São Paulo, sábado, 10 de outubro de 2009

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Após menos de dois anos, TAM volta a trocar presidente

Empresa anuncia saída de David Barioni e nomeia vice de Finanças como interino

Para analistas, decisão foi desencadeada com a entrada do banco BTG na gestão da holding e com resultado financeiro abaixo do esperado


Leonardo Wen - 23.abr.09/Folha Imagem
David Barioni Neto, que comandou a TAM por quase 2 anos, junto a avião da empresa em Congonhas

DA REPORTAGEM LOCAL

O comandante David Barioni Neto não é mais presidente da TAM, a maior companhia aérea do país. Em seu lugar assume interinamente o vice-presidente de Finanças, Líbano Miranda Barroso, que está na diretoria da companhia desde 2004.
No comunicado, a TAM informa que Barioni deixa a presidência, e a empresa, por decisão própria. Analistas consultados pela Folha dizem que ele não tinha outra opção.
Barioni foi tirado da Gol pela família Amaro, controladora da TAM, para assumir a presidência da companhia em novembro de 2007. Seu antecessor, Marco Antonio Bologna, tinha levado a empresa a resultados financeiros consistentes, mas a empresa perdeu em qualidade de serviço e ainda teve de enfrentar o acidente no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em julho de 2007, sem contar a crise dos aeroportos, em 2006. Bologna deixou o comando da TAM, mas continuou no Conselho de Administração.
Em seu lugar na presidência, Barioni decidiu turbinar a qualidade do serviço, diferencial da TAM, e promover a expansão da companhia com mais rotas internacionais. A crise financeira, que estourou no segundo semestre do ano passado, atrapalhou seus planos.
O preço do combustível, cotado em dólar, elevou os custos, e os resultados financeiros foram ruins. Em 2008, a TAM teve prejuízo de R$ 1,3 bilhão, após fortes perdas com operações de hedge de combustível e a depreciação do real diante do dólar em razão da crise.
No primeiro trimestre de 2009, o lucro líquido da companhia foi de apenas R$ 56 milhões e no trimestre seguinte o resultado também esteve abaixo das expectativas.

Mudanças no horizonte
Em julho, a família Amaro contratou o BTG, banco de André Esteves, para administrar a TEP (holding que concentra o patrimônio da família) e assessorar a TAM em seu plano futuro de expansão. Desde então, André Esteves e Marco Antônio Bologna passaram a representar a família diante do Conselho de Administração.
Já naquele momento, estava sendo considerada pela família e pelo Conselho a troca de comando da empresa. No centro dessa discussão estava a diferença de gestão entre Bologna, que presidiu a TAM entre 2004 e 2007, e Barioni.
Bologna focou sua gestão em resultados financeiros. Barioni decidiu priorizar aspectos operacionais. Seu plano de gerar receita com os voos internacionais acabou comprometendo sua gestão. O revés derradeiro foi a decisão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) de liberar as tarifas dos voos internacionais. Em seu favor, Barioni contou com a decisão de trocar, antecipadamente, os pitots dos jatos Airbus da frota da TAM. Esse equipamento teria provocado o acidente da Air France, em junho.
A relação da TAM com sócios do BTG vem desde a época em que eles comandavam o banco Pactual -que fez a abertura de capital da empresa, em 2005. Pelo contrato com a TAM, o BTG não participa do capital, mas é remunerado integralmente conforme a performance de suas ações no mercado.


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