São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Fatia de mercado da BRA recuou para 2,4%

Ela tinha 4,6% de participação em setembro, mas crise financeira reduziu operação da companhia no mês passado

Absorção de rotas da BRA pela OceanAir deve fazer empresa crescer rapidamente, diz consultor

A forte crise financeira da BRA, que a levou a pedir a suspensão de suas operações na última terça-feira, refletiu em sua participação de mercado nos vôos domésticos, que recuou de 4,6% em setembro para 2,4% no mês passado, segundo dados divulgados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A BRA operava 10 aviões e fazia 26 rotas nacionais e 3 internacionais, com 35 vôos domésticos de segunda a sexta. A empresa ainda continua com as aeronaves, já que a Justiça rejeitou ontem pedido de trabalhadores do Rio de Janeiro de penhora de bens da companhia para garantir o pagamento dos funcionários. A OceanAir, que segundo os últimos dados tem 2,6% de participação nos vôos domésticos, opera 33 aviões.
A absorção da BRA pela Ocean Air, segundo Paulo Sampaio, consultor do setor de aviação, deverá acontecer devido ao interesse nas rotas e aeronaves da empresa, o que daria condições a OceanAir de crescer rapidamente. "Os aviões da BRA são muito maiores, se isso realmente acontecer vai ser um salto para a companhia poder competir no mercado."
As aeronaves da BRA, diz, já tinham sido oferecidas pela empresa de leasing Jaco à Web Jet, mas a entrada da OceanAir na BRA pode esquentar as negociações. "Se aparece outra empresa com credibilidade e respaldo financeiro, a empresa de leasing vai querer sentar para conversar."
Já para Respício do Espírito Santo Jr, professor de Transporte Aéreo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) um acordo entre Ocean Air e BRA seria um grande risco operacional, já que o negócio seria mais interessante justamente por causa dos aviões. "A OceanAir não levaria vantagem nisso, a empresa teria aeronaves alienígenas na sua frota, hoje composta pelos Fokker 100 e 50."
Mais previsível, afirma, seria uma aquisição por parte da Web Jet, que já opera o mesmo tipo de aeronave -o Boeing 737- da BRA.
O professor explica que mesmo se a empresa tentar usar o modelo da Varig, que foi dividida em duas empresas, não é algo que deveria acontecer tão rápido. "A BRA teria que entrar na lei de recuperação de empresas para, aí sim, separar o que pode ser interessante para a venda no mercado."
Para Lúcia Helena Salgado, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a atitude rápida do governo diante do desaparecimento de uma companhia aérea é bem-vinda. "É importante que haja outro ator que tenha condições de ocupar algum espaço no mercado e que de reduzir essa questão do duopólio [Tam que se perpetua e traz custos."
De acordo com ela, os problemas da BRA estão muito associados à administração, mau tratamento dos passageiros, mas isso não seria repassado para a imagem da Ocean Air. "É um mercado flexível,se a Ocean Air buscar seguir na linha baixos preços terá condições de crescer."


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