São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Economia dá sinais de melhora no 2º trimestre

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira dá sinais de melhora neste segundo trimestre, após registrar forte retração desde o final de 2008 em decorrência dos efeitos da crise financeira mundial.
Em abril, a produção industrial cresceu 1,1% sobre março. E, em maio, a fabricação de carros subiu 2,6%, o consumo de energia, 1,6%, e o uso da capacidade instalada das fábricas, 1,4% em relação a abril.
A expectativa, porém, é que a recuperação da atividade econômica será lenta e que, na comparação com 2008, os principais indicadores continuarão negativos ao longo deste ano.
A volta da procura e da oferta de crédito para pessoas físicas -a demanda do consumidor por empréstimos subiu 2,5% em maio sobre abril e 10,8% em abril sobre março- e a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros e eletrodomésticos incentivaram a demanda de bens.
Em maio, as consultas ao SPC e ao Usecheque, serviços da Associação Comercial de São Paulo, que indicam o ritmo de vendas a prazo e à vista, respectivamente, subiram 13,57% na comparação com abril.
Sinais de melhora no ritmo da economia aparecem também nos índices de confiança do consumidor e da indústria da FGV (Fundação Getulio Vargas). Em maio, a confiança do consumidor atingiu 100,5 pontos, com aumento de 1,3% sobre o índice de abril.
A confiança da indústria subiu 6% em maio sobre abril -de 84,5 pontos para 89,6 pontos- e, pela primeira vez em 2009, está mais próximo de sua média histórica (99,1 pontos).
A dúvida de empresários e economistas consultados pela Folha é se essa melhora nos indicadores será ou não contínua. "Crédito e redução de IPI deram gás à economia neste trimestre. Só que o setor de bens intermediários não se recuperou, por conta das fracas vendas para o mercado externo. E o setor de bens de capital reagiu pouco", diz Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
"E quando acabarem os incentivos fiscais dados pelo governo aos setores de bens de consumo, será que o ritmo dos negócios se mantêm?", questiona Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica.
"A reação da indústria devido aos incentivos do governo foi localizada. O país tem muito caminho a percorrer para recuperar o que perdeu. A crise deu uma trégua, e os sinais de como a economia vai prosseguir ainda não são claros", diz Marcelo Neri, economista da FGV.
Para Silveira, fica difícil até fazer previsões para a economia a partir de agosto, "já que existe a possibilidade de mais quebradeira de bancos e empresas nos Estados Unidos, com impacto no Brasil".
Para Ariadne Vitoriano, economista da Tendências, a melhora na produção industrial deve se estender até o segundo semestre. Mas, ainda assim, os números neste ano serão negativos sobre 2008.
A Tendências prevê, para este ano, queda de 7,5% na produção industrial, e a RC, de 4%.
Na comparação com o ano passado, os indicadores de conjuntura econômica continuaram negativos em abril e maio. Estão em queda o consumo de energia, as vendas de papelão ondulado, a produção de aço bruto, insumos para a construção civil e veículos e as consultas ao SPC e ao Usecheque.
Emílio Alfieri, economista da ACSP, afirma que a melhora no consumo em maio está relacionada também ao Dia das Mães. "Mas está evidente que o país passa por uma crise de crédito, apesar da melhora nas vendas em maio em relação a abril. Sobre maio de 2008, porém, as consultas ao SPC caíram 17,7%, e, ao Telecheque, 1%."
O consumidor está com mais confiança na economia, mas os consumidores e os lojistas, segundo Alfieri, continuam cautelosos, até porque a inadimplência subiu sobre 2008. Em maio último, a taxa foi de 9,7%, e, em maio de 2008, de 9%.


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