São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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Mercado futuro projeta juro maior

DA REPORTAGEM LOCAL

Os sinais dados pelo Banco Central e por integrantes do governo de que os juros podem ser elevados em breve já tiveram impacto no mercado financeiro. Na prática, apesar de a taxa básica estar inalterada desde maio, os juros estão mais elevados.
Desde a divulgação da ata da penúltima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em julho, as projeções dos juros futuros ficaram mais pressionadas.
A possível elevação da taxa básica de juros já está embutida nos contratos DI -que refletem as projeções futuras- negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
Os contratos DI são negociados principalmente entre as instituições financeiras, que, por sua vez, emprestam dinheiro às empresas. Como boa parte das lojas no país não tem capital próprio, elas precisam captar recursos no mercado financeiro para vender a prazo. Assim, as taxas finais podem acabar subindo mesmo que os juros básicos (Selic, que está em 16% ao ano) fiquem inalterados.
No contrato DI mais negociado na BM&F (com prazo de vencimento em janeiro de 2005), a taxa subiu de 16,42% no fim de julho para 16,78% anuais ontem.
Analistas financeiros avaliam que essa era mesmo a intenção do governo, ao levantar a possibilidade, nas duas últimas atas do Copom, de elevar os juros. Com a atitude -reforçada por declarações de membros do governo nos últimos dias-, os juros começaram a subir, sem o desgaste político de uma elevação da Selic.
Mas, como as expectativas em relação à inflação futura seguem pressionadas -como mostram as últimas pesquisas feitas pelo BC com instituições financeiras-, há economistas que acreditam que haverá uma alta dos juros na reunião do Copom que acontece na próxima semana.
"Para manter a coerência de seu atual discurso, o BC deve optar por aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, pois as expectativas de inflação seguem acima do considerado ideal pelo governo", diz Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse acreditar que baixar ou subir os juros meio ponto não atrapalharia o crescimento da economia. Para Guido Mantega, ministro do Planejamento, o crescimento da economia está assegurado e uma alteração nos juros não tem efeito imediato.
Para o departamento de estudos econômicos do Bradesco, "a margem de manobra do BC na próxima reunião do Copom diminuiu, apesar da melhora do petróleo e o dólar". Isso porque as expectativas sobre a inflação futura não cederam para voltar ao encontro da meta, como desejava o BC.
Se as taxas futuras insistem em permanecer em níveis mais elevados por determinado período, os consumidores e o setor privado podem sentir o encarecimento do crédito. (FABRICIO VIEIRA)


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