São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Lucro dos bancos aumenta 61,5% no 1º tri

Resultado somado das 103 instituições do país chega a R$ 10,2 bi, impulsionado por procedimento contábil no balanço do BB

Aumento da carteira de crédito e tarifas melhoram desempenho; ganho se concentra nas quatro maiores instituições


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos que atuam no país lucraram R$ 10,221 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 61,5% em relação ao resultado apurado no mesmo período de 2005. O ganho recorde de R$ 2,343 bilhões obtido pelo Banco do Brasil foi o fator que mais influenciou na lucratividade.
Os números são de levantamento feito pelo BC a partir dos balanços das 103 instituições financeiras que operam no país. Não foram incluídos bancos de investimento e de desenvolvimento, como o BNDES.
No caso do BB, especificamente, os ganhos foram impulsionados por um procedimento contábil que inflou o resultado em R$ 1,9 bilhão. O valor se refere a créditos tributários que foram utilizados pelo banco no primeiro trimestre deste ano. Esse crédito permite que uma empresa que tenha prejuízo em determinado ano receba uma compensação, na forma de descontos no Imposto de Renda, em anos posteriores.
Se o BB não tivesse feito isso, o lucro do sistema financeiro no primeiro trimestre ainda teria crescido 31,5% ante os primeiros três meses de 2005.
O aumento da carteira de crédito e a cobrança de tarifas ajudam a explicar o bom desempenho do setor neste começo de ano. Entre janeiro e março, as receitas obtidas com a prestação de serviços bancários somaram R$ 11,310 bilhões, 21,3% a mais do que no primeiro trimestre de 2005. No mesmo período, o total de empréstimos concedidos pelas instituições financeiras cresceu 21,2% e chegou a R$ 482,182 bilhões.

Lucro dos pequenos
Os quatro maiores bancos do país -BB, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú- responderam por 65% do lucro do sistema financeiro. Duas instituições financeiras de menor porte, porém, destacam-se no levantamento feito pelo BC pelo forte crescimento de suas rentabilidades: o Pactual e o Credit Suisse.
O Pactual, 16º maior banco do país em ativos, segundo o BC, lucrou R$ 399 milhões no primeiro trimestre deste ano, resultado que equivale a 12 vezes o ganho obtido pela instituição entre janeiro e março do ano passado. O lucro obtido pelo Pactual no início de 2006 supera o de bancos bem maiores, como o ABN Real e o HSBC.
Essa explosão no lucro reflete os ganhos alcançados pelo Pactual nas suas operações de intermediação financeira -que, nesse caso, consistem na compra e venda de títulos públicos e de papéis emitidos por empresas privadas. No primeiro trimestre de 2005, o banco teve um prejuízo de R$ 12 milhões com esse tipo de transação. No começo de 2006, foi obtido lucro de R$ 545 milhões.
No mês passado, o Pactual foi vendido para o suíço UBS por US$ 2,6 bilhões.
O Credit Suisse, por sua vez, lucrou R$ 324 milhões no primeiro trimestre, valor 370% maior do que o acumulado entre janeiro e março de 2005. Mesmo sendo o 21º do país em ativos, o banco teve o oitavo maior resultado do setor.
Assim como o Pactual, o Credit Suisse teve um forte aumento no resultado das suas operações de intermediação financeira. Essas transações proporcionaram ao banco ganhos brutos de R$ 305 milhões neste ano, contra R$ 36 milhões alcançados no primeiro trimestre do ano passado.


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