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BCs agem, mas mercados têm forte queda
Após mais problemas no mercado de crédito americano, BC europeu empresta a cifra recorde de US$ 130 bilhões
Dow Jones recua 2,83%, a maior perda desde a turbulência de fevereiro; Bovespa registra queda de 3,28%, e risco sobe 5,14%
Timothy A. Clary/France Presse
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Corretores olham dados do índice Dow Jones na Bolsa de NY |
DA REDAÇÃO
Os mercados mundiais tiveram mais um dia de fortes quedas ontem, iniciadas após o
banco francês BNP Paribas ter
congelado três fundos ligados
ao setor de crédito imobiliário
americano. O anúncio e suas
repercussões fizeram o BCE
(Banco Central Europeu) e, em
menor escala, o Fed (BC dos
EUA) e o BC japonês injetarem
bilhões nos mercados para elevar sua liquidez, o que, para alguns analistas, elevou a tensão.
Em Nova York, o índice Dow
Jones teve seu maior recuo em
um dia desde a turbulência de
fevereiro, caindo 2,83%. No
Brasil, o índice Ibovespa teve
perdas de 3,28%, e o risco-país
subiu 5,14%, para 184 pontos.
As principais Bolsas européias fecharam em queda. O
FTSE 100, principal índice de
Londres, recuou 1,92%. Frankfurt caiu 2%, e Paris, 2,17%.
A turbulência atual nos mercados começou no último dia
24 e acontece pouco depois de
as principais Bolsas mundiais,
inclusive a paulista, terem batido recordes históricos.
Outros bancos europeus e
americanos já haviam suspendido fundos ligados ao mercado
imobiliário. Por isso a principal
novidade do dia foi a surpreendente ação do BCE, que emprestou cerca de 94,8 bilhões
(cerca de US$ 130 bilhões) para
49 bancos da região -a maior
injeção de dinheiro já feita pelo
órgão-, numa tentativa de corrigir a falta de liquidez.
O recorde anterior ocorreu
no dia 12 de setembro de 2001,
após os ataques terroristas nos
EUA, quando o BCE emprestou 69 bilhões -seguidos de
40 bilhões no dia seguinte.
Já o Fed agiu com mais parcimônia e injetou ontem no mercado US$ 24 bilhões (cerca do
dobro da sua média diária).
O BCE tomou a decisão de
conceder empréstimos a todas
as instituições que solicitassem
ajuda depois que a taxa de overnight (usada para operações de
um dia em empréstimos entre
bancos) chegou a 4,7%, acima
da meta de 4%. Essa elevação
indica que os bancos estão reduzindo a oferta de dinheiro,
em um momento em que os
prejuízos com a crise no mercado imobiliário residencial norte-americano, especialmente
no segmento "subprime" (empréstimos de alto risco), espalham-se por todo o mundo.
E pode piorar hoje. Após o fechamento do mercado ontem, a
Countrywide, maior financiadora imobiliária dos EUA, disse
que enfrenta problemas "sem
precedentes" no mercado de hipotecas que devem afetar seus
resultados de forma "desconhecida". Com as Bolsas abrindo em baixa hoje no Japão, o
banco central do país anunciou
a injeção de US$ 8,4 bilhões no
seu mercado financeiro.
A grande dúvida entre economistas é saber se a crise no mercado de crédito dos Estados
Unidos afetará os fundamentos
da maior economia do mundo,
gerando efeitos negativos além
dos mercados financeiros.
Muitos crêem que esse momento ainda não chegou e que a
turbulência pode servir até como um ajuste benéfico num
mercado extremamente líquido após anos de crescimento
global vigoroso. Mas há exceções: "Isso [a ação do BCE] foi
um minipânico. Todas as coisas
que foram negadas até agora estão aparecendo. As vendas ao
varejo nos EUA foram medíocres, o que mostra que o colapso
imobiliário está afetando o consumidor", disse Joseph Battipaglia, da firma Ryan Beck.
Outros crêem que a forte
ação do BCE possa ter até elevado os temores, alimentando o
pânico. "Existe uma crise de liquidez no sistema financeiro
que até mesmo os participantes
regulares [do mercado] estão
tendo dificuldades para compreender", disse Jane Caron, do
Dwight Asset Management.
O BNP Paribas, um dos maiores bancos europeus, informou
que a suspensão dos fundos ligados ao mercado imobiliário
dos EUA foi tomada porque a
crise no "subprime" tornou
"impossível avaliar alguns ativos corretamente, independentemente de sua qualidade ou
classificação de crédito".
Com agências internacionais
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