São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2000


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COMBUSTÍVEIS
Federação diz que medida caracterizaria cartel
Postos negam ter acordo para conter margem de lucro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os representantes dos donos de postos de combustíveis negaram ontem que tenha havido acordo "tácito ou escrito" com o governo para manter as margens de lucro da revenda em R$ 0,15 por litro de gasolina.
Em nota oficial, a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustível) informou que o acordo seria "prática de cartel". A nota diz que a margem "talvez possa ser entendida como média nacional" e não como "margem que remunere todos os 29 mil postos".
Na terça-feira, o ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) anunciou que havia sido fechado um acordo com revendedores e distribuidores de combustível para redução das margens de lucro.
A Fecombustíveis afirma na nota que apenas se comprometeu a comunicar aos sindicatos de donos de postos que "o momento é de apoiar o governo". A nota diz ainda que o governo deve fazer uso de todos os instrumentos legais de que dispõe para eliminar abusos.
De acordo com a Fecombustíveis, o preço da gasolina tem subido porque os preços tabelados do óleo diesel forçam as distribuidoras a fazer "um mix de preços" com outros produtos para compensar a medida.
Além disso, a Fecombustíveis aponta como fatores o aumento do álcool e a cobrança de ICMS sobre lucro presumido com "valores muito acima do valor real".

Fiscalização
Sobre o acordo anunciado pelo governo, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) informou que a fiscalização depende do que efetivamente foi acertado.
O secretário Paulo de Tarso Ribeiro disse que precisaria "ver os aspectos objetivos do que foi efetivamente acordado". O problema é que não existe acordo formal, de acordo com os revendedores.

Concorrência
Ribeiro teve ontem à tarde um reunião com o ministro Rodolpho Tourinho para estudar medidas que facilitem a introdução de concorrência entre os postos de gasolina de Brasília.
Na segunda-feira, Tourinho disse que a SDE iria forçar a redução de preços em Brasília, onde há indícios de formação de cartel, usando uma medida preventiva.
A SDE está aguardando que a ANP (Agência Nacional de Petróleo) envie material sobre o comércio de combustível em Brasília para decidir se adota ou não uma medida preventiva que obrigue os postos de gasolina a reduzirem os preços.
A ANP informou que está mandando o material para a SDE em partes e que ainda não concluiu o estudo.
"Estamos aguardando os elementos que a ANP ficou de mandar. Se houver indícios da formação de cartel, a SDE vai tomar medidas legais", disse Ribeiro.
O secretário acrescentou que não considera que o mercado de comercialização de combustível seja de "livre concorrência", porque há regulação feita pelo governo.
O secretário disse que a ANP poderia intervir na formação de preço, mas não especificou como.
O acordo que o governo anunciou com os distribuidores de combustível foi discutido um dia depois de uma reunião com os usineiros, na qual o governo pressionou pela redução do preço do álcool.
Antes dessa primeira reunião, o governo já havia anunciado, na semana passada, a redução da mistura do álcool na gasolina de 24% para 20% e também o leilão de parte dos estoques oficiais de álcool para reduzir o preço do produto.
Também não houve acordo com os usineiros, que prometeram ao governo colocar no mercado parte dos seus estoques. O governo está pressionando o setor de combustíveis (álcool e gasolina), cujos reajustes recentes foram considerados elevados pelo presidente.
O governo também está estudando outras medidas que podem forçar queda no preço do álcool: aumentar a alíquota de exportação do açúcar e reduzir a alíquota de importação do álcool.


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