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COMBUSTÍVEIS
Federação diz que medida caracterizaria cartel
Postos negam ter acordo para conter margem de lucro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os representantes dos donos de
postos de combustíveis negaram
ontem que tenha havido acordo
"tácito ou escrito" com o governo
para manter as margens de lucro
da revenda em R$ 0,15 por litro de
gasolina.
Em nota oficial, a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustível)
informou que o acordo seria
"prática de cartel". A nota diz que
a margem "talvez possa ser entendida como média nacional" e não
como "margem que remunere todos os 29 mil postos".
Na terça-feira, o ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) anunciou que havia sido fechado um acordo com revendedores e distribuidores de combustível para redução das margens de
lucro.
A Fecombustíveis afirma na nota que apenas se comprometeu a
comunicar aos sindicatos de donos de postos que "o momento é
de apoiar o governo". A nota diz
ainda que o governo deve fazer
uso de todos os instrumentos legais de que dispõe para eliminar
abusos.
De acordo com a Fecombustíveis, o preço da gasolina tem subido porque os preços tabelados do
óleo diesel forçam as distribuidoras a fazer "um mix de preços"
com outros produtos para compensar a medida.
Além disso, a Fecombustíveis
aponta como fatores o aumento
do álcool e a cobrança de ICMS
sobre lucro presumido com "valores muito acima do valor real".
Fiscalização
Sobre o acordo anunciado pelo
governo, a SDE (Secretaria de Direito Econômico) informou que a
fiscalização depende do que efetivamente foi acertado.
O secretário Paulo de Tarso Ribeiro disse que precisaria "ver os
aspectos objetivos do que foi efetivamente acordado". O problema é que não existe acordo formal, de acordo com os revendedores.
Concorrência
Ribeiro teve ontem à tarde um
reunião com o ministro Rodolpho Tourinho para estudar medidas que facilitem a introdução de
concorrência entre os postos de
gasolina de Brasília.
Na segunda-feira, Tourinho disse que a SDE iria forçar a redução
de preços em Brasília, onde há indícios de formação de cartel,
usando uma medida preventiva.
A SDE está aguardando que a
ANP (Agência Nacional de Petróleo) envie material sobre o comércio de combustível em Brasília para decidir se adota ou não uma
medida preventiva que obrigue os
postos de gasolina a reduzirem os
preços.
A ANP informou que está mandando o material para a SDE em
partes e que ainda não concluiu o
estudo.
"Estamos aguardando os elementos que a ANP ficou de mandar. Se houver indícios da formação de cartel, a SDE vai tomar medidas legais", disse Ribeiro.
O secretário acrescentou que
não considera que o mercado de
comercialização de combustível
seja de "livre concorrência", porque há regulação feita pelo governo.
O secretário disse que a ANP
poderia intervir na formação de
preço, mas não especificou como.
O acordo que o governo anunciou com os distribuidores de
combustível foi discutido um dia
depois de uma reunião com os
usineiros, na qual o governo pressionou pela redução do preço do
álcool.
Antes dessa primeira reunião, o
governo já havia anunciado, na
semana passada, a redução da
mistura do álcool na gasolina de
24% para 20% e também o leilão
de parte dos estoques oficiais de
álcool para reduzir o preço do
produto.
Também não houve acordo
com os usineiros, que prometeram ao governo colocar no mercado parte dos seus estoques. O
governo está pressionando o setor de combustíveis (álcool e gasolina), cujos reajustes recentes
foram considerados elevados pelo
presidente.
O governo também está estudando outras medidas que podem forçar queda no preço do álcool: aumentar a alíquota de exportação do açúcar e reduzir a alíquota de importação do álcool.
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