São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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PIB/ FUTURO

Governo prepara estímulo para indústria e software

Produção de máquinas, informática e indústria naval podem ser contemplados

Intenção é concentrar medidas em políticas que não exijam desonerações de tributos, em razão da queda na arrecadação


VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo tomará novas medidas para estimular "setores específicos" da economia e tentar garantir crescimento de 1% neste ano. O ministro Guido Mantega (Fazenda) não quis detalhar quem serão os beneficiados, mas a Folha apurou que há propostas de incentivar a produção de bens de capital, software e a indústria naval.
A avaliação é que esses setores serão importantes na retomada do crescimento a partir do terceiro trimestre. A indústria de máquinas e equipamentos é considerada essencial no momento em que o investimento voltar a crescer, enquanto a prestação de serviços de tecnologia emprega muita mão de obra e mais qualificada.
Mantega também conta com a ajuda do Banco Central, com novos cortes nos juros ao longo do ano, para acelerar o ritmo de recuperação da economia. A estimativa é um crescimento entre 1% e 2% no segundo trimestre. No primeiro trimestre, a avaliação é que o setor de serviços veio muito melhor do que o previsto quando foi estimada a queda de 1,5%.
"Falta mais política monetária, mais política fiscal. A ação do governo tem de continuar", disse o ministro, numa cobrança pública dirigida ao Copom, que divulgará hoje a decisão sobre a taxa básica de juros.
Atualmente em 10,25% ao ano, a Selic pode cair para 9,50%, de acordo com expectativas do mercado financeiro.
A intenção do governo é concentrar as novas medidas de estímulo em políticas que não exijam desonerações de impostos. Isso porque a queda na arrecadação devido à crise econômica não deixaria espaço para abrir mão de mais receitas.
A indústria de bens de capital, por exemplo, deve ser beneficiada por um fundo que garantirá as compras de equipamentos no país. A União cobrirá parte do risco dos compradores, e o benefício não será restrito apenas aos bens de capital. O fundo garantidor, criado ontem por meio de medida provisória, reduzirá a possibilidade de inadimplência e, portanto, facilitará as operações, tipicamente de longo prazo.
Já no caso de software, a primeira medida será a regulamentação da desoneração sobre a folha de pagamento do setor. O benefício foi garantido via MP e prevê que não haverá pagamento de tributos sobre a parte dos produtos que for exportada. Os equipamentos e serviços de comunicação também estão entre os alvos do governo. A indústria naval terá estímulos garantidos via exploração do petróleo do pré-sal.
Na manhã de ontem, Lula convocou os ministros Mantega e Paulo Bernardo (Planejamento) para analisar o resultado do PIB no primeiro trimestre. Lula quis detalhes sobre o desempenho de três setores: construção civil, automobilístico e agronegócio. Esses setores receberam benefícios fiscais e de crédito para evitar quedas maiores na produção.
A Fazenda ficou preocupada com a queda na taxa de investimento, que teve a pior marca desde o início da série história do IBGE -recuo de 12,6% em relação ao trimestre anterior.


Colaboraram JULIANA ROCHA e SIMONE IGLESIAS , da Sucursal de Brasília


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