet, único diretamente ligado à Fundação Ruben Berta.
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