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Petrobras tenta reduzir "efeito Bolívia"
Segundo José Gabrielli, presidente da empresa, estatal elevará produção própria de gás e diminuirá dependência atual
Diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer,
afirma que clima para investimentos na Bolívia
"se deteriorou totalmente"
MARCELO STAROBINAS
COLABORAÇÃO PARA A
FOLHA, EM AMSTERDÃ
O presidente da Petrobras,
José Sérgio Gabrielli de Azevedo, afirmou ontem a representantes do mercado internacional de energia que a empresa
está tomando providências para reduzir os efeitos econômicos da decisão da Bolívia de nacionalizar os hidrocarbonetos.
Em discurso realizado na
Conferência Mundial do Gás,
em Amsterdã, Gabrielli disse
que a Petrobras vai ficar cada
vez mais associada com a produção de gás.
Entre as iniciativas que visam diminuir a dependência do
gás boliviano estão o aumento
na produção de gás nas bacias
do Espírito Santo e de Campos
e a ampliação das redes internas de gasodutos e a diversificação das fontes de gás, com a
importação de GNL (gás natural liquefeito).
Segundo as projeções apresentadas, a produção de gás da
Petrobras deve crescer de 40,9
milhões de m3 por dia em 2005
para 99,3 milhões em 2010. A
empresa planeja investir US$
56,4 bilhões em suas operações
entre 2006 e 2010 -cerca de
88% desse total será destinado
a projetos dentro do Brasil.
Até 2008, observou Gabrielli,
o país deve ser capaz de produzir uma quantidade adicional
de gás de 22,7 milhões de m3/
dia, semelhante à importada da
Bolívia. "A idéia não é substituir o gás boliviano, queremos
que esse volume seja adicional
ao que importamos da Bolívia."
A crise boliviana foi um dos
assuntos que mais chamou a
atenção na Conferência Mundial do Gás. O jornal oficial do
encontro, o "WGC News", deu
a sua manchete de ontem, dia
de encerramento do evento, às
declarações sobre o país do diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer.
Sauer afirmou que o clima
para investimentos na Bolívia
"se deteriorou totalmente".
"Como um investidor, está claro que a Bolívia não é mais
atraente", afirmou.
Sauer disse ontem à Folha
que, apesar de especulações, a
Bolívia ainda não apresentou
pedido de aumento de preços
do gás vendido ao Brasil, que
apesar da crise continua fluindo pelo gasoduto Brasil-Bolívia. Segundo ele, deve haver
apenas um reajuste no início de
julho previsto em contrato.
"Não houve até este momento nenhum pedido de aumento
de preços. E eu duvido que venha, porque eles já sabem da
resposta e não vão se expor",
afirmou Ildo Sauer. "Temos dito abertamente que não vemos
nenhuma possibilidade relevante de mudar a relação de
preços, até porque a situação
está muito favorável para o
produtor hoje."
O governo do presidente Evo
Morales decretou em 1º de
maio a nacionalização dos recursos petrolíferos explorados
por empresas estrangeiras.
Além disso, determinou cobrança de impostos a uma tarifa de 82% sobre a exploração de
gás da Petrobras na Bolívia.
A Petrobras vem negociando
com as autoridades bolivianas
para tentar chegar a um acordo
que permita a continuidade da
exploração de gás e sua exportação para abastecer o Brasil.
O jornalista MARCELO STAROBINAS
viajou a convite da Petrobras
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