São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Consumo em alta compensa queda da indústria

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

Sustentado pela expansão do rendimento do trabalhador, o consumo das famílias evitou uma queda mais intensa do PIB e cresceu 1,3% ante o primeiro trimestre de 2008. Foi a 22ª taxa trimestral positiva seguida. Na comparação com o quarto trimestre de 2008, a expansão foi de 0,7%, segundo o IBGE.
O principal motor do consumo foi o crescimento de 5,2% da massa salarial, que permitiu às famílias ampliarem suas compras, apesar da desaceleração do crédito. Também ajudaram as medidas do governo de desoneração de tributos de veículos e eletrodomésticos da linha branca.
Abalado pela crise, o crédito a pessoas físicas, por sua vez, cresceu 22,1% no primeiro trimestre de 2009 (em comparação com o mesmo período do ano passado), abaixo dos 25,8% no último trimestre de 2008, quando os financiamentos já haviam se retraído.
Para Rebeca Palis, gerente das Contas Trimestrais do IBGE, os gastos das famílias com serviços representaram o principal impulso para o consumo, já que o comércio teve resultado negativo, na esteira do enfraquecimento da indústria.
Nos cálculos do PIB, o comércio caiu 6% diante do primeiro trimestre de 2008. O desempenho do setor comercial só não foi pior graças ao estímulo da redução do IPI, de acordo com Roberto Messenberg, do Ipea.
Segundo Thaiz Marzola Zara, da Rosenberg & Associados, o consumo de serviços está mais vinculado à renda disponível no bolso do trabalhador, e não ao crédito, como no caso de alguns bens adquiridos a prazo.
Ou seja, mesmo com a crise, as pessoas não deixaram de ir ao cabeleireiro ou ao dentista, mas não trocaram de geladeira.

Indústria
Para Messenberg, há um descompasso entre o desempenho do comércio e o da indústria, mais afetada pela crise. Com a demanda desaquecida e queimando estoques, a indústria puxou o PIB para baixo e registrou queda de 9,3% no primeiro trimestre deste ano ante igual período de 2008. Foi a maior retração desde o início de 2002.
Já em relação aos últimos três meses de 2008, a retração do setor ficou em 3,1%.
Como a indústria é o setor mais atingido pela crise e o maior pagador de tributos, o volume de impostos sobre produtos caiu 3,3% ante o primeiro trimestre de 2008. Como resultado, os impostos foram um redutor do PIB no início do ano, diferentemente do habitual.


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