São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Feriados em abril derrubam produção industrial no país

Houve queda em 6 das 14 regiões pesquisadas, invertendo a tendência de expansão verificada em março, segundo o IBGE

Na média nacional, o efeito calendário também foi sentido, com queda de 1,9% em abril; no quadrimestre, porém, há avanço de 2,9%


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Dois dias fazem toda a diferença quando se trata de indústria: em abril, a produção do setor caiu em 6 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE na comparação com igual mês de 2005, em razão do menor número de dias úteis, invertendo a tendência de expansão na maioria absoluta das áreas de março.
Tiveram os piores desempenhos Santa Catarina (-10,2%), Amazonas (-9,0%), Rio Grande do Sul (-8,9%), Paraná (-6,3%) e Goiás (-4,9%). Já a indústria de São Paulo reduziu sua produção (-1,2%) pela primeira vez desde setembro de 2005, sob efeito do calendário.
Segundo o IBGE, o menor número de dias úteis fez o desempenho de abril contrastar com o de março (quando apenas dois locais apresentaram queda), provocando o recuo em vários setores.
Em São Paulo, por exemplo, a redução foi influenciada sobretudo pelas indústrias farmacêutica (-21,2%), de produtos de metal (-9,2%) e de máquinas e equipamentos (-4%). No Estado, 14 dos 20 segmentos pesquisados registraram retração.
Apesar da freada em abril, a indústria paulista mostra desempenho positivo no ano. No primeiro quadrimestre houve alta de 3,2% ante o mesmo período de 2005. Nos últimos 12 meses, a alta ficou em 3%.
Na média nacional o efeito calendário também foi sentido, e a produção caiu 1,9% em abril -em março, havia subido 5,3%. No quadrimestre, houve avanço de 2,9%. Em contraposição à média, a produção subiu, em abril, em seis locais: Pará (10,2%), Pernambuco (8,6%), Bahia (5,2%), Espírito Santo (1,3%), Minas Gerais (1,2%) e região Nordeste (1,2%).
Para André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE, os dois dias a menos em abril "foram determinantes para o resultado do mês" e distorcem qualquer tipo de comparação.
Além disso, diz, mascaram outros possíveis efeitos que podem ter influenciado no comportamento da indústria -leia-se juros, câmbio ou crédito.

Queda no Sul
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) avalia, porém, que houve em abril uma "desaceleração quase generalizada da indústria", considerando tanto os dados mensais como os acumulados em períodos mais longos.
O instituto considera que "a queda da produção nos Estados do Sul se aprofundou, em parte, como reflexo dos efeitos perversos da apreciação do real sobre os setores de calçados, têxtil, vestuário e móveis".
Para o Iedi, a queda da indústria paulista em abril "altera o quadro favorável de recuperação observado nos dois últimos meses, levantando dúvidas em relação a essa tendência".


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