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Petrobras só venderá refinarias "inteiras"
Não houve acordo entre a estatal e o governo boliviano, que sondou a possibilidade de comprar apenas 80% das unidades
Petrobras diz que não quer continuar no negócio como minoritária; estatal pede
US$ 112 mi, mas oferta é de US$ 60 mi a US$ 70 mi
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de uma reunião de
mais cinco horas, a Petrobras e
o governo boliviano não chegaram ontem, em La Paz, a uma
decisão sobre a venda das duas
refinarias da estatal brasileira.
O presidente boliviano, Evo
Morales, disse ontem a noite
em Cochabamba que há "vários
pontos em comum" nas negociações e que poderia voltar a
qualquer momento para La Paz
para tomar uma "decisão definitiva". Segundo ele, a primeira
proposta da Petrobras foi de
US$ 153 milhões pelas refinarias, depois de US$ 135 milhões
e que agora "reduziu bastante",
mas não deu valores.
Conforme a Folha antecipou
ontem, o governo boliviano
confirmou que a última proposta da Petrobras foi de US$
112 milhões pelas duas refinarias, preço bem acima do Morales tem dito que estaria disposto a pagar -entre US$ 60
milhões e US$ 70 milhões
Segundo a Petrobras, representantes da empresa detalharam a proposta de venda das
refinarias às autoridades bolivianas. Nada ficou acertado até
as 14h de ontem, quando a reunião foi encerrada. A expectativa é concluir a negociação na
manhã de hoje.
A Folha apurou que os bolivianos sondaram sobre a possibilidade de comprar apenas
80% das refinarias, mas a Petrobras diz que não quer continuar no negócio como sócia
minoritária -e só aceita vender integralmente as duas unidades.
Estiveram reunidos em La
Paz o presidente da Petrobras
Bolívia, José Fernando de Freitas, e outros executivos da empresa, e o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos
Villegas, acompanhado de técnicos da estatal YPFB.
Desde que o governo boliviano promulgou, no último domingo, o decreto que transfere
o monopólio da exportação de
petróleo à estatal YPFB, a Petrobras, com o respaldo do Palácio do Planalto, endureceu
nas negociações, fixando um
prazo para a conclusão do negócio, do contrário recorrerá à
arbitragem internacional. Essa
disposição foi reafirmada na
reunião de ontem.
Segundo a estatal Agência
Boliviana de Informação, Villegas disse que antes do prazo
previsto de 48 horas (que vence
às 10h30 de hoje) "será dada
uma resposta definitiva sobre a
compra das refinarias".
Há a expectativa de que a Bolívia evite levar o caso a uma
corte de arbitragem internacional, solução prevista no contrato de compra das refinarias
em caso de mudança das regras
do setor de petróleo.
Anteontem, diante da dura
reação brasileira, Morales disse
que acreditava no "diálogo" e
em uma solução sem a necessidade de recursos judiciais.
Na manhã de ontem, o ministro Silas Rondeau (Minas e
Energia) elogiou os pronunciamentos de Morales e do vice-presidente boliviano, Álvaro
Garcia Linera, que adotaram,
segundo o ministro, tom "absolutamente pacificador".
(PEDRO SOARES)
Colaboraram FABIANO MAISONNAVE, de Caracas, e a Folha Online, em Brasília
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