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Câmbio provoca demissão e afeta balança de eletrônicos
LG.Philips no Brasil deve cortar funcionários e deixar de vender para a Turquia
De janeiro a junho, Brasil
importou, em dólares, 29,4%
mais componentes ante
2005; capacidade ociosa de
fábricas no país aumenta
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A LG.Philips deverá demitir
quase 15% de seu quadro de
funcionários da unidade de São
José dos Campos (SP), com
1.380 trabalhadores. O corte é
atribuído à desvalorização do
dólar. A fábrica produz cinescópios (tubos de imagem), e hoje haverá reunião entre a direção da empresa e os trabalhadores para discutir a questão.
O câmbio desfavorável às exportações também fará a companhia deixar de vender cinescópios do Brasil para a Turquia.
A venda aos turcos dos tubos
para TVs de 14 e 20 polegadas
para os próximos meses ficará a
cargo das fábricas da China e da
Coréia do Sul. As informações
são do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos,
onde fica a fábrica. A companhia não fez comentários. Vários setores da indústria criticam o governo por conta da
desvalorização do dólar
-quem vende lá fora recebe
menos reais pelo produto.
Em reunião hoje na empresa,
sindicalistas e LG.Philips tentam buscar uma solução para
evitar cortes. "A venda do Brasil para fora deixou de valer a
pena para a empresa por causa
do câmbio", explica Adílson dos
Santos, presidente do sindicato. Com base na expectativa de
que a relação entre dólar e real
não deverá sofrer grande variação a curto prazo, a estimativa
da empresa é que, em 2007, a
fábrica da LG.Philips produza
1,7 milhão de cinescópios para
14 polegadas, outro 1,7 milhão
para 20 polegadas e 1,4 milhão
para as TVs de 21 polegadas.
Mas a capacidade de produção da unidade é de 7 milhões
de tubos, diz Santos. Ou seja,
haverá ociosidade -por isso, a
necessidade de cortes.
Companhias como LG.Philips e Samsung no Brasil aceleraram as importações de componentes e reduziram o fôlego
exportador, depois do tombo
do dólar. A sangria das importações de insumos eletrônicos
-há anos, esse é o segundo
item da balança brasileira em
volume importado- está estampada nos resultados mensais da balança comercial.
De janeiro a junho, o Brasil
importou, em dólares, 29,4%
mais componentes eletrônicos
ante 2005. Isso ocorre porque,
quando o dólar perde valor, fica
mais barato importar peças.
A Samsung Eletrônica da
Amazônia -uma das principais
empresas vendedoras de tubos
de imagem no Brasil- importou US$ 486 milhões em produtos de janeiro a junho, 72%
acima do verificado no ano passado. Dobrou o peso da empresa no giro total de importações
da balança brasileira no período, com 1,17% de participação
ao final de junho. Por conta das
maiores compras lá fora, a
Samsung é a sexta maior companhia importadora do Brasil
- em 2005, era a oitava.
A LG Electronics da Amazônia, unidade que fabrica TVs,
DVDs e outros eletrônicos,
comprou no exterior R$ 208
milhões no primeiro semestre
do ano -114,19% acima do apurado em 2005. Nessa conta, não
está a importação de peças para
celulares ou computadores, só
para a linha de imagem.
Tela plana
De janeiro a junho, o país importou 3,6 milhões de cinescópios para TVs, grande parte
vinda da Ásia -em todo o ano
de 2005, foram 3,8 milhões. A
forte demanda pelas TVs de tela plana de 20 e 29 polegadas
puxou essa importação. Só para
comprar os tubos, o país mandou para fora US$ 211 milhões
em seis meses. No ano passado
inteiro, foram R$ 262 milhões.
Não se trata só de tubos de
imagem. Eles têm a sua importância -custam US$ 58, em
média. Mas o país tem comprado de tudo, e essa expansão incomoda fabricantes nacionais.
Só não atrapalha tanto os resultados de empresas locais porque: 1) há forte demanda por
eletrônicos no mercado interno e as companhias nacionais
ainda têm um segmento a atender; 2) a recente greve dos auditores fiscais barrou importações por um período. Isso ampliou, em parte, a compra local.
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