São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

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Projeções apontam alta de até 5% no PIB do 1º trimestre

Período foi marcado pelo avanço da indústria e do comércio, especialmente pelo câmbio e seu efeito redutor dos preços

Mantida a queda dos juros, economia terá fôlego para crescer até 5% neste ano, avaliam os otimistas; mais cautelosos apostam em 4%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O nível de atividade da economia brasileira se aqueceu no primeiro trimestre do ano e o PIB deve ter registrado crescimento de até 5% em relação a igual período de 2006. Já em relação ao quarto trimestre de 2006, a expansão oscilou na faixa de 1%, apontam as projeções de especialistas consultados pela Folha.
Foi um período marcado pela aceleração da indústria e do comércio, cujas vendas subiram 9,7%, puxadas especialmente pelo câmbio e o seu efeito redutor de preços. Caracterizou-se ainda pela reação da agropecuária, dizem analistas.
Do lado da demanda, o destaque principal foi o investimento, que cresceu também na esteira da desvalorização do dólar. O consumo das famílias também teve a sua importância. Puxado pelo crescimento do emprego e da renda, deve ter crescido acima de 4%.
Com tal cenário e mantida a redução dos juros, a economia brasileira terá fôlego para crescer até 5% neste ano, avaliam os mais otimistas. Já os mais cautelosos apostam em crescimento na casa de 4%.
É o caso do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que recentemente elevou sua projeção do ano de 3,7% para 4,2% em razão das mudanças metodológicas do IBGE, que refinaram a apuração do PIB.
Nas estimativas trimestrais, porém, não houve ajuste e o instituto projeta expansões de 0,8% ante o quarto trimestre de 2006 na taxa com ajuste sazonal e de 3,5% sobre os três primeiros meses de 2006.
A consultoria Tendências também refez as contas e projeta expansão do PIB de 1% ante o quarto trimestre de 2006 e de 4,8% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Para o ano fechado, manteve o conservadorismo e aposta em alta de 4%.
Pelos dados do IBGE, o PIB cresceu 0,9% do terceiro para o quarto trimestre de 2006. A alta foi de 4,8% ante o quarto trimestre de 2005.
"A economia está crescendo de modo generalizado. Não há apenas um setor que se destaque, o que promete fazer de 2007 um ano muito forte", disse Marcela Prada, economista da Tendências.

Investimentos
Para Edgard Pereira, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e um dos mais otimistas, o atual nível de atividade é compatível com expansão do PIB de 5%, puxada especialmente pela indústria, que deve crescer no mesmo patamar.
Para Sérgio Vale, economista da MB Associados, o grande propulsor do PIB sob a ótica da demanda foi o investimento. Ele estima que o investimento tenha crescido 8,7% do quarto trimestre de 2006 para o primeiro de 2007, resultado das expansões de 14% na produção de máquinas e equipamentos e de 2,2% da construção civil.
A MB projeta crescimento da economia de 0,9% do quarto trimestre de 2006 para o primeiro de 2007. Estima ainda alta de 4,3% ante o primeiro trimestre de 2006, mesma taxa projetada para o ano todo.
Na avaliação do economista Fábio Giambiagi, do Ipea, os investimentos serão, sem dúvida, o destaque do PIB, impulsionados especialmente pelo dólar, que permite importações mais baratas de bens de capital.
O câmbio, diz ele, teve ainda efeito positivo sobre o consumo das famílias, ao reduzir os preços de muitos itens.
No caso do PIB, avaliam, o impacto negativo do câmbio sobre a produção e a competitividade de alguns setores é compensado pelo aumento do consumo. O mesmo não acontece, porém, na indústria.
Beneficiada por uma safra que será recorde em 2007, a agropecuária será outro destaque ao lado da produção, com alta de 9,6%, segundo a MB.
A nota negativa ficará por conta da contribuição do setor externo para o PIB, que se intensificou no primeiro trimestre. O resultado só não será pior porque as quantidades exportadas continuaram altas devido à expansão da safra de grãos.


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