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AVANÇO FISCAL
Receitas totais subiram de 35,52% para 35,68% do PIB no 1º ano do governo petista; fisco vê "estabilidade"
Carga tributária cresce no 1º ano sob Lula
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A carga tributária, ou o total dos
impostos, contribuições e taxas
arrecadados pelo setor público
em um ano, teve pequena alta entre 2002 e 2003 nas três esferas de
governo. A alta -de 35,52% para
35,68% do PIB (Produto Interno
Bruto)- é a sétima consecutiva.
A carga dos tributos federais
também aumentou: passou de
24,84% em 2002 para 24,86% do
PIB em 2003.
Segundo a Receita, no entanto,
essa variação ficou "dentro da
margem de erro". Para o governo,
os números indicam estabilidade,
e não elevação dos tributos pagos.
Convertidos em reais, os valores
são de R$ 540,541 bilhões em 2003
e de R$ 478,057 bilhões em 2002.
"Em 2003, tivemos uma reversão
da tendência de aumento da carga
porque houve estabilidade", analisou o coordenador-geral de Política Tributária da Receita Federal, Márcio Verdi.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), que não quis comentar os números ontem, havia
se comprometido a não elevar a
carga em 2003.
"Não temos como escrever no
texto [da reforma tributária]: Não
haverá aumento de carga. Mas temos o compromisso de manter a
carga atual", disse Palocci em
maio. No início de 2003, Palocci
disse que havia espaço para a redução de mais de dois pontos percentuais na carga tributária federal porque, no ano anterior, o governo havia recebido "receitas atípicas" significativas resultantes de
pagamentos de impostos em atraso pelos fundos de pensão -no
caso, Imposto de Renda. Foram
R$ 18,486 bilhões de receitas extras em 2002 contra apenas R$
7,887 bilhões em 2003.
Para o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, o mais importante não é verificar a simples
evolução da carga tributária, mas
sim se houve mudanças de regras
no período para reduzir ou aumentar a tributação. Ele costuma
falar que, se todo mundo resolve
pagar imposto em atraso, a carga
tributária sobe sem que o governo
tenha alterado as regras.
Receitas extraordinárias
Ao descontar as receitas atípicas, a carga tributária no governo
federal passa de 23,46% em 2002
para 24,33% em 2003, uma variação de 0,87 ponto percentual.
Verdi lembrou que o governo elevou em 166,7% a tributação da
Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido para as prestadores de
serviços e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) dos bancos de
3% para 4% (mais 33,3%).
Além disso, a mudança nas regras do PIS (Programa de Integração Social), que passou a incidir
de forma não-cumulativa (mas a
alíquota subiu de 0,65% para
1,65%), fez com que a contribuição arrecadasse R$ 14,636 bilhões
no ano passado, quase R$ 3,5 bilhões a mais do que em 2002. Verdi não considera essa última variação um aumento de carga, mas
uma "correção de distorções".
Para Verdi, a maior contribuição para o aumento da carga
aconteceu na esfera estadual, que
passou de 9,18% para 9,29% do
PIB. Os municípios tiveram acréscimo de 0,03 ponto percentual,
chegando a 1,53%.
O coordenador exibiu gráficos
que mostram que a variação da
carga total no último ano, de 0,16
ponto percentual, ficou bem abaixo da média dos últimos anos,
que é de 1,45 ponto percentual. A
variação de 2003 é a segunda menor desde 1997.
Verdi também ressaltou que o
percentual da carga varia com as
revisões do PIB. Com a revisão do
PIB de 2002 que aconteceu no ano
passado, por exemplo, a carga de
2002 caiu de 35,86% para 35,52%.
Portanto o percentual atual para
2003 ainda poderá ser alterado
posteriormente.
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