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Mercado futuro projeta juro maior
DA REPORTAGEM LOCAL
Os sinais dados pelo Banco
Central e por integrantes do governo de que os juros podem ser
elevados em breve já tiveram impacto no mercado financeiro. Na
prática, apesar de a taxa básica estar inalterada desde maio, os juros estão mais elevados.
Desde a divulgação da ata da penúltima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em
julho, as projeções dos juros futuros ficaram mais pressionadas.
A possível elevação da taxa básica de juros já está embutida nos
contratos DI -que refletem as
projeções futuras- negociados
na BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros).
Os contratos DI são negociados
principalmente entre as instituições financeiras, que, por sua vez,
emprestam dinheiro às empresas.
Como boa parte das lojas no país
não tem capital próprio, elas precisam captar recursos no mercado financeiro para vender a prazo. Assim, as taxas finais podem
acabar subindo mesmo que os juros básicos (Selic, que está em
16% ao ano) fiquem inalterados.
No contrato DI mais negociado
na BM&F (com prazo de vencimento em janeiro de 2005), a taxa
subiu de 16,42% no fim de julho
para 16,78% anuais ontem.
Analistas financeiros avaliam
que essa era mesmo a intenção do
governo, ao levantar a possibilidade, nas duas últimas atas do
Copom, de elevar os juros. Com a
atitude -reforçada por declarações de membros do governo nos
últimos dias-, os juros começaram a subir, sem o desgaste político de uma elevação da Selic.
Mas, como as expectativas em
relação à inflação futura seguem
pressionadas -como mostram
as últimas pesquisas feitas pelo
BC com instituições financeiras-, há economistas que acreditam que haverá uma alta dos juros
na reunião do Copom que acontece na próxima semana.
"Para manter a coerência de seu
atual discurso, o BC deve optar
por aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, pois as expectativas
de inflação seguem acima do considerado ideal pelo governo", diz
Newton Rosa, economista-chefe
da Sul América Investimentos.
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, disse acreditar que
baixar ou subir os juros meio
ponto não atrapalharia o crescimento da economia. Para Guido
Mantega, ministro do Planejamento, o crescimento da economia está assegurado e uma alteração nos juros não tem efeito imediato.
Para o departamento de estudos
econômicos do Bradesco, "a margem de manobra do BC na próxima reunião do Copom diminuiu,
apesar da melhora do petróleo e o
dólar". Isso porque as expectativas sobre a inflação futura não cederam para voltar ao encontro da
meta, como desejava o BC.
Se as taxas futuras insistem em
permanecer em níveis mais elevados por determinado período, os
consumidores e o setor privado
podem sentir o encarecimento do
crédito.
(FABRICIO VIEIRA)
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