São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Mercado aberto

País só cresce com reformas, diz BB DTVM

Se o governo não der prioridade às reformas no início de 2007, independentemente do candidato eleito para ocupar a Presidência da República, o Brasil pode pôr a perder todas as conquistas obtidas na economia nos últimos anos. Sem as reformas, o Brasil corre o risco de ter de voltar a conviver com os anos de estagflação, que é a combinação de inflação com recessão.
O alerta é do economista Nelson Rocha, presidente da BB DTVM, o braço do Banco do Brasil para administração de recursos, com mais de R$ 160 bilhões em ativos.
Segundo ele, o Brasil não pode desperdiçar esta oportunidade de adotar medidas que conduzam o país para o crescimento sustentável.
De acordo com Rocha, a mola mestra que irá fazer com que o país estenda essa fase de crescimento econômico para o longo prazo é o investimento. Para trazer de volta os investimentos, no entanto, o economista afirma que é fundamental aumentar o grau de confiança da economia. Daí a necessidade das reformas.
Rocha cita como fundamentais para que esse ciclo de crescimento tenha continuidade as reformas tributária, previdenciária, trabalhista e a independência ou autonomia do Banco Central.
Se essas reformas forem feitas, Rocha acha que o Brasil terá condições de manter um ritmo elevado de crescimento mesmo se houver uma piora no cenário internacional, como se prevê. "Se não fizermos as reformas, dificilmente daremos sustentação ao crescimento que estamos vendo agora", diz.
Rocha reconhece que o governo pode encontrar dificuldades principalmente no Congresso para encaminhar as reformas, mas ele acha que essa batalha deve ser travada. Hoje, há muitas distorções na economia que devem ser corrigidas, e a saída são as reformas.
De acordo com o economista, a estrutura tributária no país é esquizofrênica, o ajuste fiscal do governo está muito concentrado na política monetária, a legislação trabalhista não incentiva o crescimento do emprego, o BC tem uma autonomia de fato mas não de direito e ela é necessária para dar mais tranqüilidade ao mercado. São essas prioridades que Rocha gostaria de ver nos programas de governos dos candidatos à Presidência.

ASSÉDIO MORAL
O assédio moral é o mal do século do mundo corporativo. Com base em 20 anos de experiência em altos cargos de grandes empresas nacionais e internacionais e no meio acadêmico, Amalia Sina lança, na terça-feira, "A Outra Face do Poder" (editora Saraiva), em que trata do assunto e indica a necessidade de mudanças no ambiente de trabalho. "Este é o tema do momento, ainda que de forma velada. Por isso está se transformando em um câncer e, internacionalmente, já é uma epidemia", diz a executiva. Segundo ela, cerca de 3% do PIB mundial se perde com problemas decorrentes do assédio moral. "As empresas já sabem da importância do tema, mas ainda fingem não ver. Mas o assédio existe e é um problema da empresa."

MICRO E PEQUENAS
Jairo Klepacz, secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, anuncia na sexta, em Socorro, São Paulo, a entrada das empresas Microsoft, Microsiga, Intel, IBCD, AMD e Telefônica no programa Telecentros de Informação e Negócios do ministério para capacitação e inclusão digital de micro e pequenos empresários.

EMPREENDEDORISMO
A Fundação Staples para o Aprendizado, ligada a Staples, a maior fornecedora de material de escritório do mundo, com faturamento de US$ 16 bilhões, escolheu o Brasil para receber os recursos de sua primeira ação fora dos EUA. O investimento será de US$ 125 mil para o projeto chamado MudaMundo, que patrocina jovens para o empreendedorismo social.

BALCÃO GOURMET
Nova York ganhou, na terça-feira, novo restaurante do aclamado chef francês Joël Robuchon; entre os atrativos, além do menu, a própria cozinha, rodeada por um balcão para os clientes

ELETRICIDADE
Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética, pediu demissão do cargo de membro do conselho de Furnas Centrais Elétricas. O objetivo era blindar o governo de risco de denúncia de conluio nos leilões de energia, por deter informações diferenciadas, como demanda de energia, e atuar diretamente sobre a ação do leiloeiro.

CONSTRUÇÃO
A Fiesp lança hoje, em parceria com 93 entidades do setor, a UNC (União Nacional da Construção). Durante o evento, será apresentado o estudo "A Construção do Desenvolvimento Sustentado", que mostra o atual cenário do setor e o que é necessário fazer para que haja crescimento sustentável no país. Entre outros dados, o estudo mostra que, se o próximo governo investir R$ 11,7 bilhões por ano na recuperação e na expansão da malha rodoviária, R$ 6,8 bilhões por ano em geração e transmissão de energia, R$ 6 bilhões por ano na ampliação do acesso à água e ao esgoto e R$ 10,2 bilhões por ano na redução do déficit habitacional e no financiamento da habitação social, além de incentivos para aumentar em R$ 16,8 bilhões os investimentos em habitação, terá resultados, a curto prazo, como o acréscimo de 1,3% no PIB em relação aos valores de 2005, a criação de 877 mil novos postos de trabalho (expansão de 1,1% do emprego no país) e incremento de R$ 10,4 bilhões no valor dos impostos e contribuições arrecadadas. Depois da apresentação, o documento será entregue ao candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) e, posteriormente, a todos os outros.


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