São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Petróleo recua a US$ 100, e Opep decide cortar produção

Corte equivale a 2% da produção do cartel; barril chega a ser cotado a US$ 99 em Londres

Em comunicado, Opep afirma que mercado está "sobreabastecido" e, por isso, decidiu reduzir extração diária em 520 mil barris

DA REDAÇÃO

Após o preço do petróleo ficar abaixo de três dígitos em Londres, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu cortar a produção diária em cerca de 520 mil barris durante os próximos 40 dias, informou ontem o presidente do cartel, Chakib Khelil.
O corte, equivalente a quase 2% da produção total da Opep, tem o objetivo de ajustar a produção à cota oficial, de 28,8 milhões de barris por dia.
"Como o mercado está sobreabastecido, [a Opep decidiu] cumprir com as cotas de produção de setembro de 2007, em um total de 28,8 milhões de barris por dia, nível que os países-membros se comprometeram a cumprir estritamente", afirmou o cartel, por meio de comunicado.
Para a Opep, a oferta atual de petróleo é superior à demanda, o que pode provocar um colapso nos preços, diante de um cenário de desaceleração econômica mundial.
Ontem, em Londres, o combustível chegou a ficar abaixo da marca de três dígitos pela primeira vez desde abril.
Vários dirigentes da Opep (responsável por cerca de 40% da produção mundial) chegaram a sinalizar que o corte na oferta de petróleo não ocorreria, o que ajudou a derrubar o preço em mais de US$ 3.
Também contribuiu para a queda a expectativa de que o furacão Ike não atinja fortemente o golfo do México, onde está concentrada cerca de 25% da produção de petróleo dos EUA.
Em Nova York, a cotação do barril recuou 2,9%, para US$ 103,26, e fechou em seu menor nível em mais de cinco meses. Depois de atingir seu pico no começo de julho, o preço já teve queda de 28,9%. Já o barril tipo Brent, negociado em Londres, chegou a ser comercializado a US$ 99,04 (o menor preço desde 2 de abril) e terminou o dia valendo US$ 100,34 -queda de 3% ante o pregão anterior.
O presidente do cartel disse, antes da reunião de ontem, em Viena, que o mais provável era que a produção não fosse alterada. Ele afirmou ainda que, no longo prazo, o preço deverá ficar entre US$ 70 e US$ 110 o barril. No fim de junho, ele disse que o produto valeria de US$ 150 a US$ 170 até este mês e que, depois, o preço cairia. Dois meses antes, o dirigente afirmou que a cotação poderia chegar a US$ 200.
Mesmo a Venezuela, que costuma apoiar ações para elevar os preços do barril, disse que não há necessidade imediata de diminuir a produção. "Achamos que podemos manter os níveis atuais de produção", afirmou o ministro de Energia venezuelano, Rafael Ramírez.
A reunião da Opep aconteceu ontem em Viena (Áustria) e só começou à noite -depois do fechamento dos mercados internacionais- devido ao Ramadã (período sagrado para os muçulmanos, em que eles jejuam durante o dia).
Um dos motivos para o recuo do petróleo nos últimos meses, com queda de mais de US$ 40 em pouco mais de dois meses, é a desaceleração da economia global. No segundo trimestre, por exemplo, o Japão (a segunda maior economia mundial) e a zona do euro tiveram retrações. A economia norte-americana cresceu 3,3% de abril a junho na taxa anualizada, mas os consumidores vêm sendo afetados pelo aumento da inflação, devido à alta dos preços da energia.

Indonésia
A Opep também anunciou ontem que aceita a saída da Indonésia do seu quadro de integrantes, o que havia sido requerido pelo país.
"A conferência [da Opep] aceitou com pesar o desejo da Indonésia de deixar a organização", afirmou a Opep, por meio de comunicado.


Com agências internacionais


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