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FMI diz estar pronto para empréstimos "mais ágeis"
Para diretor do Fundo, é preciso ação rápida para socorrer países em dificuldade
Dominique Strauss-Khan afirmou que, apesar de ter "fundamentos sólidos", Brasil sentirá os efeitos do desaquecimento global
DO ENVIADO A WASHINGTON
O diretor-gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn,
disse ontem que "o mundo está
à beira de uma recessão" e
anunciou que o Fundo está
pronto para socorrer, "com empréstimos mais ágeis", países
em dificuldades.
Strauss-Khan qualificou como "muito grave" a atual crise,
mas disse acreditar que há tempo para "resolver a situação se
agirmos de forma rápida, vigorosa e coordenada".
Suas declarações foram dadas pela manhã, em entrevista
coletiva, e antes da nova e forte
queda da Bolsa de Valores de
Nova York. Apesar da ação
coordenada de vários países na
quarta, quando houve pacotes
de ajuda e corte de juros, os
mercados continuam a reagir
negativamente.
O francês Strauss-Khan afirmou que, diante da piora do
quadro internacional, os países
emergentes já têm à disposição
no Fundo um mecanismo que
dará mais agilidade na liberação de empréstimos, caso isso
seja necessário.
Nos programas tradicionais
de ajuda do FMI, os países têm
de montar planos de política
macroeconômicas que podem
levar meses para serem concluídos. Por esse novo mecanismo, já utilizado recentemente
por poucos países como Turquia e Indonésia, o programa é
montado em dez dias. E a primeira parcela do dinheiro liberado é proporcionalmente bem
maior do que nos programas
tradicionais.
O FMI tem hoje cerca de US$
196 bilhões em seu caixa. O valor equivale a pouco mais de
10% das perdas que as instituições financeiras já tiveram na
atual crise.
Brasil
Strauss-Khan disse que agora está claro que nenhum país
está "imune" à crise e que a tese
de que alguns se "descolariam"
do epicentro do problema, os
EUA, era equivocada.
"Pode acontecer algum atraso e alguma perda de força das
ondas da crise até que elas cheguem aos mercados emergentes, mas haverá conseqüências", disse.
Sobre o Brasil, Strauss-Khan
afirmou que o país tem hoje
"fundamentos sólidos". "Mas,
mesmo em boa forma, os efeitos do desaquecimento global
serão sentidos no país", afirmou, lembrando que o FMI reduziu a previsão de crescimento brasileiro para 3,5% no ano
que vem, contra 5,2% em 2008.
"Mas, para alguns países, como o meu, 3,5% de crescimento
seria um grande sucesso. Para o
Brasil, 3,5% obviamente não é
bom." A França deve crescer
0,8% neste ano e 0,2% em
2009.
Apesar de uma expectativa
de queda geral no crescimento
dos mercados emergentes, os
países em desenvolvimento,
segundo Strauss-Khan, poderão ser responsáveis por 100%
do crescimento mundial (projetado em 3%, na média) no ano
que vem. O FMI espera crescimento zero ou negativo na
maior parte das economias
avançadas.
Banco Mundial
Também em entrevista ontem, o presidente do Banco
Mundial, Robert Zoellick, afirmou que a crise financeira tende a deteriorar rapidamente a
situação dos países mais pobres
atendidos por programas do
banco.
Segundo ele, 28 países já estão "vulneráveis do ponto de
vista fiscal" por estarem gastando mais com petróleo e alimentos nos últimos anos e que
mais de 44 milhões de pessoas
estão ameaçadas de desnutrição.
(FERNANDO CANZIAN)
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