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É hora de cautela na Bolsa, dizem analistas
Apesar da queda de 6,9% na última semana, especialistas recomendam calma e enxergam oportunidades na Bovespa
Diversificar investimentos
também é importante para
reduzir perdas; títulos
públicos e CDBs são boas
opções neste momento
MARIANA SCHREIBER
DA REPORTAGEM LOCAL
A lentidão das autoridades
europeias em socorrer a combalida Grécia derrubou as Bolsas mundiais na última semana
-a Bovespa caiu 6,9%. Além
disso, o aparente erro de um
operador americano na quinta-feira levou uma dose extra de
instabilidade aos mercados.
Apesar do cenário estressante, analistas de mercado recomendam calma aos investidores. Sair correndo da Bolsa é a
pior opção, pois significa "embolsar" as perdas. E, dependendo do estômago do aplicador,
pode até valer a pena aumentar
a exposição em ações.
Gilberto Braga, economista e
professor de finanças do Ibmec-RJ, aconselha que o investidor estabeleça um prazo para
suas aplicações.
Segundo ele, quem pretendia
ficar com as ações por mais
tempo deve manter esse objetivo e, caso tenha recursos, pode
comprar mais papéis.
"Com isso, é possível reduzir
o custo médio da aplicação, já
que o ativo ficou mais barato.
Não acredito que haverá uma
repetição das fortes perdas de
2008, pois as autoridades devem agir antes que o cenário se
agrave ainda mais", avalia.
O economista-chefe da corretora Ágora, Álvaro Bandeira,
lembra que é nos momentos de
forte depreciação que surgem
as oportunidades com maior
rentabilidade. No entanto o
economista aconselha o investidor a definir um limite para
suas perdas, o que no jargão do
mercado chama-se "stop loss".
"Quem quiser aproveitar o
momento para adquirir papéis
de empresas de primeira linha
(de boa reputação, grande porte e com ações de maior liquidez) que estejam baratos deve
comprar aos poucos, gradualmente, acompanhando o de-
senrolar das notícias."
Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB,
também considera o momento
propício para entrar na Bolsa.
Mas alerta que o ano promete
muita volatilidade.
"Ninguém pode comprar
ações e dormir. Há um custo de
monitoramento, e o investidor
deve estar ciente do risco. A Bovespa não terá uma rota única
neste ano", avisa Padovani.
Defesa
O economista Fausto Gouveia, da Legan Asset Management, enxerga um risco maior
no mercado atualmente.
Para ele, quem está posicionado em ações de primeira linha pode ser mais paciente. Já
quem aplicou em papéis especulativos deveria sair para ativos defensivos, como ações do
setor de energia, que pagam
bons dividendos, ou ouro.
Gouveia não recomenda
ações do setor de commodities,
que podem recuar caso a crise
europeia retarde a recuperação
global. Ele vê potencial mais seguro de valorização em papéis
ligados à demanda doméstica,
como varejo, bancos, empresas
de cartão de crédito e construtoras de imóveis populares.
"O investidor deve escolher
ativos que tenham liquidez,
pois são mais fáceis de vender
em momentos de desconfiança", diz Gouveia.
Os quatro analistas orientam
o investidor a diversificar suas
aplicações, mesclando renda fixa e variável.
Gouveia considera o Tesouro
Direto uma boa opção para
compra de títulos públicos pós-fixados, tendo em vista a tendência de elevação dos juros no
curto prazo. Na mesma linha,
Braga sugere os fundos pós-fixados atrelados à taxa DI.
Com a expansão do crédito,
também está em alta a remuneração dos CDBs -papéis que
bancos vendem para se capitalizar. O economista da Legan
lembra que títulos de grandes
bancos são mais seguros.
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