São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Petrobras tenta reduzir "efeito Bolívia"

Segundo José Gabrielli, presidente da empresa, estatal elevará produção própria de gás e diminuirá dependência atual

Diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, afirma que clima para investimentos na Bolívia "se deteriorou totalmente"


MARCELO STAROBINAS
COLABORAÇÃO PARA A
FOLHA, EM AMSTERDÃ


O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, afirmou ontem a representantes do mercado internacional de energia que a empresa está tomando providências para reduzir os efeitos econômicos da decisão da Bolívia de nacionalizar os hidrocarbonetos.
Em discurso realizado na Conferência Mundial do Gás, em Amsterdã, Gabrielli disse que a Petrobras vai ficar cada vez mais associada com a produção de gás.
Entre as iniciativas que visam diminuir a dependência do gás boliviano estão o aumento na produção de gás nas bacias do Espírito Santo e de Campos e a ampliação das redes internas de gasodutos e a diversificação das fontes de gás, com a importação de GNL (gás natural liquefeito).
Segundo as projeções apresentadas, a produção de gás da Petrobras deve crescer de 40,9 milhões de m3 por dia em 2005 para 99,3 milhões em 2010. A empresa planeja investir US$ 56,4 bilhões em suas operações entre 2006 e 2010 -cerca de 88% desse total será destinado a projetos dentro do Brasil.
Até 2008, observou Gabrielli, o país deve ser capaz de produzir uma quantidade adicional de gás de 22,7 milhões de m3/ dia, semelhante à importada da Bolívia. "A idéia não é substituir o gás boliviano, queremos que esse volume seja adicional ao que importamos da Bolívia."
A crise boliviana foi um dos assuntos que mais chamou a atenção na Conferência Mundial do Gás. O jornal oficial do encontro, o "WGC News", deu a sua manchete de ontem, dia de encerramento do evento, às declarações sobre o país do diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer.
Sauer afirmou que o clima para investimentos na Bolívia "se deteriorou totalmente". "Como um investidor, está claro que a Bolívia não é mais atraente", afirmou.
Sauer disse ontem à Folha que, apesar de especulações, a Bolívia ainda não apresentou pedido de aumento de preços do gás vendido ao Brasil, que apesar da crise continua fluindo pelo gasoduto Brasil-Bolívia. Segundo ele, deve haver apenas um reajuste no início de julho previsto em contrato.
"Não houve até este momento nenhum pedido de aumento de preços. E eu duvido que venha, porque eles já sabem da resposta e não vão se expor", afirmou Ildo Sauer. "Temos dito abertamente que não vemos nenhuma possibilidade relevante de mudar a relação de preços, até porque a situação está muito favorável para o produtor hoje."
O governo do presidente Evo Morales decretou em 1º de maio a nacionalização dos recursos petrolíferos explorados por empresas estrangeiras. Além disso, determinou cobrança de impostos a uma tarifa de 82% sobre a exploração de gás da Petrobras na Bolívia.
A Petrobras vem negociando com as autoridades bolivianas para tentar chegar a um acordo que permita a continuidade da exploração de gás e sua exportação para abastecer o Brasil.


O jornalista MARCELO STAROBINAS viajou a convite da Petrobras


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