São Paulo, sexta-feira, 10 de outubro de 2008

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FMI diz estar pronto para empréstimos "mais ágeis"

Para diretor do Fundo, é preciso ação rápida para socorrer países em dificuldade

Dominique Strauss-Khan afirmou que, apesar de ter "fundamentos sólidos", Brasil sentirá os efeitos do desaquecimento global

DO ENVIADO A WASHINGTON

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, disse ontem que "o mundo está à beira de uma recessão" e anunciou que o Fundo está pronto para socorrer, "com empréstimos mais ágeis", países em dificuldades.
Strauss-Khan qualificou como "muito grave" a atual crise, mas disse acreditar que há tempo para "resolver a situação se agirmos de forma rápida, vigorosa e coordenada".
Suas declarações foram dadas pela manhã, em entrevista coletiva, e antes da nova e forte queda da Bolsa de Valores de Nova York. Apesar da ação coordenada de vários países na quarta, quando houve pacotes de ajuda e corte de juros, os mercados continuam a reagir negativamente.
O francês Strauss-Khan afirmou que, diante da piora do quadro internacional, os países emergentes já têm à disposição no Fundo um mecanismo que dará mais agilidade na liberação de empréstimos, caso isso seja necessário.
Nos programas tradicionais de ajuda do FMI, os países têm de montar planos de política macroeconômicas que podem levar meses para serem concluídos. Por esse novo mecanismo, já utilizado recentemente por poucos países como Turquia e Indonésia, o programa é montado em dez dias. E a primeira parcela do dinheiro liberado é proporcionalmente bem maior do que nos programas tradicionais.
O FMI tem hoje cerca de US$ 196 bilhões em seu caixa. O valor equivale a pouco mais de 10% das perdas que as instituições financeiras já tiveram na atual crise.

Brasil
Strauss-Khan disse que agora está claro que nenhum país está "imune" à crise e que a tese de que alguns se "descolariam" do epicentro do problema, os EUA, era equivocada.
"Pode acontecer algum atraso e alguma perda de força das ondas da crise até que elas cheguem aos mercados emergentes, mas haverá conseqüências", disse.
Sobre o Brasil, Strauss-Khan afirmou que o país tem hoje "fundamentos sólidos". "Mas, mesmo em boa forma, os efeitos do desaquecimento global serão sentidos no país", afirmou, lembrando que o FMI reduziu a previsão de crescimento brasileiro para 3,5% no ano que vem, contra 5,2% em 2008.
"Mas, para alguns países, como o meu, 3,5% de crescimento seria um grande sucesso. Para o Brasil, 3,5% obviamente não é bom." A França deve crescer 0,8% neste ano e 0,2% em 2009.
Apesar de uma expectativa de queda geral no crescimento dos mercados emergentes, os países em desenvolvimento, segundo Strauss-Khan, poderão ser responsáveis por 100% do crescimento mundial (projetado em 3%, na média) no ano que vem. O FMI espera crescimento zero ou negativo na maior parte das economias avançadas.

Banco Mundial
Também em entrevista ontem, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, afirmou que a crise financeira tende a deteriorar rapidamente a situação dos países mais pobres atendidos por programas do banco.
Segundo ele, 28 países já estão "vulneráveis do ponto de vista fiscal" por estarem gastando mais com petróleo e alimentos nos últimos anos e que mais de 44 milhões de pessoas estão ameaçadas de desnutrição.
(FERNANDO CANZIAN)


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