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Expansão econômica permitiu preço baixo de pedágio, diz Dilma
Para ministra, estabilidade criou ambiente favorável para investimento em concessão por 25 anos com tarifas menores
Dilma nega que tarifas mais
baixas possam significar
menos qualidade na
manutenção das rodovias e
minimiza domínio espanhol
LETÍCIA SANDER
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) disse que o governo
só tem "motivos para comemorar" com o resultado do leilão
de sete trechos de rodovias federais, concluído ontem. Para
ela, os "preços bastante baixos"
dos pedágios obtidos no leilão
são resultado da estabilidade e
do crescimento econômico.
"Isso reflete um comportamento, eu acho, dos investidores, que tem a ver com a estabilidade econômica, com a queda
da taxa de juro, com a redução
do risco Brasil, com o fato de
que hoje é possível um investidor supor que investir no Brasil
em uma concessão de rodovia
por 25 anos, a preços significativamente mais baixos do que
qualquer um preço praticado
no Brasil nos últimos tempos
no que se refere a pedágios, é
um bom negócio", afirmou.
Para Dilma, o deságio obtido
nos pedágios é fruto do interesse pelo leilão. Segundo ela, a diferença de preços entre os trechos se deve ao fato de alguns
deles serem mais competitivos
que outros.
Para o ministro Alfredo Nascimento (Transportes), a licitação servirá como modelo para
novas concessões e as taxas de
retorno dos investimentos deverão ser mantidas em patamares mais baixos, similares aos
8,95% praticados nesse leilão.
"Com o deságio, a taxa deve
ter ficado abaixo disso. Estávamos discutindo o tempo todo se
a taxa de retorno era baixa, se
afastaria empresas do leilão, o
que não era verdade. Pelos preços praticados, podemos pensar em novas concessões."
A próxima licitação marcada
é a das BR-324 e BR-116, na Bahia, que terão editais lançados
em dezembro. Ele informou
que o governo reduzirá o prazo
da concessão dessas rodovias
de 25 para 15 anos.
Dilma negou que as tarifas
mais baixas possam significar
menos qualidade na manutenção das rodovias leiloadas. "Pela primeira vez, temos de fato
leilões em que a disputa foi
acirrada. É isso o que responde
pela queda do preço."
Ela também minimizou o fato de o grupo OHL, de origem
espanhola, ter sido vencedor da
maior parte do leilão. "[Isso]
evidencia que as práticas de
empresas internacionais podem contribuir para que aqui,
no Brasil, tenhamos, também,
tarifas mais compatíveis com
as do resto do mundo."
Histórico
Os sete trechos foram os primeiros a serem concedidos à
iniciativa privada no governo
Lula. O processo de concessão
das rodovias federais para as
empresas privadas se arrasta
desde 1999, quando a idéia surgiu, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.
Em 2000, o TCU (Tribunal
de Contas da União) suspendeu
o processo de privatização após
denúncias de irregularidades.
Já no governo Lula, as discussões sobre a privatização
dos sete lotes de rodovias foram retomadas. O leilão foi
anunciado e adiado por diversas vezes. Em fevereiro de
2006, por exemplo, o governo
chegou a dizer que o leilão
ocorreria em maio daquele ano.
Mas uma série de divergências entre o TCU e governo federal sobre os critérios para a
elaboração do edital atrasou
novamente o processo.
Em novembro de 2006, o
TCU liberou o processo de privatização, que poderia ocorrer
já em março. Por decisão de
Dilma, entretanto, a privatização foi novamente paralisada.
O governo temia que o pedágio
ficasse muito alto para o usuário. Ontem, a ministra disse
que a decisão de rever os cálculos foi "importante", pois permitiu deságios significativos.
Colaborou LORENNA RODRIGUES ,
da Folha Online em Brasília
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