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Tráfego maior compensará baixas tarifas, afirma OHL
Oferta pelo trecho Curitiba-Florianópolis foi 29% inferior à do 2º menor lance
Para responsável pelo grupo no Brasil, expectativa de alta do PIB deve gerar aumento no número de veículos nas estradas
DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O presidente da OHL Brasil,
José Carlos Ferreira de Oliveira, disse ontem que as baixas
tarifas que ofereceu serão recompensadas pelo aumento do
tráfego e que as dúvidas sobre
sua viabilidade são "críticas de
perdedor".
"Nós acompanhamos há
muito tempo esse processo
[que teve início em 1997]. Os
estudos que realizamos para
basear as propostas foram muito bem feitos", afirmou ontem
após a abertura dos envelopes
na Bovespa (Bolsa de Valores
de São Paulo).
Segundo o representante de
um consórcio concorrente ouvido pela Folha durante o leilão de ontem, a desvalorização
das ações da OHL demonstra a
desconfiança do mercado em
relação à capacidade de a empresa cumprir as exigências do
edital e manter um negócio
rentável.
"São críticas de perdedor. Isso sempre tem. Mas não temos
dúvidas de que seremos capazes de cumprir [com as exigências do edital]", disse Oliveira.
A oferta da OHL pelo trecho
entre Curitiba e Florianópolis
foi de R$ 1,028, valor 29% menor do que o R$ 1,45 oferecido
pela BRVias (segundo menor
lance). Já o pedágio a ser cobrado na Fernão Dias será de R$
0,997, valor 13,3% menor do
que o R$ 1,15 oferecido pela
BRVias.
Para ele, a expectativa de aumento do PIB (Produto Interno Bruto) deve gerar aumento
no número de veículos que trafegarão pelos cinco trechos arrematados pela empresa.
O diretor-geral da ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres), José Alexandre Resende, e o secretário-executivo do Ministério dos
Transportes, Paulo Sérgio Passos, concordaram que o crescimento econômico pode impulsionar o aumento do tráfego.
"Situação curiosa"
Resende disse ter se impressionado com os baixos valores
das tarifas ganhadoras. "É sinal
de que houve uma maior competição. Quem sai ganhando
são os usuários, que pagam a tarifa mais módica possível."
Questionado sobre o fato de
duas empresas de origem espanhola, a OHL e a Acciona, terem dominado o leilão de ontem, Resende disse apenas que
considera isso "curioso". "É, de
fato, uma situação curiosa. Ainda é cedo para dizer [o significado da vitória]", afirmou. O diretor-geral da ANTT disse também acreditar que a OHL é uma
empresa "forte".
A OHL detém 60% das ações
da OHL Brasil, que administra
quatro concessões rodoviárias
no interior de São Paulo: Vianorte, Intervias, Centrovias e
Autovias, no total de 1.147 km.
O grupo também está presente
em países como México, Venezuela e Argentina.
Mesmo o consórcio brasileiro BRVias, que acabou levando
a BR-153 (que cruza o Estado
de SP), cogitou se associar à espanhola Acciona para entrar no
leilão. Em setembro, elas chegaram a anunciar uma sociedade que implicava investimento
de US$ 8,16 bilhões.
Questionado sobre o porquê
de a parceria não ter vingado, o
representante da Acciona no
Brasil, Ricardo Rios, desconversou. "Não falaremos disso
hoje [ontem], pois é dia de festa." Ele afirmou que a empresa
emitirá uma nota a respeito do
leilão. A espanhola arrematou a
BR-393 (que vai da divisa entre
Minas Gerais e o Rio de Janeiro
até a entrada da via Dutra), com
a tarifa de R$ 2,94.
(JOÃO CARLOS MAGALHÃES e PAULO DE ARAUJO)
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