São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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PEDRA NO CAMINHO?

FGV reconhece potencial de repasses, mas descarta "descontrole"

Aumento no consumo eleva IGP-DI para 1,31% em agosto

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A expansão do nível de atividade econômica nos últimos meses já mostra seus efeitos negativos sobre a inflação. O IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), divulgado ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), superou as expectativas e encerrou agosto com alta de 1,31%.
A taxa é maior do que o 1,14% de julho. Também está acima da média das expectativas das instituições financeiras (0,92%), apuradas pelo Banco Central.
A inflação de agosto, de acordo com a FGV, subiu embalada por aumentos de produtos no atacado, cujo consumo está aquecido. Esse movimento já aparecia no aço -que subiu 7,97% em agosto-, mas agora "contaminou" outros produtos, como papel e papelão, máquinas, equipamentos e caminhões e borracha.
Todos esses ramos, diz a FGV, estão com as vendas em alta e não têm muita capacidade ociosa em suas fábricas para ampliar a produção. Tal situação resulta no aumento dos preços.
Pressionado especialmente por esses ramos, o IPA (Índice de Preços por Atacado) registrou alta de 1,59% -ante 1,35% em julho.
"Com a demanda forte, há um terreno fértil para os aumentos de preço", disse Salomão Quadros, coordenador de análises da FGV.
Embora reconheça que haja "um potencial" de repasses para o consumidor final, Quadros afirmou que a inflação não está descontrolada. Para ele, os aumentos concentram-se em poucos itens.
Prova disso é que o núcleo da inflação (que exclui as maiores altas e baixas), muito observado pelo BC na hora de fixar os juros, não subiu na mesma velocidade do IPC. Ficou em 0,42%, ante 0,36% de julho.
"Não há uma generalização na inflação. O que aconteceu é que itens de muito peso tiveram altas expressivas", afirmou Quadros.
Na semana que antecede a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC tem repetido sua preocupação com a alta de preços. Cresce, portanto, a perspectiva de uma elevação da taxa básica de juros (hoje em 16%).
Segundo Quadros, a maioria dos reajustes está acontecendo em bens intermediários (utilizados para fazer outros produtos), por isso tendem a demorar mais para chegar ao consumidor final. O repasse, diz, também não deve ocorrer de forma integral.
Existem, porém, bens de consumo final cujos preços subiram no atacado em razão do aumento do custo das matérias-primas que também já mostram alta no varejo. É o caso de móveis e veículos, com reajustes ao consumidor de 1,71% e 1,15%, respectivamente.
Apesar desses aumentos, a maior pressão no IPC (Índice de Preços ao Consumidor) veio dos alimentos (1,63%), principalmente hortaliças e legumes (12,39%). O índice de agosto ficou em 0,79%, contra 0,59% de julho.


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