São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Acqua Dot é seguro, afirma importadora

Empresa responsável no Brasil diz que não foi detectada substância tóxica no brinquedo; Inmetro não mediu toxidade

Long Jump diz ter pedido para retirar o brinquedo, que pode ter substância tóxica, das lojas brasileiras apenas "por precaução"

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Long Jump, que importa o brinquedo Bindeez Acqua Dot, cuja venda foi suspensa pelo Inmetro, realizou análise química do brinquedo no Cebratec (Centro Brasileiro de Tecnologia dos Produtos Ltda), em fevereiro deste ano, e não detectou substâncias tóxicas. A empresa afirma que o brinquedo é certificado pelo Inmetro e que não há riscos.
Apesar da certificação do Inmetro, de acordo com Paulo Coscarelli, diretor substituto da Diretoria da Qualidade do instituto, quando um produto é certificado pelo órgão, não é feito nenhum teste que meça a toxidade. "Não é o Brasil que não verifica a existência de substâncias tóxicas. É o mundo que não verifica."
Coscarelli disse que esse teste passará a ser feito pelo Inmetro a partir de março de 2008. Sobre o teste feito pela empresa, o diretor diz que ele não faz parte dos requisitos do Inmetro para certificar um brinquedo. "Se ensaios foram realizados, foi de forma voluntária. Isso mostra a preocupação da empresa em fazer mais testes do que o legalmente exigido."
Mesmo sem saber se o produto que está no Brasil tem a substância tóxica GHB (ácido gama-hidroxibutírico), o Inmetro e o Ipem-SP (Instituto de Pesos e Medidas) interditaram a venda do Bindeez e recolheram amostras para a análise. Ontem, 19 lojas foram visitadas e três kits foram encontrados.
Apesar da interdição, ontem a Folha conseguiu comprar o brinquedo na loja virtual Saraiva.com por R$ 17,63. A empresa disse que não é possível retirar produtos da loja virtual imediatamente e que o produto está sendo retirado de circulação. Depois do contato feito pela reportagem com a assessoria de imprensa da empresa, o produto saiu do catálogo da loja virtual.
A Long Jump disse que pediu para retirar o brinquedo das prateleiras "por precaução", mas que eles continuam em estoque nas lojas. A importadora diz que espera autorização para vendê-lo de novo.
Segundo a empresa, o lote enviado ao Brasil é diferente do que foi vendido na Austrália, no Canadá e nos EUA, onde crianças foram intoxicadas após ingerir as bolinhas que acompanham o brinquedo.
Em nota divulgada aos consumidores por meio do site www.longjump.com.br, a empresa aconselha os pais a retirarem o brinquedo do alcance das crianças. A Long Jump disse que não soube de crianças intoxicadas no país. O número de atendimento ao cliente é 0800-7703993.
O Bindeez é um conjunto de bolinhas coloridas que formam figuras tridimensionais e que grudam umas às outras quando molhadas. Em contato com a água, uma substância presente no brinquedo resulta em outra similar ao GHB, conhecido como "ectasy líquido". Os sintomas incluem dificuldade de respirar e espasmos.
A Long Jump não informou quantas unidades do Bindeez foram importadas e quantas foram vendidas no Brasil.
Segundo a pediatra Renata Waksman, especializada em segurança da criança, a substância no brinquedo é perigosa. "O risco para a criança pequena é gigantesco. Elas são mais afetadas que os adultos." Waksman aconselha a não comprar brinquedos que contenham peças pequenas, que podem ser engolidas, para crianças com menos de três anos.
De acordo com a pediatra, dependendo da quantidade da substância presente no brinquedo, pode ser perigoso levá-lo à boca, mas que o principal risco de intoxicação decorre da ingestão da substância.


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