São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Risco-país é o menor, ao contrário de 2002

Indicador de solvência cai 3,7% e vai a 208 pontos, em contraste com pico de 2.436 do período pré-eleitoral passado

Apesar de ter atingido o seu mais baixo nível histórico, risco brasileiro continua acima do de outros latinos, como México e Venezuela


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A parada no processo de alta da taxa básica de juros nos EUA deu novo ânimo ao mercado de títulos de dívidas de emergentes. O movimento permitiu que o risco-país do Brasil recuasse consideravelmente ontem, para alcançar seu mais baixo nível histórico -em contraste gritante com o período pré-eleitoral de 2002, quando bateu sua alta histórica de 2.436 pontos.
No fim das operações, o risco-país brasileiro marcava queda de 3,7%, a 208 pontos, patamar nunca antes registrado. Para os grandes investidores internacionais, risco menor indica que encolheram as chances de determinado país dar calote em suas dívidas. Assim, torna-se menos arriscado emprestar para países com risco mais baixo.
Dessa forma, quanto menor é o risco-país, menores são as taxas pagas pelo governo (e também pelo setor privado) na hora de captar recursos no mercado internacional. A oferta de recursos também tende a se ampliar nesse contexto.
O risco-país é calculado pelo banco de investimentos americano JP Morgan desde 1994. Para calcular o indicador, o banco leva em consideração uma cesta de títulos da dívida de um país. Nos momentos em que esses títulos são comprados com maior interesse -como ontem- e o valor deles sobe, o risco recua. E vice-versa.
No período pré-eleitoral de 2002, quando as incertezas em relação ao futuro do país eram grandes no exterior, os investidores se desfizeram dos títulos da dívida brasileira, o que levou o risco-país a 2.436 pontos.
"A decisão do Fed ajudou a acalmar um pouco o mercado, o que beneficiou os emergentes. A tendência é a de o risco-país continuar melhorando no curto prazo", disse Maristella Ansanelli, do banco Fibra.
O Fed (o BC dos EUA) decidiu na terça manter os juros básicos do país em 5,25% anuais, interrompendo um ciclo de alta que durou mais de dois anos. Se os juros pagos pelos papéis do Tesouro dos EUA deixam de subir, os títulos de emergentes (como o Brasil), que pagam mais, ganham atratividade.
"A decisão do Fed em manter a taxa de juros básica estável refletiu diretamente sobre os ativos financeiros dos países emergentes, como Bolsa, moedas, juros e títulos soberanos, e, conseqüentemente, no risco país", analisa Alex Agostini, economista da consultoria Austing Rating.

Latinos melhores
Mas, apesar de ter atingido seu mais baixo nível, o risco-país brasileiro ainda é superior ao de outros latino-americanos. Aos olhos dos grandes investidores, é menos arriscado emprestar para o México (risco de 116 pontos), o Peru (135 pontos) ou mesmo a Venezuela (190 pontos).


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