São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Economista sugere plano B para Brasil enfrentar crise

O mercado financeiro levou um susto ontem com mais um dia de turbulência nas Bolsas. O que mais preocupou o mercado foi a ação conjunta e aparentemente coordenada dos bancos centrais da Europa e dos Estados Unidos de socorrer os bancos privados com linhas especiais de crédito por perdas geradas no mercado americano de hipotecas imobiliárias de má qualidade.
A última vez que os BCs intervieram no mercado foi no atentado de 11 de setembro de 2001. Os BCs tanto da Europa como dos Estados Unidos injetaram liquidez durante dois dias e tranqüilizaram os mercados depois da intervenção. A ação das instituições acendeu a luz amarela nas mesas do mercado financeiro.
O problema, agora, é que ninguém sabe a extensão da crise. O que se desconhece é o tamanho da inadimplência que a crise no setor imobiliário nos EUA irá gerar no sistema financeiro global. Enquanto isso, os bancos preferem adotar mais cautela na concessão de empréstimos.
Diante de mais esse terremoto, que dessa vez foi um pouco mais forte do que os demais, o economista Alexandre Mathias, diretor do Unibanco, acha que o governo brasileiro deva começar a pensar em um plano B para enfrentar a crise, caso ela atinja proporções maiores. "O pessimismo aumentou", diz ele.
O que o economista sugere basicamente é que o governo inicie um plano de contingenciamento prevendo um corte maior de gastos públicos e uma reforma tributária para dar maior tranqüilidade ao mercado. Ele não afasta a possibilidade de o Banco Central ter de mudar a política monetária.
Segundo Mathias, o Brasil se encontra em uma situação favorável, com juros em queda, inflação controlada e reservas na casa dos US$ 158 bilhões, mas, mesmo assim, o risco-país não deixou de subir. Por isso, ele acha conveniente o país ter um plano B na gaveta.

Ford investe na Argentina

No meio de toda a turbulência no mercado financeiro, a Ford anunciou ontem à noite, em Buenos Aires, um investimento de US$ 160 milhões na Argentina para a fabricação de dois novos carros a serem lançados em 2008 e 2009. Os novos produtos ainda estão sendo mantidos em sigilo.
Segundo Rogélio Golfarb, diretor da Ford, os carros a serem fabricados na Argentina irão abastecer toda a América Latina, inclusive o Brasil. Assim como no Brasil, o setor automotivo vive na Argentina um dos melhores momentos da história. Em julho, o país registrou a maior venda de automóveis num único mês dos últimos 40 anos.
Golfarb afirma que a crise de energia no país vizinho preocupa, mas a Ford acredita que ela será superada a curto prazo. A montadora também irá adotar um sistema próprio de geradores para compensar eventuais problemas de "apagão".

EM OBRAS
O Salão de Arte, evento anual que reúne galerias de arte, antiquários e designers de jóias em São Paulo, abre no próximo dia 20 sua edição de 2007. Neste ano, Vera Chaccur Chadad, que assumiu a direção do evento em 2006, adotou mudanças como a redução do número de expositores de cerca de 90 para 65. "Temos até fila de espera agora, mas diminuímos o tamanho porque os visitantes ficavam cansados", diz Chadad. A outra mudança são as fotografias, que terão espaço pela primeira vez, com leilão de obras de brasileiros como Antonio Milena e Rosa Gauditano. Entre as atrações estão uma gravura de Rembrandt, datada de 1639, de R$ 70 mil, e "Mulata", de Di Cavalcanti, de 1961, de R$ 250 mil.

CÂMBIO FRACO
O próximo outono norte-americano promete ser o quarto consecutivo em que o dólar fraco faz com que os preços de artigos de moda parem nas alturas. O motivo, segundo reportagem do "New York Times", é a procedência das peças, em sua maioria produzidas na Europa. Comercializadas em euro, bem mais valorizado que a moeda americana, as peças ficam caríssimas quando vendidas nos EUA.

SEGUROS
O seguro para riscos financeiros está em alta, segundo dados do Sincor-SP (de corretores). De janeiro a junho o segmento cresceu 24% sobre igual período de 2006. A segunda maior alta foi a de seguro patrimonial, que faturou no primeiro semestre do ano 17,45% a mais do que no ano passado. No ranking geral, o setor de seguros cresceu 8,91%.

ESTRATÉGIA
Será lançado no Brasil, neste mês, o livro "O Antídoto" (editora Pearson), de Anand Sharma e Gary Hourselt. No livro, os autores fazem um roteiro com estratégias para as companhias manterem a vantagem competitiva em relação à concorrência. A técnica foi baseada no conceito "lean manufacturing", que trata da eliminação de desperdício. Anand Sharma é presidente da TBM Consulting, de gestão de processos.

EXPANSÃO
O Itaú inaugurou sua 50ª agência em 2007. No primeiro semestre, o banco abriu 45 novas agências no país, sendo 19 em São Paulo. O número é 45% superior ao dos primeiros seis meses de 2006, quando o banco tinha 31 inaugurações. No final do primeiro semestre, o banco tinha 2.678 agências, 255 unidades a mais ante junho de 2006.

TECNOLOGIA
Para auxiliar empresas na escolha das ferramentas de governança de TI, a Anefac promove, na terça, em SP, o seminário Governança, Frameworks, Controle e Implementação na Fundação Instituto de Administração da USP.

FOCO
A Campbell, a maior fabricante mundial de sopas, disse que poderá vender sua marca de chocolates de luxo Godiva Chocolatier para se concentrar no negócio de sopas, salgadinhos e bebidas. A Godiva tem vendas anuais de US$ 500 milhões.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA

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