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Concorrência em telefonia no país não assusta, diz Vivendi
Grupo francês, que fez oferta pela GVT, quer acelerar crescimento da empresa brasileira
Franceses têm interesse
no mercado de programas de TV pela internet no Brasil e dizem planejar estratégia
de longo prazo para a GVT
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Apesar de a oferta de compra
da empresa de telefonia GVT
contemplar uma companhia
pequena e de não estar familiarizado com o mercado brasileiro, o grupo francês Vivendi diz
não temer a concorrência das
grandes companhias.
"Estamos confiantes. Teremos concorrência no Brasil como temos em outros mercados", disse ontem o presidente
da Vivendi, Jean-Bernard Lévy,
quando questionado por analistas sobre a presença da espanhola Telefónica no Brasil.
Em uma teleconferência realizada ontem, porém, Lévy não
quis comentar a respeito de
uma eventual contraoferta de
compra da GVT pela Telefónica. Essa possibilidade foi aventada por um dos analistas que
participaram do encontro.
O mercado não recebeu bem
a proposta da Vivendi. Ontem
os papeis da empresa fecharam
em baixa de 2,40% em Paris,
com ação cotada a 19,53.
Para alguns analistas, a Vivendi não conhece bem o mercado brasileiro. Para outros, o
valor da oferta foi considerado
muito elevado.
Lévi, no entanto, defendeu
os planos de oferta de R$ 5,4 bilhões pela GVT. Ele afirmou
que o preço é razoável, levando
em consideração que a GVT é
uma empresa rentável, com
uma dívida baixa e com um
modelo econômico simples e
inovador. Segundo Lévy, a
transação será lucrativa para a
Vivendi a partir de 2010.
A direção da GVT disse ontem esperar que o negócio com
o grupo resulte na continuidade do "crescimento acelerado"
da empresa.
"O mercado brasileiro de telecomunicações é muito dinâmico, atrativo e com grande
potencial de expansão", afirmou à Folha o presidente executivo da GVT, Amos Genish.
O executivo disse que o país
conseguiu enfrentar os efeitos
da crise econômica global, o
que ajudou nos planos de expansão da companhia.
Segundo dados oficiais da
GVT, com sede em Curitiba, o
faturamento em 2008 foi de
R$ 1,3 bilhão, um crescimento
de 34% em comparação a 2007.
A empresa vem registrando
expansão média anual de 31%,
tem 5.160 funcionários e cerca
de 2,3 milhões de linhas telefônicas instaladas.
Mercados emergentes
Os mercados emergentes
têm sido um dos focos da estratégia da Vivendi para assegurar
a sua liderança mundial no setor de comunicação e entretenimento. "Esse é o nosso primeiro passo no continente",
afirmou Lévy sobre os planos
para a América Latina.
Entre outras empresas, a Vivendi possui a Universal Music,
além de ter participação em
companhias de telefonia e televisão nos Estados Unidos, no
Marrocos e na França.
Mas o presidente da Vivendi
se esquivou quando um investidor quis saber sobre futuras
aquisições do grupo no Brasil.
"Não está na nossa agenda hoje", limitou-se a comentar, mas
disse que outras empresas com
o mesmo perfil da GVT podem
ser interessantes no futuro.
Ele afirmou que o objetivo do
grupo é que o número de linhas
em serviço, incluindo banda
larga e VoIp, de 2,3 milhões da
GVT, passe a 22 milhões "no
longo prazo". Outro projeto, segundo Lévy, será o mercado de
programas de TV pela internet
por assinatura. Como proprietária do Canal +, líder do segmento de TV por assinatura na
França, a Vivendi poderia partilhar conteúdo com a GVT.
Todos os projetos no Brasil,
entretanto, esbarram na autorização dos acionistas da GVT.
Levy afirmou, ontem, que "está
muito confiante" em que o conselho de administração da empresa brasileira aprove a oferta.
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