São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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PIB/ REPERCUSSÃO

Ministros festejam queda menor do que a esperada

Para Mantega, resultado reflete a "capacidade de recuperação rápida" do Brasil

Lupi projeta criação de 400 mil vagas no semestre, e Fazenda cobra nova redução na taxa básica de juros, que será definida hoje pelo BC


Sergio Lima/Folha Imagem
O presidente Lula em cerimônia do PAC em Brasília; ele se disse triste com a recessão em meio à crise "causada pelos países ricos"

JULIANA ROCHA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo comemorou a queda do PIB -menor do que a prevista pela equipe econômica e pelo mercado financeiro- como se o resultado tivesse sido positivo. Sorridente, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o desempenho brasileiro foi melhor que o de outros países do mundo e que a economia já está em fase de recuperação gradativa.
O desempenho da economia encorajou o ministro Carlos Lupi (Trabalho), conhecido por ser um otimista, a projetar um saldo de empregos formais no primeiro semestre de 400 mil a 450 mil postos de trabalho. De janeiro a abril, o saldo acumulado é de 48,5 mil empregos.
"A queda do PIB foi menor do que o esperado pelo mercado. Demonstra a capacidade de recuperação rápida da economia brasileira", afirmou o ministro da Fazenda, em entrevista coletiva convocada depois de reunião com o presidente Lula.
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que também esteve reunido com o presidente, foi mais moderado. "Uma queda de 0,8% não pode ser comemorada. Agora, de fato, o resultado é muito menos negativo do que havia sido previsto pelas projeções de mercado, de forma que o mercado também está sendo muito pessimista."
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, comemorou o resultado. Em nota, afirmou que, "apesar da queda observada pelo Produto [Interno Bruto] na margem, a economia brasileira tem fundamentos econômicos sólidos". Sem falar de juros, Meirelles citou o desempenho do setor de serviços e do consumo como sinais de que já se observa "espaço para uma retomada do crescimento em bases sustentáveis".
Apesar do tom de comemoração, Mantega aproveitou para ressaltar a importância da política monetária, via redução de juros, como instrumento anticrise. O BC anuncia hoje a nova taxa básica de juros.
Lupi disse que não foi surpresa que a retração da economia no trimestre tenha vindo menor que a esperada, pois o mercado de trabalho já dava sinais de reaquecimento. Segundo ele, maio deve ter saldo de mais de 106 mil contratações, desempenho igual ao de abril. Entre novembro e janeiro, foram fechadas 800 mil vagas.
"Ninguém contrata se estiver dando prejuízo. Tenho falado isso sempre, mas acham que sou muito otimista. Os números agora provam o que vinha afirmando." Para ele, a economia crescerá mais de 2% neste ano e será gerado mais de 1 milhão de vagas formais.
Líder do oposicionista DEM na Câmara, o deputado Ronaldo Caiado (GO) disse que a queda do PIB já era esperada e que a "recessão técnica tem tudo para ser recessão de fato". Para Fernando Coruja (SC), líder do PPS, o governo chegou a falar que não haveria queda, mas foi desmentido pela realidade.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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