São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Revisão eleva alta do PIB de 2005 para 3,2%

Mudança no cálculo do setor de serviços é principal responsável pelo aumento da taxa, que era de 2,9%, segundo o IBGE

Crescimento médio anual nos três primeiros anos de Lula foi de 3,3%, ante 2,8% dos três últimos anos do governo Fernando Henrique

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Revisão dos dados do PIB (Produto Interno Bruto) de 2005 elevou a variação verificada naquele ano para 3,2%, maior do que a taxa de 2,9% anunciada preliminarmente em março, anunciou ontem o IBGE. Apesar do aumento, o crescimento da economia em 2005 continuou abaixo do verificado em 2004, quando a variação chegou a 5,7%.
A revisão dos dados acontece porque, quando o instituto divulgou, em março, dados referentes a 2005, algumas pesquisas anuais de setores específicos da economia e outros dados usados no cálculo final, como os de Imposto de Renda da pessoa jurídica, ainda não estavam prontos.
Essa mais recente revisão já foi realizada de acordo com a nova metodologia de estimativa do PIB, que modificou o peso de alguns setores e incluiu na base de dados para esse cálculo pesquisas que antes não eram consideradas. A última taxa de 2005 divulgada com a metodologia antiga indicava um crescimento de 2,3%.
Com essa nova revisão do PIB, o crescimento médio anual verificado nos três primeiros anos do governo Lula (2003, 2004 e 2005) foi de 3,3%. O crescimento médio anual nos três últimos anos do governo FHC (2000, 2001 e 2002) ficou em 2,8%.
As atividades que sofreram maior variação dos dados preliminares, divulgados em março, para os definitivos, anunciados ontem, foram a agropecuária e a de serviços. No caso da agropecuária, a revisão do crescimento foi para baixo: em vez de ter variado 1%, o crescimento foi de 0,3%. No caso de serviços, aconteceu o contrário: os dados preliminares, de 3,4%, foram revistos para cima e chegaram a 3,7%.
Como o peso do setor de serviços é muito maior do que o agropecuário, a variação positiva de 0,3 ponto percentual em serviços da taxa preliminar para a definitiva mais do que compensou a diminuição de 0,7 ponto em agropecuária.
Na avaliação de Marcel Pereira, economista-chefe da RC consultores, a revisão dos dados do PIB de 2005 não deve afetar as projeções do mercado para o crescimento de 2007 ou dos próximos anos.
"A variação [de 0,3 ponto percentual] não é significativa, tanto que o valor agregado mudou apenas na casa do bilhão [de R$ 2,148 trilhões para R$ 2,147 trilhões]. Foi apenas um ajuste na conta sem grandes efeitos no volume do PIB do país e nada que vá alterar as previsões que o mercado tem hoje para 2007", afirma ele.
Segundo Pereira, a maior variação do cálculo preliminar para o definitivo no setor de serviços não é de surpreender, já que foi nesse setor em que o IBGE mais fez alterações no cálculo do PIB pela nova metodologia: "É natural que, num primeiro momento, o instituto acabe dando uma escorregada em sua primeira apuração".
Roberto Olinto, coordenador de contas nacionais do IBGE, explica que a maior variação da divulgação preliminar para a definitiva verificada no cálculo da taxa de crescimento da atividade agropecuária aconteceu por causa da incorporação no cálculo de pesquisas anuais mais detalhadas sobre lavoura e pecuária. "Em geral, no entanto, os setores mantiveram um comportamento estável", afirma Olinto.
Com a revisão dos dados do PIB de 2005, foi refeito também o cálculo da taxa de investimento do país naquele ano. A última divulgação, em março, indicava um percentual de 16,3%. Ontem, essa proporção caiu para 15,9%. Ambos os valores são abaixo da taxa que aparecia para 2005 no cálculo feito ainda com a metodologia antiga, de 20,6% do PIB.
Outro dado revisto ontem pelo IBGE mostra que, de 2001 a 2003, a taxa de crescimento da exportação de bens e serviços era muito maior do que a de importação. Em 2004 e 2005, no entanto, o crescimento dessas duas áreas foi muito parecido, com a exportação de bens e serviços tendo variado 9,3%, e a de importação, 8,5%.


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