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Economia dá sinais de melhora no 2º trimestre
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A economia brasileira dá sinais de melhora neste segundo
trimestre, após registrar forte
retração desde o final de 2008
em decorrência dos efeitos da
crise financeira mundial.
Em abril, a produção industrial cresceu 1,1% sobre março.
E, em maio, a fabricação de carros subiu 2,6%, o consumo de
energia, 1,6%, e o uso da capacidade instalada das fábricas,
1,4% em relação a abril.
A expectativa, porém, é que a
recuperação da atividade econômica será lenta e que, na
comparação com 2008, os principais indicadores continuarão
negativos ao longo deste ano.
A volta da procura e da oferta
de crédito para pessoas físicas
-a demanda do consumidor
por empréstimos subiu 2,5%
em maio sobre abril e 10,8% em
abril sobre março- e a redução
de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros e eletrodomésticos incentivaram a demanda de bens.
Em maio, as consultas ao
SPC e ao Usecheque, serviços
da Associação Comercial de
São Paulo, que indicam o ritmo
de vendas a prazo e à vista, respectivamente, subiram 13,57%
na comparação com abril.
Sinais de melhora no ritmo
da economia aparecem também nos índices de confiança
do consumidor e da indústria
da FGV (Fundação Getulio
Vargas). Em maio, a confiança
do consumidor atingiu 100,5
pontos, com aumento de 1,3%
sobre o índice de abril.
A confiança da indústria subiu 6% em maio sobre abril
-de 84,5 pontos para 89,6 pontos- e, pela primeira vez em
2009, está mais próximo de sua
média histórica (99,1 pontos).
A dúvida de empresários e
economistas consultados pela
Folha é se essa melhora nos indicadores será ou não contínua.
"Crédito e redução de IPI deram gás à economia neste trimestre. Só que o setor de bens
intermediários não se recuperou, por conta das fracas vendas para o mercado externo. E o
setor de bens de capital reagiu
pouco", diz Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
"E quando acabarem os incentivos fiscais dados pelo governo aos setores de bens de
consumo, será que o ritmo dos
negócios se mantêm?", questiona Júlio Gomes de Almeida,
professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica.
"A reação da indústria devido
aos incentivos do governo foi
localizada. O país tem muito caminho a percorrer para recuperar o que perdeu. A crise deu
uma trégua, e os sinais de como
a economia vai prosseguir ainda não são claros", diz Marcelo
Neri, economista da FGV.
Para Silveira, fica difícil até
fazer previsões para a economia a partir de agosto, "já que
existe a possibilidade de mais
quebradeira de bancos e empresas nos Estados Unidos,
com impacto no Brasil".
Para Ariadne Vitoriano, economista da Tendências, a melhora na produção industrial
deve se estender até o segundo
semestre. Mas, ainda assim, os
números neste ano serão negativos sobre 2008.
A Tendências prevê, para este ano, queda de 7,5% na produção industrial, e a RC, de 4%.
Na comparação com o ano
passado, os indicadores de conjuntura econômica continuaram negativos em abril e maio.
Estão em queda o consumo de
energia, as vendas de papelão
ondulado, a produção de aço
bruto, insumos para a construção civil e veículos e as consultas ao SPC e ao Usecheque.
Emílio Alfieri, economista da
ACSP, afirma que a melhora no
consumo em maio está relacionada também ao Dia das Mães.
"Mas está evidente que o país
passa por uma crise de crédito,
apesar da melhora nas vendas
em maio em relação a abril. Sobre maio de 2008, porém, as
consultas ao SPC caíram 17,7%,
e, ao Telecheque, 1%."
O consumidor está com mais
confiança na economia, mas os
consumidores e os lojistas, segundo Alfieri, continuam cautelosos, até porque a inadimplência subiu sobre 2008. Em
maio último, a taxa foi de 9,7%,
e, em maio de 2008, de 9%.
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