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Risco-país é o menor, ao contrário de 2002
Indicador de solvência cai 3,7% e vai a 208 pontos, em contraste com pico de 2.436 do período pré-eleitoral passado
Apesar de ter atingido o seu
mais baixo nível histórico,
risco brasileiro continua
acima do de outros latinos,
como México e Venezuela
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A parada no processo de alta
da taxa básica de juros nos EUA
deu novo ânimo ao mercado de
títulos de dívidas de emergentes. O movimento permitiu que
o risco-país do Brasil recuasse
consideravelmente ontem, para alcançar seu mais baixo nível
histórico -em contraste gritante com o período pré-eleitoral de 2002, quando bateu sua
alta histórica de 2.436 pontos.
No fim das operações, o risco-país brasileiro marcava queda de 3,7%, a 208 pontos, patamar nunca antes registrado.
Para os grandes investidores
internacionais, risco menor indica que encolheram as chances de determinado país dar calote em suas dívidas. Assim,
torna-se menos arriscado emprestar para países com risco
mais baixo.
Dessa forma, quanto menor é
o risco-país, menores são as taxas pagas pelo governo (e também pelo setor privado) na hora de captar recursos no mercado internacional. A oferta de
recursos também tende a se
ampliar nesse contexto.
O risco-país é calculado pelo
banco de investimentos americano JP Morgan desde 1994.
Para calcular o indicador, o
banco leva em consideração
uma cesta de títulos da dívida
de um país. Nos momentos em
que esses títulos são comprados com maior interesse -como ontem- e o valor deles sobe, o risco recua. E vice-versa.
No período pré-eleitoral de
2002, quando as incertezas em
relação ao futuro do país eram
grandes no exterior, os investidores se desfizeram dos títulos
da dívida brasileira, o que levou
o risco-país a 2.436 pontos.
"A decisão do Fed ajudou a
acalmar um pouco o mercado, o
que beneficiou os emergentes.
A tendência é a de o risco-país
continuar melhorando no curto prazo", disse Maristella Ansanelli, do banco Fibra.
O Fed (o BC dos EUA) decidiu na terça manter os juros básicos do país em 5,25% anuais,
interrompendo um ciclo de alta
que durou mais de dois anos. Se
os juros pagos pelos papéis do
Tesouro dos EUA deixam de
subir, os títulos de emergentes
(como o Brasil), que pagam
mais, ganham atratividade.
"A decisão do Fed em manter
a taxa de juros básica estável refletiu diretamente sobre os ativos financeiros dos países
emergentes, como Bolsa, moedas, juros e títulos soberanos, e,
conseqüentemente, no risco
país", analisa Alex Agostini,
economista da consultoria
Austing Rating.
Latinos melhores
Mas, apesar de ter atingido
seu mais baixo nível, o risco-país brasileiro ainda é superior
ao de outros latino-americanos. Aos olhos dos grandes investidores, é menos arriscado
emprestar para o México (risco
de 116 pontos), o Peru (135 pontos) ou mesmo a Venezuela
(190 pontos).
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