São Paulo, quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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Concorrência em telefonia no país não assusta, diz Vivendi

Grupo francês, que fez oferta pela GVT, quer acelerar crescimento da empresa brasileira

Franceses têm interesse no mercado de programas de TV pela internet no Brasil e dizem planejar estratégia de longo prazo para a GVT

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Apesar de a oferta de compra da empresa de telefonia GVT contemplar uma companhia pequena e de não estar familiarizado com o mercado brasileiro, o grupo francês Vivendi diz não temer a concorrência das grandes companhias.
"Estamos confiantes. Teremos concorrência no Brasil como temos em outros mercados", disse ontem o presidente da Vivendi, Jean-Bernard Lévy, quando questionado por analistas sobre a presença da espanhola Telefónica no Brasil.
Em uma teleconferência realizada ontem, porém, Lévy não quis comentar a respeito de uma eventual contraoferta de compra da GVT pela Telefónica. Essa possibilidade foi aventada por um dos analistas que participaram do encontro.
O mercado não recebeu bem a proposta da Vivendi. Ontem os papeis da empresa fecharam em baixa de 2,40% em Paris, com ação cotada a 19,53.
Para alguns analistas, a Vivendi não conhece bem o mercado brasileiro. Para outros, o valor da oferta foi considerado muito elevado.
Lévi, no entanto, defendeu os planos de oferta de R$ 5,4 bilhões pela GVT. Ele afirmou que o preço é razoável, levando em consideração que a GVT é uma empresa rentável, com uma dívida baixa e com um modelo econômico simples e inovador. Segundo Lévy, a transação será lucrativa para a Vivendi a partir de 2010.
A direção da GVT disse ontem esperar que o negócio com o grupo resulte na continuidade do "crescimento acelerado" da empresa.
"O mercado brasileiro de telecomunicações é muito dinâmico, atrativo e com grande potencial de expansão", afirmou à Folha o presidente executivo da GVT, Amos Genish.
O executivo disse que o país conseguiu enfrentar os efeitos da crise econômica global, o que ajudou nos planos de expansão da companhia.
Segundo dados oficiais da GVT, com sede em Curitiba, o faturamento em 2008 foi de R$ 1,3 bilhão, um crescimento de 34% em comparação a 2007.
A empresa vem registrando expansão média anual de 31%, tem 5.160 funcionários e cerca de 2,3 milhões de linhas telefônicas instaladas.

Mercados emergentes
Os mercados emergentes têm sido um dos focos da estratégia da Vivendi para assegurar a sua liderança mundial no setor de comunicação e entretenimento. "Esse é o nosso primeiro passo no continente", afirmou Lévy sobre os planos para a América Latina.
Entre outras empresas, a Vivendi possui a Universal Music, além de ter participação em companhias de telefonia e televisão nos Estados Unidos, no Marrocos e na França.
Mas o presidente da Vivendi se esquivou quando um investidor quis saber sobre futuras aquisições do grupo no Brasil. "Não está na nossa agenda hoje", limitou-se a comentar, mas disse que outras empresas com o mesmo perfil da GVT podem ser interessantes no futuro.
Ele afirmou que o objetivo do grupo é que o número de linhas em serviço, incluindo banda larga e VoIp, de 2,3 milhões da GVT, passe a 22 milhões "no longo prazo". Outro projeto, segundo Lévy, será o mercado de programas de TV pela internet por assinatura. Como proprietária do Canal +, líder do segmento de TV por assinatura na França, a Vivendi poderia partilhar conteúdo com a GVT.
Todos os projetos no Brasil, entretanto, esbarram na autorização dos acionistas da GVT. Levy afirmou, ontem, que "está muito confiante" em que o conselho de administração da empresa brasileira aprove a oferta.


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