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Setor informal responde por 10% da economia brasileira
DA SUCURSAL DO RIO
A divulgação dos dados definitivos do PIB de 2005 permitiu ao IBGE esmiuçar melhor
dados como a contribuição de
cada setor da economia para o
crescimento naquele ano.
O instituto mostrou, por
exemplo, que 59% das ocupações eram informais. No entanto, na hora de calcular o valor
agregado pelo setor informal à
economia, o percentual não
passou de 10,1%.
Essa aparente contradição
entre uma presença muito
grande do setor informal nas
ocupações, mas muito pequena
em termos de quanto ele agrega
à economia, é explicada por
duas razões. A primeira é que a
renda gerada por esse tipo de
emprego é, em média, menor
do que a dos empregos formais.
A segunda tem a ver com a
metodologia de cálculo desses
indicadores. Um pedreiro que
faz um trabalho temporário para uma grande empresa de
construção, por exemplo, entra
no cálculo de ocupações informais por não ter vínculo formal
com seu empregador. No entanto, o valor produzido por ele
nesse serviço acaba entrando
no cálculo da produção do setor
formal, já que a empresa para a
qual ele trabalhou temporariamente é formalizada.
"Não é possível, nas pesquisas do IBGE, identificar o
quanto um trabalhador informal produziu inserido dentro
de uma atividade formal. A gente não consegue chegar a uma
empresa e perguntar qual a
porcentagem de sua produção
foi feita por um trabalhador
formal e qual foi realizada por
um informal", explica Roberto
Olinto, do IBGE.
Apesar dessa limitação, Olinto diz que o patamar de 10% é
muito parecido com o verificado em outros países que também analisam o peso da informalidade em suas economias.
"O número de empregos formais pode ser muito alto, mas a
produtividade dessa atividade é
muito baixa. O percentual [do
valor agregado pelo setor informal] não é muito mais do que
isso [apontado pelo IBGE]".
Na avaliação de José Julio
Senna, sócio-diretor da MCM
Consultores, a alta taxa de informalidade e sua baixa produtividade ajuda a explicar por
que o Brasil cresce menos do
que outros países que lideram
os rankings de crescimento
econômico.
"Parte significativa do crescimento econômico chinês é explicada pela migração de empregos de setores de baixíssima
produtividade, como a agricultura rudimentar, para outros
de alta produtividade, como as
indústrias no setor urbano. Esse trabalhador que migra de um
setor para outro acaba produzindo mais bens e turbinando o
avanço chinês", diz Senna.
Para ele, o dado indica a necessidade de reformular a legislação trabalhista para atrair, no
país, mais pessoas que estão no
setor informal para o formal.
"Esse alto percentual de quase 60% de ocupações informais
mostra que, se conseguíssemos
fazer reformas que facilitem a
migração desses trabalhadores
para o setor formal, o Brasil poderia dar um salto fantástico no
crescimento econômico. Dentro do setor formal, é muito
mais fácil treinar o trabalhador,
e ele próprio terá mais estímulo
para investir em sua capacitação", diz Senna.
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