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CRISE NO AR
Credores adotam proposta que prevê 2 possibilidades de divisão a serem escolhidas pelo mercado; banco financia US$ 100 mi
Varig aprova cisão com o apoio do BNDES
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Os credores da Varig aprovaram ontem em assembléia uma
proposta unificada da empresa e
dos funcionários representados
pelo TGV (Trabalhadores do
Grupo Varig) de leilão de uma
parte da empresa dentro de um
prazo estimado em, no mínimo,
60 dias.
A proposta contou com a aprovação das três classes de credores,
que incluem funcionários, empresas de leasing e empresas estatais. E conta com apoio de US$
100 milhões do BNDES.
Serão dois modelos distintos de
venda de ativos da Varig. Na prática, quem vai definir o futuro da
empresa é o mercado, por meio
das ofertas a serem apresentadas
em leilão.
O primeiro modelo prevê a venda da chamada Varig Operações,
a parcela da companhia que reúne seus principais ativos, como
rotas domésticas e internacionais.
O lance mínimo inicial é estimado
em US$ 860 milhões. Nesse modelo, as dívidas da empresa, estimadas em R$ 7 bilhões, seriam
alocadas na Varig Relacionamento, uma parcela voltada para a
venda de passagens, promoção de
ações de marketing e de relacionamento com o cliente, que continuaria em recuperação judicial.
Os credores da companhia aérea
participam da administração dessa fatia da Varig por meio de um
fundo de investimento e participações, que tem como gestor o
banco Brascan.
O segundo modelo de venda
oferece a Varig Regional ou Varig
Doméstica aos investidores. Essa
parcela é livre de dívidas e tem
lance inicial estimado em US$ 700
milhões. Nesse caso, a Varig Internacional, que fica com a dívida,
seguiria em recuperação judicial.
O aspecto preponderante do leilão é o valor da oferta. Se uma das
ofertas para a Varig Doméstica
for superior às realizadas para a
Varig Operacional, vende-se a fatia nacional da companhia.
BNDES
Para sobreviver até a data do leilão, que deve ocorrer em no mínimo 60 dias, a Varig vai receber um
financiamento de US$ 100 milhões. Os recursos virão do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas não serão liberados diretamente à companhia aérea.
Segundo Marcelo Gomes, diretor da Alvarez & Marsal (contratada para conduzir o processo de
reestruturação), o banco vai convocar as empresas interessadas
em receber o financiamento, que
será repassado para a Varig.
Se a empresa que assumiu o financiamento não vencer o leilão,
terá direito a uma remuneração
de 200% do CDI (Certificado de
Depósito Interbancário). O
BNDES deverá financiar até 50%
da operação de compra de uma
das parcelas da Varig.
O presidente da Varig, Marcelo
Bottini, afirmou que a decisão da
assembléia marca uma nova etapa para a companhia. "A Varig
por muito tempo foi conhecida
por ter correntes distintas, vários
grupos advogando a sua solução.
Tivemos uma proposta única
aprovada em assembléia, e isso é
um marco", disse. A apresentação
dessa proposta única resultou de
uma longa negociação entre o
TGV e a administração da Varig,
representada pela consultoria Alvarez & Marsal.
Desde o início, os funcionários
representados pelo TGV foram
contrários à cisão da empresa em
operações domésticas e internacionais. Afirmam que a companhia com vôos para o exterior não
teria condições de sobreviver sem
uma "alimentadora", uma empresa que operasse os trechos domésticos. "Temos preocupação
com a hipótese de vingar a venda
da unidade produtiva regional. É
preciso ter muito cuidado no fechamento dos contratos para não
prejudicar a viabilidade da Varig
Internacional", disse Bottini.
Segundo Marcelo Gomes, as relações entre as duas fatias da Varig serão regidas por acordos operacionais. "Haverá um acordo
operacional que prevê tanto code-share [compartilhamento de
vôos] como fretamento. O investidor que adquirir a Varig Doméstica fica ligado como um alimentador da Internacional", disse.
A oferta do consultor Jayme
Toscano, de US$ 1,9 bilhão, também foi apresentada, mas não teve votos válidos entre empresas
de leasing e estatais porque não
demonstrava a origem dos recursos. Toscano chegou a ser questionado formalmente por um dos
credores: "Quem é o senhor? De
onde vem o dinheiro?" Mas não
teve resposta.
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