São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Mantega e Meirelles dizem que país está forte contra a crise

Ambos citam as reservas acima de US$ 150 bi, criticadas por muitos antes da turbulência, como fator de confiança

Ministro diz que papéis brasileiros não estão sendo descartados, e presidente do BC vê "normalidade" nos mercados do país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A volta da turbulência ao mercado financeiro não preocupa o ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Fundamentos macroeconômicos e as reservas internacionais respaldam a confiança dos investidores, argumentam os dois principais membros da equipe econômica do governo Lula.
Em mais um dia de queda dos principais mercados financeiros, Mantega afirmou ontem que os investidores não têm motivos para se preocupar porque o Brasil faz parte do time de nações "muito sólidas e habilitadas" a enfrentar situações de crise internacional: "O nervosismo não chegou ao Brasil. Acredito que o país está muito sólido para enfrentar uma situação com essa".
Meirelles também minimizou os efeitos que as turbulências do cenário externo podem ter sobre o país. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele afirmou que "o mercado brasileiro, ainda que também mostrando incremento de volatilidade, vem operando sob absoluta normalidade".
Citando medidas implementadas ou defendidas por ele, Meirelles disse ainda que "a maior resistência da economia brasileira a períodos de turbulência nos mercados financeiros internacionais deve-se a políticas como o regime de câmbio flutuante, a ampliação das reservas internacionais e o compromisso inequívoco com a estabilidade de preços".
Ainda assim, ressaltou que o BC "continuará monitorando" o desempenho dos mercados.
As reservas internacionais também foram destacadas positivamente pelo ministro da Fazenda. "Tem dólares sobrando", afirmou Mantega, ao lembrar que o atual patamar é mais de US$ 100 bilhões superior ao observado em maio de 2006. Segundo o BC, as reservas estavam em US$ 157,6 bilhões na quarta-feira passada.
Outro sinal de tranqüilidade veio de fora, segundo Mantega. Ontem, o Tesouro Nacional monitorou o mercado internacional de títulos da dívida. Conforme essa sondagem, os papéis brasileiros não têm sido alvo de vendas maciças -o que poderia indicar desconfiança com o país.
Apesar do discurso apaziguador, Mantega admitiu que a turbulência "agudizou" ontem. Essa piora, segundo ele, acaba sendo acelerada pela forte integração dos mercados e operações de refinanciamento -quando instituições tomam recursos emprestados para pagar outros empréstimos.
Mantega cita que essas transações são vistas principalmente no mercado dos Estados Unidos e Europa. Elas fariam com que um problema pontual acabe afetando outras instituições com o passar dos dias. "Aí fica um efeito dominó porque, se os primeiros não pagam, os segundos não pagam."
Mesmo com esse fenômeno, Mantega mantém o discurso de que o Brasil não deve sofrer com a crise.


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