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Para apoiar reforma tributária, Estados terão mais R$ 1,5 bi
Além do dinheiro extra, Planalto oferecerá investimento a fundo perdido; Integração sugere R$ 2 bilhões, no mínimo
Governo elevaria de 3% para 4% a parcela destinada aos fundos que incentivam as empresas no Norte, Nordeste e Centro-Oeste
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal vai oferecer R$ 1,5 bilhão em dinheiro
extra e investimentos a fundo
perdido nos Estados para obter
o apoio dos governadores ao
projeto de reforma tributária.
Esses recursos farão parte da
nova política de desenvolvimento regional que tem como
objetivo colocar fim à guerra
fiscal entre os Estados, uma das
principais medidas da reforma
defendida pelo governo Lula.
A Folha teve acesso à primeira versão do programa, elaborada pela Fazenda e discutida na semana passada em reunião da Câmara de Política
Econômica. "A discussão tem
muito o que avançar. Essa ainda não é uma posição de governo", disse o ministro Guido
Mantega (Fazenda).
Segundo a proposta, o dinheiro virá do aumento de 3%
para 4% na parcela do Imposto
de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)
que o governo já destina aos
fundos constitucionais que incentivam empresas que se instalam nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Atualmente, os cinco fundos
que integram a política de incentivos do governo recebem
cerca de R$ 4,6 bilhões. Com o
aumento, os repasses subiriam
para R$ 6,1 bilhões.
O dinheiro extra viria acompanhado da criação de mais um
fundo: o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Regional
(FNDR), que teria como função repassar recursos a fundo
perdido. Ou seja, as transferências feitas a partir do FNDR,
que começariam em R$ 850
milhões e aumentariam ao longo do tempo, não precisariam
ser devolvidas.
A distribuição dos R$ 6,1 bilhões entre os diversos fundos
já existentes e o FNDR ficará a
cargo da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste), da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento
da Amazônia) e da Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste).
O problema é que o dinheiro,
que hoje vai apenas para as regiões mais pobres, seria dividido entre todos os Estados do
país. Poderia, inclusive, ser
destinado a regiões do Sul do
país, por exemplo.
Falta de consenso
A proposta da Fazenda ainda
não foi apresentada aos governadores, mas já enfrenta resistências dentro do próprio governo. O Ministério da Integração defende que os recursos extras têm de ser de, no mínimo,
R$ 2 bilhões.
Afinal, como novas regiões
serão beneficiadas, o aumento
de recursos precisa compensar
aquelas áreas que são hoje contempladas pelos fundos de desenvolvimento regionais e poderiam perder espaço na distribuição das verbas federais.
"Foi uma discussão preliminar. Uma apresentação inicial
para abrir a discussão dentro
do governo", afirmou o secretário de Política Econômica do
Ministério da Fazenda e autor
da proposta, Bernard Appy.
Pelas contas da Fazenda, os
Estados perdem R$ 25 bilhões
com a guerra fiscal, prática por
meio da qual os governadores
oferecem reduções no ICMS
(imposto estadual sobre mercadorias e serviços) para atrair
investimentos a seus Estados.
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