São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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Petrobras só venderá refinarias "inteiras"

Não houve acordo entre a estatal e o governo boliviano, que sondou a possibilidade de comprar apenas 80% das unidades

Petrobras diz que não quer continuar no negócio como minoritária; estatal pede US$ 112 mi, mas oferta é de US$ 60 mi a US$ 70 mi


DA SUCURSAL DO RIO

Depois de uma reunião de mais cinco horas, a Petrobras e o governo boliviano não chegaram ontem, em La Paz, a uma decisão sobre a venda das duas refinarias da estatal brasileira.
O presidente boliviano, Evo Morales, disse ontem a noite em Cochabamba que há "vários pontos em comum" nas negociações e que poderia voltar a qualquer momento para La Paz para tomar uma "decisão definitiva". Segundo ele, a primeira proposta da Petrobras foi de US$ 153 milhões pelas refinarias, depois de US$ 135 milhões e que agora "reduziu bastante", mas não deu valores.
Conforme a Folha antecipou ontem, o governo boliviano confirmou que a última proposta da Petrobras foi de US$ 112 milhões pelas duas refinarias, preço bem acima do Morales tem dito que estaria disposto a pagar -entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões Segundo a Petrobras, representantes da empresa detalharam a proposta de venda das refinarias às autoridades bolivianas. Nada ficou acertado até as 14h de ontem, quando a reunião foi encerrada. A expectativa é concluir a negociação na manhã de hoje.
A Folha apurou que os bolivianos sondaram sobre a possibilidade de comprar apenas 80% das refinarias, mas a Petrobras diz que não quer continuar no negócio como sócia minoritária -e só aceita vender integralmente as duas unidades.
Estiveram reunidos em La Paz o presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas, e outros executivos da empresa, e o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, acompanhado de técnicos da estatal YPFB.
Desde que o governo boliviano promulgou, no último domingo, o decreto que transfere o monopólio da exportação de petróleo à estatal YPFB, a Petrobras, com o respaldo do Palácio do Planalto, endureceu nas negociações, fixando um prazo para a conclusão do negócio, do contrário recorrerá à arbitragem internacional. Essa disposição foi reafirmada na reunião de ontem.
Segundo a estatal Agência Boliviana de Informação, Villegas disse que antes do prazo previsto de 48 horas (que vence às 10h30 de hoje) "será dada uma resposta definitiva sobre a compra das refinarias".
Há a expectativa de que a Bolívia evite levar o caso a uma corte de arbitragem internacional, solução prevista no contrato de compra das refinarias em caso de mudança das regras do setor de petróleo.
Anteontem, diante da dura reação brasileira, Morales disse que acreditava no "diálogo" e em uma solução sem a necessidade de recursos judiciais.
Na manhã de ontem, o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) elogiou os pronunciamentos de Morales e do vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, que adotaram, segundo o ministro, tom "absolutamente pacificador". (PEDRO SOARES)

Colaboraram FABIANO MAISONNAVE, de Caracas, e a Folha Online, em Brasília


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