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Brasil terá de importar mais trigo e algodão
Compra externa será maior devido à nova redução na estimativa da safra
Apesar da necessidade de
maior importação, a Conab
afirma que não há risco de desabastecimento porque
os estoques são suficientes
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a redução da estimativa
de safra de grãos para este ano,
o Brasil terá que elevar a importação de algodão e de trigo.
A Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento) afirma que
não há risco de desabastecimento. Ontem, o órgão divulgou a nona projeção de safra de
grãos do país para 2005/6, de
119,7 milhões de toneladas
-5,1% maior do que a última
safra, mas 2,9% menor do que a
primeira projeção.
"Nós temos estoques suficientes no Brasil hoje para o
abastecimento atual e não queremos fazer nenhum exercício
de futurologia para o próximo
ano. Não temos nenhuma previsão catastrófica com relação
ao abastecimento neste ano",
disse Jacinto Ferreira, presidente da Conab. Segundo ele,
as projeções para 2006/7 serão
feitas em novembro.
Para o trigo, no entanto, Ferreira já avalia que haverá diminuição de oferta. Houve queda
na área plantada neste ano e a
produção do cereal deverá cair,
com conseqüente redução de
oferta, que será suprida pelos
argentinos, diz ele. A safra argentina foi relativamente boa e
atingiu 14 milhões de toneladas, segundo Ferreira.
"Isso quer dizer duas coisas:
vamos gastar um pouco mais de
divisas na importação do trigo
argentino, mas, em compensação, o produto brasileiro deverá
se valorizar, porque vai ficar
mais escasso", avaliou.
A importação de trigo deverá
aumentar de 5,7 milhões de toneladas na safra 2005/6 para
6,8 milhões de toneladas na safra 2006/7. A produção nacional de trigo deverá ficar 30,2%
menor na safra atual em relação à safra passada.
Ainda de acordo com Ferreira, o Brasil precisará importar
algodão. Nesse caso, afirmou, a
recuperação da produção nacional será rápida. "O algodão
vai se recuperar rapidamente,
porque os preços estão bons.
No ano que vem, creio que não
será preciso importar."
Argentina acusa
A Federação Argentina da
Indústria de Moagem (Faim)
emitiu comunicado acusando a
alfândega brasileira de impor
barreiras não-tarifárias à entrada, no Brasil, de farinhas
pré-mescladas argentinas.
Segundo a entidade, desde a
semana passada a aduana determinou que toda a farinha
pré-mesclada argentina passe
obrigatoriamente por análise
de sua composição antes de ser
liberada para comercialização
no país -há diferenças entre as
alíquotas cobradas para a importação de trigo, farinhas e
pré-mesclas. Para o presidente
da Faim, Alberto España, a medida significará perda de US$
50 milhões anuais para o setor.
Colaborou FLÁVIA MARREIRO , de Buenos Aires
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