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PIB/ FUTURO
Governo prepara estímulo para indústria e software
Produção de máquinas, informática e indústria naval podem ser contemplados
Intenção é concentrar
medidas em políticas que não exijam desonerações
de tributos, em razão da
queda na arrecadação
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo tomará novas medidas para estimular "setores
específicos" da economia e tentar garantir crescimento de 1%
neste ano. O ministro Guido
Mantega (Fazenda) não quis
detalhar quem serão os beneficiados, mas a Folha apurou
que há propostas de incentivar
a produção de bens de capital,
software e a indústria naval.
A avaliação é que esses setores serão importantes na retomada do crescimento a partir
do terceiro trimestre. A indústria de máquinas e equipamentos é considerada essencial no
momento em que o investimento voltar a crescer, enquanto a prestação de serviços
de tecnologia emprega muita
mão de obra e mais qualificada.
Mantega também conta com
a ajuda do Banco Central, com
novos cortes nos juros ao longo
do ano, para acelerar o ritmo de
recuperação da economia. A
estimativa é um crescimento
entre 1% e 2% no segundo trimestre. No primeiro trimestre,
a avaliação é que o setor de serviços veio muito melhor do que
o previsto quando foi estimada
a queda de 1,5%.
"Falta mais política monetária, mais política fiscal. A ação
do governo tem de continuar",
disse o ministro, numa cobrança pública dirigida ao Copom,
que divulgará hoje a decisão sobre a taxa básica de juros.
Atualmente em 10,25% ao
ano, a Selic pode cair para
9,50%, de acordo com expectativas do mercado financeiro.
A intenção do governo é concentrar as novas medidas de
estímulo em políticas que não
exijam desonerações de impostos. Isso porque a queda na arrecadação devido à crise econômica não deixaria espaço para abrir mão de mais receitas.
A indústria de bens de capital, por exemplo, deve ser beneficiada por um fundo que garantirá as compras de equipamentos no país. A União cobrirá parte do risco dos compradores, e o benefício não será
restrito apenas aos bens de capital. O fundo garantidor, criado ontem por meio de medida
provisória, reduzirá a possibilidade de inadimplência e, portanto, facilitará as operações,
tipicamente de longo prazo.
Já no caso de software, a primeira medida será a regulamentação da desoneração sobre a folha de pagamento do setor. O benefício foi garantido
via MP e prevê que não haverá
pagamento de tributos sobre a
parte dos produtos que for exportada. Os equipamentos e
serviços de comunicação também estão entre os alvos do governo. A indústria naval terá
estímulos garantidos via exploração do petróleo do pré-sal.
Na manhã de ontem, Lula
convocou os ministros Mantega e Paulo Bernardo (Planejamento) para analisar o resultado do PIB no primeiro trimestre. Lula quis detalhes sobre o
desempenho de três setores:
construção civil, automobilístico e agronegócio. Esses setores
receberam benefícios fiscais e
de crédito para evitar quedas
maiores na produção.
A Fazenda ficou preocupada
com a queda na taxa de investimento, que teve a pior marca
desde o início da série história
do IBGE -recuo de 12,6% em
relação ao trimestre anterior.
Colaboraram JULIANA ROCHA e
SIMONE IGLESIAS , da Sucursal de Brasília
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