São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Bolsa não é termômetro, afirma Loyola

Depois de mais um dia de incertezas, a Bolsa no Brasil voltou a cair ontem 4,5%, deixando no ar muitas dúvidas em relação ao rumo que a crise financeira global irá tomar. Recebido com euforia na segunda, o pacote de socorro do Tesouro americano às agências de hipotecas imobiliárias americanas Fannie Mae e Freddie Mac acabou se mostrando insuficiente para reverter o clima pessimista do mercado.
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da Tendências, chama a atenção, no entanto, para o fato de que a Bolsa não deve servir de termômetro para avaliar a saúde da economia brasileira. O importante, a seu ver, é que se olhe para a macroeconomia. A Bolsa sofre forte influência do comportamento das ações de empresas ligadas a commodities, a exemplo de Petrobras e Vale. "A Bolsa não é o espelho da economia brasileira", diz.
Para Loyola, o mais importante é olhar para outros números, como os do crescimento da economia. Hoje, por exemplo, o IBGE divulga o resultado do PIB do segundo trimestre deste ano e as previsões são otimistas. O mercado estima crescimento de 5,2% em relação ao segundo trimestre de 2007 e de 1% em comparação ao período de janeiro a março de 2008.
A partir do segundo semestre, o PIB deverá sofrer um processo de desaceleração em razão da crise global e também pelo fato de o Banco Central ter elevado os juros a partir de abril, mas Loyola não acha que será uma queda forte. Sua previsão é que o país cresça cerca de 5% neste ano e 4,5% em 2009. O Brasil, a seu ver, não vai crescer abaixo de 3,5%.
Para Loyola, esse pessimismo dos mercados ontem se deve ao fato de ainda existir muita incerteza em relação ao futuro da crise. Enquanto não houver percepção mais clara principalmente sobre a trajetória da economia americana, o ex-BC acha que a instabilidade continuará.
Ontem, o quadro ainda se agravou com as incertezas em relação ao futuro do Lehman Brothers depois de serem encerradas as negociações com o banco estatal sul-coreano Korea Development Bank. As ações do Lehman Brothers caíram quase 50%. Loyola, porém, não está pessimista. Acha que a economia mundial crescerá menos, mas não enxerga nenhuma catástrofe pela frente. "As perdas serão digeridas."

VIZINHANÇA
O jornalista Ricardo Lessa lança o livro "Brasil e Estados Unidos: O que Fez a Diferença" (editora Civilização Brasileira, 160 págs). Lessa analisa a formação dos países e as diferenças históricas e de mentalidade entre o Brasil e os Estados Unidos. O autor compara os processos de colonização, a ocupação da terra e a independência dos países. Para o autor, a abolição tardia da escravidão é um dos principais fatores que explicam a desvantagem do Brasil ante os EUA.

CASO ENRON

ADVOGADOS DE INVESTIDORES RECEBERÃO US$ 688 MI Os advogados dos investidores da Enron devem receber US$ 688 milhões em honorários por terem conseguido recuperar mais de US$ 7,2 bilhões dos bancos, empresas de auditoria e diretores da companhia, conforme determinou uma juíza federal dos EUA, segundo a Bloomberg. Trata-se dos maiores honorários já pagos em casos de fraude com valores mobiliários. Os investidores da Enron solicitavam judicialmente mais de US$ 40 bilhões para cobrir seus prejuízos.

ESTUDANTE
A empresa de engenharia e desenvolvimento de software Chemtech dobrou seu investimento em treinamento interno e externo neste ano, chegando a cerca de R$ 5 milhões, que representam 5% do faturamento. A busca por engenheiros não vai parar, segundo Luiz Eduardo Rubião, diretor-geral da empresa, que tem mil funcionários, sendo 85% engenheiros. Hoje, seus principais projetos são atuações na refinaria Abreu e Lima, do Nordeste, e no Complexo Petroquímico do Rio. "Por isso temos investido muito nas relações com universidades." A empresa vai realizar, dentro da feira Rio Oil & Gas, na próxima semana, a final de sua maratona de engenharia -competição entre alunos de 18 universidades.

TERRITÓRIO
A Lawson Software, fornecedora norte-americana de software de gestão empresarial, está estruturando atuação direta na América Latina, com escritórios em São Paulo, México e Chile.
Está hoje em São Paulo Brian Sterrett, vice-presidente da empresa para a AL.
A expectativa é que a região responda por 5% do faturamento em 2011. Hoje o número é menor que 1%.

CONHECIMENTO
A Fundação Lemann, o IFB (Instituto Futuro Brasil) e o Ibmec-SP realizam, amanhã, o seminário "Conhecimento e inovação para competitividade no Brasil", que debaterá estudo do pesquisador Alberto Rodriguez, do Banco Mundial. O trabalho mostra os desafios do país para geração de riqueza a partir da inovação e da economia do conhecimento.

NA LINHA
A linha de financiamento Banco do Brasil Giro Empresa Flex registrou, no início do mês, saldo utilizado de R$ 5 bilhões. O produto é destinado a pessoas jurídicas com faturamento superior a R$ 2,1 milhões/ ano e que tenham, no mínimo, 12 meses de atividade. Cerca de 12,8 mil clientes são atendidos, com contratos que ultrapassam R$ 6,4 bilhões.

HOLA A Apex-Brasil organizará, na próxima semana, uma rodada de negócios entre empresários brasileiros e cubanos e um seminário sobre oportunidades de comércio. As iniciativas são uma prévia aos interessados em participar da 26ª Feira Internacional de Havana, de 3 a 8 de novembro. Entre os focos, estão alimentos, casa e construção, máquinas e equipamentos e tecnologia e saúde.

Preço no varejo cai em agosto, diz Fecomercio

A Fecomercio SP divulga hoje que o IPV (Índice de Preços no Varejo) caiu 0,07% em agosto. É a primeira queda desde fevereiro. Dos 21 grupos de produtos analisados, 9 tiveram deflação. Em 12 meses, o IPV subiu 5,60% e, neste ano, 3,87%.
Julia Ximenes, assessora econômica da Fecomercio, diz que é cedo para falar em desaceleração de preços. "Só nove grupos tiveram deflação e os índices acumulados em 12 meses ainda são altos."
Os preços nos supermercados, no segmento de vestuário, tecidos e calçados e nas feiras ajudaram a diminuir a pressão em agosto, com quedas de 0,19%, 0,36% e 1,38%, respectivamente.
Alimentos "in natura", no entanto, continuam pressionados pela alta das commodities e por questões sazonais. Carnes suínas, tubérculos, produtos de beleza, frutas e aves registraram incremento de 2,02%, 3,09%, 3,26%, 3,98% e 6,09%.
Os materiais de construção subiram 1,08% no período -foi a 14ª elevação seguida do setor, que acumula alta de 19,91% se comparado ao mesmo mês do ano passado.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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