São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tráfego maior compensará baixas tarifas, afirma OHL

Oferta pelo trecho Curitiba-Florianópolis foi 29% inferior à do 2º menor lance

Para responsável pelo grupo no Brasil, expectativa de alta do PIB deve gerar aumento no número de veículos nas estradas

DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O presidente da OHL Brasil, José Carlos Ferreira de Oliveira, disse ontem que as baixas tarifas que ofereceu serão recompensadas pelo aumento do tráfego e que as dúvidas sobre sua viabilidade são "críticas de perdedor".
"Nós acompanhamos há muito tempo esse processo [que teve início em 1997]. Os estudos que realizamos para basear as propostas foram muito bem feitos", afirmou ontem após a abertura dos envelopes na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Segundo o representante de um consórcio concorrente ouvido pela Folha durante o leilão de ontem, a desvalorização das ações da OHL demonstra a desconfiança do mercado em relação à capacidade de a empresa cumprir as exigências do edital e manter um negócio rentável.
"São críticas de perdedor. Isso sempre tem. Mas não temos dúvidas de que seremos capazes de cumprir [com as exigências do edital]", disse Oliveira.
A oferta da OHL pelo trecho entre Curitiba e Florianópolis foi de R$ 1,028, valor 29% menor do que o R$ 1,45 oferecido pela BRVias (segundo menor lance). Já o pedágio a ser cobrado na Fernão Dias será de R$ 0,997, valor 13,3% menor do que o R$ 1,15 oferecido pela BRVias.
Para ele, a expectativa de aumento do PIB (Produto Interno Bruto) deve gerar aumento no número de veículos que trafegarão pelos cinco trechos arrematados pela empresa.
O diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), José Alexandre Resende, e o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, concordaram que o crescimento econômico pode impulsionar o aumento do tráfego.

"Situação curiosa"
Resende disse ter se impressionado com os baixos valores das tarifas ganhadoras. "É sinal de que houve uma maior competição. Quem sai ganhando são os usuários, que pagam a tarifa mais módica possível."
Questionado sobre o fato de duas empresas de origem espanhola, a OHL e a Acciona, terem dominado o leilão de ontem, Resende disse apenas que considera isso "curioso". "É, de fato, uma situação curiosa. Ainda é cedo para dizer [o significado da vitória]", afirmou. O diretor-geral da ANTT disse também acreditar que a OHL é uma empresa "forte".
A OHL detém 60% das ações da OHL Brasil, que administra quatro concessões rodoviárias no interior de São Paulo: Vianorte, Intervias, Centrovias e Autovias, no total de 1.147 km. O grupo também está presente em países como México, Venezuela e Argentina.
Mesmo o consórcio brasileiro BRVias, que acabou levando a BR-153 (que cruza o Estado de SP), cogitou se associar à espanhola Acciona para entrar no leilão. Em setembro, elas chegaram a anunciar uma sociedade que implicava investimento de US$ 8,16 bilhões.
Questionado sobre o porquê de a parceria não ter vingado, o representante da Acciona no Brasil, Ricardo Rios, desconversou. "Não falaremos disso hoje [ontem], pois é dia de festa." Ele afirmou que a empresa emitirá uma nota a respeito do leilão. A espanhola arrematou a BR-393 (que vai da divisa entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro até a entrada da via Dutra), com a tarifa de R$ 2,94.
(JOÃO CARLOS MAGALHÃES e PAULO DE ARAUJO)


Texto Anterior: Paulo Rabello de Castro: A CPMF e o burro falante
Próximo Texto: Consórcio com donos da Gol obtém concessão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.