São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2006

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Indicados são desconhecidos e militares

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA

A Petrobras Bolívia divulgou ontem um duro comunicado em relação à nomeação, feita na véspera pelo governo boliviano, de quatro diretores e um síndico para as duas refinarias nacionalizadas pelo decreto do dia 1º de maio. Na nota, a empresa brasileira afirma que, para que a medida seja implantada, "há uma série de procedimentos e formalidades legais e societárias que devem ser cumpridas previamente, de acordo com a Constituição e as leis da República".
Esses procedimentos, diz a nota, incluem a negociação sobre os termos, a formalização da transferência do controle acionário das refinarias à YPFB (estatal petroleira boliviana) e até a reforma da Lei das Privatizações do país.
Anteontem, YPFB anunciou, em La Paz, os nomes de 20 diretores e dez síndicos para as cinco empresas que, pelo decreto de nacionalização, passarão a ter o controle acionário do Estado. A lista chamou a atenção por ser formada praticamente por desconhecidos e pela presença de quatro oficiais das Forças Armadas.
"É gente jovem ou de idade média, não muito conhecida na indústria petroleira, com a exceção de José Luiz Roca, que é um historiador muito conhecido", disse à Folha o analista Carlos Miranda, tido como um dos principais especialistas em energia da Bolívia e ex-superintendente de Hidrocarbonetos.
Um dos diretores nomeados para as refinaras, Santiago Sologuren, é dirigente da organização radical de esquerda Movimento Cívico Pátria e Soberania. Na coletiva, anteontem, disse que trabalharia de graça.
Em 2004, ele co-assinou o manifesto "Expulsemos as petroleiras", no qual se lê: "Transmitamos a essas multinacionais que seu procedimento provocou lesões muito profundas na Bolívia e, se não neste ano, será no próximo ou no seguinte... mas serão expulsas destas terras".


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