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IGP-DI registra maior taxa de inflação em cinco anos
Aumento de 1,88% em maio é o maior desde janeiro de 2003, segundo a FGV
Taxa foi pressionada por fortes reajustes de preços, no atacado, de minério de ferro, aço, combustíveis
e commodities agrícolas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Divulgado ontem, o resultado do IGP-DI (Índice Geral de
Preços - Disponibilidade Interna) de maio acendeu um sinal
de alerta: a inflação bateu em
1,88%, a mais alta taxa desde os
2,17% registrados em janeiro
de 2003, segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas).
Nos últimos 12 meses até
maio, o índice acumulou alta de
12,14%. Trata-se da maior marca desde os 12,23% de novembro de 2004.
Pressionado por fortes reajustes de minério de ferro, aço,
combustíveis e commodities
agrícolas, os preços no atacado
foram, mais uma vez, os vilões.
O IPA (Índice de Preços por
Atacado) subiu 2,22% e registrou mais um recorde negativo:
foi o mais elevado percentual
desde os 3,14% registrados em
dezembro de 2002.
Diante de reajustes tão fortes
e persistentes, a inflação já se
mostra mais disseminada. "O
IGP-DI indicou que há uma alta mais generalizada dos preços, especialmente dos industriais no atacado", diz o economista Rafael Castro, da LCA.
Já Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas
da FGV, avalia que a pressão
em maio foi pontual e que o "espalhamento" maior de reajustes tende a não se repetir nos
próximos meses.
Não quer dizer, porém, que
ele espera taxas muito mais
baixas nos meses seguintes,
mas em maio foi registrada
uma conjuntura negativa de
reajustes, que deve se dissipar
no futuro, segundo ele.
"Houve um choque"
Entre as altas de destaque no
atacado, o economista cita os
combustíveis, o aço e o minério
de ferro, cujos ciclos de aumento já estão próximos do fim.
Os reajustes de maior peso ficaram com diesel (7,19%), arroz (15,98%) e minério de ferro
(11,38%). Esses itens, sozinhos,
contribuíram com 0,18, 0,24 e
0,20 ponto percentual do IPA.
"Houve, de fato, um choque.
O índice em 12 meses deve se
manter acima de 12% até agosto, mas a pressão tende a se dispersar. Muitas altas em maio
foram pontuais. Essa taxa não
deve se repetir", diz Quadros.
Além do aumento dos custos,
os preços no atacado respondem ainda à maior demanda
por alguns produtos, o que propicia reajustes, segundo Quadros. De acordo com a FGV, subiram com força tanto os preços industriais (2,13%) como os
agrícolas (2,47%) no atacado.
No varejo
Parte dos aumentos no mercado atacadista já contamina o
varejo. O resultado foi a aceleração do IPC (Índice de Preços
ao Consumidor), cuja alta passou de 0,72% em abril para
0,87% no mês passado.
Os repasses foram mais fortes nos preços dos alimentos,
que subiram 2,33% em maio
-a alta em abril havia sido de
1,69%. Os destaques ficaram
com o pão francês (alta de
7,08%), batata (18,87%), arroz
(16,95%), tomate (11,45%) e leite longa vida (3,55%).
Para Castro, o Banco Central
deve manter a política monetária apertada por conta da pressão inflacionária. Ele espera,
pelo menos, mais três altas da
Selic neste ano -todas de 0,5
ponto percentual. Atualmente,
a taxa básica está em 12,25% ao
ano. Se sua previsão se confirmar, a taxa de juros fechará o
ano em 13,75%.
O contágio da inflação no atacado também é sentido nos
preços da construção civil. O
INCC (Índice Nacional da
Construção Civil) saltou de
0,87% em abril para 2,02% em
maio em razão de aumentos de
serviços, materiais e especialmente mão-de-obra -inflada
pelo reajuste salarial da categoria em São Paulo.
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