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Bovespa recua 3,28%, e dólar sobe 2,07%
Bolsa acompanha tensão mundial e já acumula perdas de 7,94% desde o início da turbulência; moeda dos EUA vai a R$ 1,926
Risco-país avança 5,14%; juros futuros de longo prazo sobem, mas investidores
ainda descartam fim do ciclo de redução da taxa pelo BC
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo teve ontem um de seus
piores pregões desde o início da
turbulência provocada pela crise no mercado de crédito imobiliário americano. Com queda
de 3,28%, a Bovespa esteve entre as que mais perderam.
O dólar saltou 2,07% e encerrou vendido a R$ 1,926. O risco-país, que havia recuado para os
patamares pré-crise na quarta-feira, avançou 5,14% ontem,
para os 184 pontos.
A notícia de que o banco BNP
Paribas congelou os resgates
em alguns de seus fundos, na
Europa, elevou a preocupação
dos investidores e provocou
uma nova onda de aversão ao
risco. Como ocorre nesses dias
de maior tensão, a ordem nas
mesas de operação é se desfazer de ativos de maior risco, especialmente ações e títulos da
dívida de emergentes.
Entre os latino-americanos,
houve baixas mais fortes na
Bolsa de Buenos Aires (-3,27%)
e na do México (-2,54%).
A Bolsa de Nova York perdeu
2,83%, e a Nasdaq caiu 2,16%.
"Ninguém sabe como a crise
do "subprime" [crédito imobiliário de maior risco nos EUA]
afetará os bancos, suas carteiras e a liquidez de cada instituição. A cada notícia negativa, os
receios do mercado se elevam,
o que acaba afetando a liquidez
de curto prazo. Por isso a atuação dos BCs foi importante",
diz Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB.
Ontem, os bancos centrais
europeu e americano injetaram
recursos no sistema financeiro,
preocupados com a queda na liquidez e a elevação das taxas de
juros de curto prazo.
No fim do pregão de quarta-feira, a Bovespa comemorava
valorização de 4,5% acumulada
na semana. Com as perdas de
ontem, esses ganhos semanais
recuaram para 1,11%.
Desde o pregão do dia 24 de
julho, quando o mercado começou a sofrer impactos mais fortes da crise originada nos problemas nos créditos hipotecários americanos, a Bovespa
amarga perdas de 7,94%.
No pregão de ontem, só 5 das
59 ações mais negociadas da
Bolsa, que formam o índice
Ibovespa, terminaram o dia
com alta. As duas maiores altas
do pregão ficaram com Gol PN
(2,54%) e TAM PN (2,51%)
-ações que perderam muito
valor nas últimas semanas,
após o acidente da TAM.
"O cenário de curto prazo
permanece incerto, com alta
volatilidade. Recomendo cautela, pois acredito que no médio
e longo prazos os fundamentos
positivos se sustentarão e prevalecerão", diz André Segadilha, da Prosper Corretora.
O dia enfrentado ontem pelo
mercado mostrou que os ativos
ainda estão sujeitos a muita oscilação no curto prazo. Qualquer notícia que desagrade aos
investidores internacionais e
mexa com o mercado financeiro global vai abalar a Bovespa.
O pregão da BM&F foi marcado pela alta nas taxas de juros
projetadas nos contratos DI de
prazo mais longo.
No DI (Depósito Interfinanceiro) mais negociado no pregão, que tem resgate programado para daqui a 30 meses, a taxa
subiu de 11,13% para 11,33%
anuais. No contrato que vence
em 18 meses, a taxa foi de
10,98% para 11,12% ao ano.
Ao menos por enquanto, os
investidores não pensam que o
Copom interromperá a queda
da taxa básica, a Selic, por isso
os contratos DI de curto prazo
pouco oscilaram ontem.
Bolsas asiáticas
As principais Bolsas asiáticas
começaram a operar em baixa
na abertura do pregão, reflexo
das turbulências de ontem nos
mercados mundiais. Às 23 horas, pelo horário de Brasília, o
índice Nikkei (Tóquio) caía
2,63%; em Xangai (China), a
queda era de 0,53%.
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