São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Bovespa recua 3,28%, e dólar sobe 2,07%

Bolsa acompanha tensão mundial e já acumula perdas de 7,94% desde o início da turbulência; moeda dos EUA vai a R$ 1,926

Risco-país avança 5,14%; juros futuros de longo prazo sobem, mas investidores ainda descartam fim do ciclo de redução da taxa pelo BC

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo teve ontem um de seus piores pregões desde o início da turbulência provocada pela crise no mercado de crédito imobiliário americano. Com queda de 3,28%, a Bovespa esteve entre as que mais perderam.
O dólar saltou 2,07% e encerrou vendido a R$ 1,926. O risco-país, que havia recuado para os patamares pré-crise na quarta-feira, avançou 5,14% ontem, para os 184 pontos.
A notícia de que o banco BNP Paribas congelou os resgates em alguns de seus fundos, na Europa, elevou a preocupação dos investidores e provocou uma nova onda de aversão ao risco. Como ocorre nesses dias de maior tensão, a ordem nas mesas de operação é se desfazer de ativos de maior risco, especialmente ações e títulos da dívida de emergentes.
Entre os latino-americanos, houve baixas mais fortes na Bolsa de Buenos Aires (-3,27%) e na do México (-2,54%).
A Bolsa de Nova York perdeu 2,83%, e a Nasdaq caiu 2,16%.
"Ninguém sabe como a crise do "subprime" [crédito imobiliário de maior risco nos EUA] afetará os bancos, suas carteiras e a liquidez de cada instituição. A cada notícia negativa, os receios do mercado se elevam, o que acaba afetando a liquidez de curto prazo. Por isso a atuação dos BCs foi importante", diz Roberto Padovani, economista-chefe do banco WestLB.
Ontem, os bancos centrais europeu e americano injetaram recursos no sistema financeiro, preocupados com a queda na liquidez e a elevação das taxas de juros de curto prazo.
No fim do pregão de quarta-feira, a Bovespa comemorava valorização de 4,5% acumulada na semana. Com as perdas de ontem, esses ganhos semanais recuaram para 1,11%.
Desde o pregão do dia 24 de julho, quando o mercado começou a sofrer impactos mais fortes da crise originada nos problemas nos créditos hipotecários americanos, a Bovespa amarga perdas de 7,94%.
No pregão de ontem, só 5 das 59 ações mais negociadas da Bolsa, que formam o índice Ibovespa, terminaram o dia com alta. As duas maiores altas do pregão ficaram com Gol PN (2,54%) e TAM PN (2,51%) -ações que perderam muito valor nas últimas semanas, após o acidente da TAM.
"O cenário de curto prazo permanece incerto, com alta volatilidade. Recomendo cautela, pois acredito que no médio e longo prazos os fundamentos positivos se sustentarão e prevalecerão", diz André Segadilha, da Prosper Corretora.
O dia enfrentado ontem pelo mercado mostrou que os ativos ainda estão sujeitos a muita oscilação no curto prazo. Qualquer notícia que desagrade aos investidores internacionais e mexa com o mercado financeiro global vai abalar a Bovespa.
O pregão da BM&F foi marcado pela alta nas taxas de juros projetadas nos contratos DI de prazo mais longo.
No DI (Depósito Interfinanceiro) mais negociado no pregão, que tem resgate programado para daqui a 30 meses, a taxa subiu de 11,13% para 11,33% anuais. No contrato que vence em 18 meses, a taxa foi de 10,98% para 11,12% ao ano.
Ao menos por enquanto, os investidores não pensam que o Copom interromperá a queda da taxa básica, a Selic, por isso os contratos DI de curto prazo pouco oscilaram ontem.

Bolsas asiáticas
As principais Bolsas asiáticas começaram a operar em baixa na abertura do pregão, reflexo das turbulências de ontem nos mercados mundiais. Às 23 horas, pelo horário de Brasília, o índice Nikkei (Tóquio) caía 2,63%; em Xangai (China), a queda era de 0,53%.


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