São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Juiz adia decisão sobre falência da Varig

Boeing ganha nos EUA direito de retomar 7 aviões da empresa, que espera que Justiça mantenha proteção contra arresto

Magistrado diz que decidirá na 2ª sobre oferta de empregados e pode fazer "leilão informal" entre TAM, Gol, OceanAir e Céu Azul


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

MAELI PRADO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Um dia depois do fracasso do leilão de venda de parte da Varig, a situação da companhia aérea se agravou ainda mais ontem. O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, responsável pelo processo de recuperação da companhia, decidiu adiar para segunda-feira a decisão sobre a validade da única oferta apresentada - pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), que reúne associações de pilotos, comissários e mecânicos de vôo da empresa aérea.
Já a fabricante de aviões Boeing conseguiu na Justiça americana o direito de retomar sete aeronaves a partir da próxima terça-feira. A frota da Varig é composta por 60 aviões, dos quais 46 estão em operação. Com a decisão, o número de aviões em operação pode cair para 39.
A Varig disse que não vai recorrer da decisão porque está "tranqüila" com a audiência marcada também para a próxima terça-feira em Nova York, quando o juiz Robert Drain decide se estende o prazo da liminar que protege os aviões da empresa aérea de arresto. A Varig destacou ainda que espera receber até terça-feira um adiantamento de US$ 75 milhões do eventual vencedor do leilão. Procurada, a Boeing não se pronunciou.
O juiz Ayoub intimou o consórcio NV Participações, do TGV, a esclarecer até às 14h de segunda-feira os principais pontos da proposta, como a origem dos recursos e o nome dos investidores interessados em financiar parte da compra. O TGV apresentou proposta de R$ 1,010 bilhão, mas apenas R$ 285 milhões seriam pagos em moeda corrente. O restante viria de créditos trabalhistas e de debêntures da nova empresa.
Marcelo Gomes, da consultoria Alvarez & Marsal, que atua como reestruturadora da Varig, defendeu uma análise isenta da proposta. "Não é porque são os trabalhadores que vamos ter preconceito. Eles têm US$ 100 milhões a receber e que temos de pagar este ano. Isso não é moeda podre, é "cash" puro", disse Gomes.
Apesar de o leilão já ter sido realizado, ontem um novo investidor apresentou proposta: a Multilong Corporation, nome fantasia da Multilong Assessoria e Consultoria, do empresário brasileiro Michael Breslow.
A proposta, no entanto, foi recebida com descrença por pedir que a Justiça obrigue o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a financiá-la.

Leilão informal
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, se a proposta do TGV for recusada, existem outras hipóteses além da falência. Uma delas é a realização de um "leilão informal" em que as demais empresas que se credenciaram no leilão da Varig (TAM, Gol, OceanAir e Céu Azul, representado pelo escritório Ulhôa Canto, Rezende e Guerra) poderiam apresentar novas propostas. Nenhuma delas apresentou ofertas quando tiveram a oportunidade.


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