Até o final deste mês, "Extra Perto" terá oito lojas, todas de porte menor

Para o empresário, grupo está "subindo uma ladeira" e resultados devem melhorar; clientes notam que preços no Pão de Açúcar caem, diz

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Chega ao mercado a nova rede de supermercados do grupo Pão de Açúcar. Chama-se "Extra Perto", e a primeira unidade -com 130 metros quadrados- foi discretamente inaugurada no último dia 1º, no bairro da Liberdade, em São Paulo. Outras duas lojas serão abertas na próxima semana. No total, o grupo terá oito unidades com a bandeira até o final deste mês e outras duas unidades até o Natal -somando dez pontos. Irá concorrer diretamente com os chamados supermercados de vizinhança - pequenas lojas que crescem a taxas mais elevadas que a média do setor.
"Se tiver um Dia% [rede do Carrefour] do lado da rua, com preço de "hard discount" [lojas de desconto], vamos ter preços para competir com eles. E o sortimento se adaptará ao público da loja, seja ele de maior ou menor renda. Com o "Extra Perto", teremos flexibilidade maior", diz Hugo Bethlem, diretor executivo do grupo.
O plano de expansão da rede, que inclui o anúncio dessa nova bandeira, fez parte de uma conversa ontem entre o alto comando da rede -incluindo Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração da grupo- e analistas de mercado. A cadeia informou que, no último trimestre do ano, irá abrir 26 lojas das 28 programadas para o ano. Será em ritmo rápido. O número anterior, divulgado pela empresa, falava em 18 novos pontos no ano. "Mantemos em sigilo que o volume poderia ser maior", disse Caio Mattar, diretor de expansão.
Ontem, aos analistas, Abilio disse que o grupo está "avançando bem, tornou-se mais competitivo [em relação aos preços que pratica]", mas que a atual situação da empresa ainda está "longe do que se esperava". O empresário refere-se aos recentes resultados financeiros do grupo, que mostram um desempenho afetado por maiores custos (com a demissão de pessoal e a reestruturação de negócios) e que fizeram a rede fechar o terceiro trimestre com queda de 55,2% no lucro.
"Estamos com um programa de redução de custos em pleno funcionamento e estando indo bem. Estamos mais magros, mais ágeis", diz ele. O grupo demitiu oito diretores e 80 gerentes, para evitar "bateção de cabeça", segundo Cassio Casseb, presidente do grupo. Agilidade e leveza seriam necessários numa eventual disputa por mercado com a maior rede de varejo do mundo, o Wal-Mart.
Por diversas vezes, Abilio e os diretores do grupo disseram ontem que já sentem resultados nas vendas por conta da política de redução de preços nas lojas neste ano, inclusive no Pão de Açúcar, rede com fama de preços altos. "O consumidor começa a desconfiar que não está pagando mais caro pela compra", afirmou.


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