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Projeções apontam alta de até 5% no PIB do 1º trimestre
Período foi marcado pelo avanço da indústria e do comércio, especialmente pelo câmbio e seu efeito redutor dos preços
Mantida a queda dos juros, economia terá fôlego para crescer até 5% neste ano, avaliam os otimistas; mais cautelosos apostam em 4%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O nível de atividade da economia brasileira se aqueceu no
primeiro trimestre do ano e o
PIB deve ter registrado crescimento de até 5% em relação a
igual período de 2006. Já em
relação ao quarto trimestre de
2006, a expansão oscilou na faixa de 1%, apontam as projeções
de especialistas consultados
pela Folha.
Foi um período marcado pela aceleração da indústria e do
comércio, cujas vendas subiram 9,7%, puxadas especialmente pelo câmbio e o seu efeito redutor de preços. Caracterizou-se ainda pela reação da
agropecuária, dizem analistas.
Do lado da demanda, o destaque principal foi o investimento, que cresceu também na esteira da desvalorização do dólar. O consumo das famílias
também teve a sua importância. Puxado pelo crescimento
do emprego e da renda, deve
ter crescido acima de 4%.
Com tal cenário e mantida a
redução dos juros, a economia
brasileira terá fôlego para crescer até 5% neste ano, avaliam
os mais otimistas. Já os mais
cautelosos apostam em crescimento na casa de 4%.
É o caso do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada),
que recentemente elevou sua
projeção do ano de 3,7% para
4,2% em razão das mudanças
metodológicas do IBGE, que
refinaram a apuração do PIB.
Nas estimativas trimestrais,
porém, não houve ajuste e o
instituto projeta expansões de
0,8% ante o quarto trimestre
de 2006 na taxa com ajuste sazonal e de 3,5% sobre os três
primeiros meses de 2006.
A consultoria Tendências
também refez as contas e projeta expansão do PIB de 1% ante o quarto trimestre de 2006 e
de 4,8% na comparação com o
primeiro trimestre do ano passado. Para o ano fechado, manteve o conservadorismo e aposta em alta de 4%.
Pelos dados do IBGE, o PIB
cresceu 0,9% do terceiro para o
quarto trimestre de 2006. A alta foi de 4,8% ante o quarto trimestre de 2005.
"A economia está crescendo
de modo generalizado. Não há
apenas um setor que se destaque, o que promete fazer de
2007 um ano muito forte", disse Marcela Prada, economista
da Tendências.
Investimentos
Para Edgard Pereira, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial) e um dos mais otimistas, o atual nível de atividade é compatível com expansão
do PIB de 5%, puxada especialmente pela indústria, que deve
crescer no mesmo patamar.
Para Sérgio Vale, economista
da MB Associados, o grande
propulsor do PIB sob a ótica da
demanda foi o investimento.
Ele estima que o investimento
tenha crescido 8,7% do quarto
trimestre de 2006 para o primeiro de 2007, resultado das
expansões de 14% na produção
de máquinas e equipamentos e
de 2,2% da construção civil.
A MB projeta crescimento da
economia de 0,9% do quarto
trimestre de 2006 para o primeiro de 2007. Estima ainda
alta de 4,3% ante o primeiro trimestre de 2006, mesma taxa
projetada para o ano todo.
Na avaliação do economista
Fábio Giambiagi, do Ipea, os investimentos serão, sem dúvida,
o destaque do PIB, impulsionados especialmente pelo dólar,
que permite importações mais
baratas de bens de capital.
O câmbio, diz ele, teve ainda
efeito positivo sobre o consumo das famílias, ao reduzir os
preços de muitos itens.
No caso do PIB, avaliam, o
impacto negativo do câmbio
sobre a produção e a competitividade de alguns setores é compensado pelo aumento do consumo. O mesmo não acontece,
porém, na indústria.
Beneficiada por uma safra
que será recorde em 2007, a
agropecuária será outro destaque ao lado da produção, com
alta de 9,6%, segundo a MB.
A nota negativa ficará por
conta da contribuição do setor
externo para o PIB, que se intensificou no primeiro trimestre. O resultado só não será pior
porque as quantidades exportadas continuaram altas devido
à expansão da safra de grãos.
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