São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Analista vê "pânico" no mercado americano

DA REDAÇÃO

As persistentes preocupações com os bancos e com o mercado imobiliário dos EUA retiraram das Bolsas, pelo menos ontem, o fôlego do plano de socorro do governo americano para as duas grandes empresas de financiamento imobiliário, a Fannie Mae e a Freddie Mac. Além disso, a queda no preço do petróleo elevou o temor de desaceleração global.
Com as ações de bancos registrando os maiores recuos, o índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, caiu 280,01 pontos (queda de 2,43%) e perdeu praticamente todos os ganhos do dia anterior, quando avançou 289,78 pontos. Já o S&P 500 (mais amplo, que reúne 500 grandes empresas americanas) se desvalorizou em 3,41%, a maior queda desde fevereiro de 2007.
As ações do Lehman Brothers caíram 44,95% e atingiram seu menor nível desde 1998, com o rumor de que fracassaram as negociações com o banco de desenvolvimento do governo sul-coreano para comprar uma parte da instituição.
Com as pressões, o banco antecipou para hoje o balanço do terceiro trimestre fiscal -marcado anteriormente para semana que vem- e disse que anunciará "medidas estratégicas importantes". Estima-se que o banco terá perdas de até US$ 4 bilhões no trimestre.
Desde que o Bear Stearns foi adquirido pelo JPMorgan, no fim de março, o Lehman Brothers (que perdeu US$ 2,8 bilhões no segundo trimestre) é constantemente apontado como a próxima instituição a cair.
Mas a preocupação não ficou restrita ao Lehman Brothers, com as ações de outros bancos, como Washington Mutual, Wachovia e Citigroup, tendo quedas expressivas.
"As pessoas estão correndo em busca de segurança", disse Frank Ingarra, gerente de portfólio da Hennessy Advisors. "É simplesmente pânico. Todo mundo está com medo de ser pego em uma situação como a de um Bear Stearns."
Analistas aprovam a ajuda do governo, mas afirmam que muitos problemas da economia não foram contemplados no plano de resgate. "Voltamos mais uma vez aos fundamentos [econômicos]", disse Denis Amato, da Ancora Advisors.
Segundo ele, o plano de socorro do governo Bush "não cria prosperidade". "Só porque você fez algumas mudanças financeiras não significa que a economia ficará melhor de uma hora para outra."
Para Phil Orlando, da Federated Investors, existe um temor crescente de que a ajuda a Fannie Mae e Freddie Mac "não resolve o aperto no crédito, não cria empregos, não soluciona o gasto do consumidor. Existem questões estruturais e de fundamentos econômicos que continuam e vão levar de 12 a 18 meses até que esses problemas fiquem para trás".
Já o setor imobiliário (epicentro da crise atual) sofreu mais um abalo, com as vendas pendentes de casas recuando mais que o esperado. A comercialização dessas residências (que é quando o vendedor aceitou a oferta, mas o negócio não foi ainda fechado) caiu 3,2% em julho ante o mês anterior -o recuo em 12 meses é de 6,8%. A Associação Nacional de Corretores disse ainda que a venda de casas nos EUA caminha para cair 11% neste ano.
O setor petrolífero também teve as suas ações afetadas, com a queda do preço do barril e a expectativa de que a Opep (cartel que produz 40% da oferta mundial) mantivesse a sua produção. Companhias como Valero, ExxonMobil e Chevron tiveram recuos expressivos.
Também ontem o Escritório de Orçamento do Congresso elevou em US$ 20 bilhões, para US$ 407 bilhões, a sua estimativa de déficit federal dos EUA no atual ano fiscal (que termina neste mês). A entidade, porém, ressalta que o cálculo não leva em conta o socorro a Fannie Mae e Freddie Mac.


Com agências internacionais


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